lundi 9 avril 2018

A correr com o vento

A correr com a ruach
Pr. Jorge Pinheiro


À guisa de introdução

רוּח

No testamento hebraico a palavra mais usada para espírito, sopro, vento é רוּחַ (ruach), conforme Bereshit 3.8 e Shemot 10.13 e 14.6, entre outros textos. No cristianismo, a ruach, pneuma em grego, vem geralmente acompanhado do adjetivo santo, hakadosh, e é a terceira prosopon da Trindade, juntamente com o Pai e o Filho. É Deus todo poderoso, entendido como uma das pessoas do Deus Triuno, que revelou seu Santo Nome YHWH ao seu povo em Israel, enviou seu Filho, eternamente gerado, Jesus para salvar o mundo do pecado e da morte … e a ruach hakadosh para santificar e dar vida à sua comunidade. O Deus Triuno se manifesta como três hypostasis de uma única ousia, que chamamos Deus.

Elias corre mais que cavalos

Elias estava correndo na chuva enquanto a noite caía. Ele tinha um longo caminho a percorrer até Jezreel, e não era mais jovem. Mesmo assim, correu sem parar, porque “a própria mão do Deus eterno” estava sobre ele. A energia que fluía pelo seu corpo sem dúvida era diferente de tudo o que já tinha sentido na vida. Afinal, ele havia acabado de ultrapassar os cavalos que puxavam a carruagem do Rei Acabe. — 1 Reis 18:46.

Uma chuva de fogo

“E, ao cumprir-se o dia de Pentecostes, encontravam-se todos reunidos no mesmo lugar. Então surgiu do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa, onde se encontravam assentados. E apareceram-lhes línguas dispersas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. E todos ficaram cheios da ruach hakadosh, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espirito lhes concedia que falassem. Já em Jerusalém habitavam judeus, homens piedosos e todos os povos debaixo do céu. Quando, então, surgiu aquele ruído, acorreu a multidão e ficou perplexa, pois cada qual os ouvia falando em seu próprio idioma. Ficaram, pois, atônitos e se admiravam, dizendo: Vede! Não são galileus todos estes, que estão falando? E como ouvimos nós, cada qual em seu próprio idioma materno: partos, medos, elamitas, os que moram na Mesopotâmia, na Judia, na Capadócia, em Ponto, na Ásia, na Frigia, na Panfília, no Egito, e nas regiões da Líbia perto de Cirene, e os romanos, que aqui residem, judeus e prosélitos, cretenses e árabes - como ouvimo-los falando em nossos idiomas os grandes feitos de Deus? Todos, porém, ficaram atônitos e desconcertados, dizendo uns aos outros: Que quer dizer isto? Outros, contudo, zombando, diziam: Estão embriagados!” Atos 2.1-13.

A ruach é paradoxal

Quando falamos que a ruach hakadosh é a espontaneidade da realidade, estamos dizendo que a ruach é paradoxal. Exemplo disso foi o derramamento da ruach no dia de Pentecostes, que se apresentou como fim e princípio. Foi o fim da aliança anterior e o surgimento de uma nova. É o fim de uma era e o início de uma nova. O que era escrito nas pedras da lei agora seria, pela ruach, escrito nos corações. As comunidades de fé deixavam de estar restritas a uma raça.

No Pentecostes, ao citar o profeta Joel (2.28-32), Pedro deixa claro: o fim começou. A compreensão de que o Pentecostes marca o tempo do fim traz para nós duas lições: a primeira, é que somos chamados à vigilância, pois o fim se abrevia. A segunda, é que devemos fazer a crítica daqueles que pensam poder apresentar os tempos e as épocas que Deus reservou para si. 

É interessante observar que Lucas (Atos 1.4) diz que os discípulos deveriam esperar o tempo da promessa em Jerusalém. Depois (Atos 2.2) fala que de repente a ruach se fez presente. Eles esperavam, mas não sabiam quando. Eles tinham certeza, mas não sabiam a hora. A ruach é a espontaneidade da realidade. Ele vem quando e da forma que não esperamos. Quem anda com a ruach aprende a estar preparado para surpresas. É certo que Ele não falha nas promessas, mas não faz como e quando esperamos.

Quando a ruach vem Ele controla a todos. Aquela hora do Pentecostes ninguém escolheu. Mas ninguém estava sem controle, porque a ruach controlava a todos. Era conforme a ruach queria. Ser cheio da ruach não é ser avião sem piloto. Ser cheio da ruach é ser conduzido por sua soberania. Eis o paradoxo de Espírito.

“Mas quem não tem a ruach de Deus não pode receber os dons que vêm da ruach e, de fato, nem mesmo pode entendê-los. Essas verdades são loucura para essa pessoa porque o sentido delas só pode ser entendido de modo espiritual”. 1Coríntios 2.14.

A ruach é missionária

A ruach é missionária. Vejam as palavras de Lucas: “Essas notícias chegaram à igreja de Jerusalém, que resolveu mandar Barnabé para Antioquia. (...) Barnabé era um homem bom, cheio da ruach e de fé. E muitos se converteram ao Senhor”. Atos 11.22 e 24.

Atos dos Apóstolos é um livro sobre a prática de missões sob o comando da ruach. Por isso, o livro de Atos é único em seu estilo no Novo Testamento, porque revela a ruach como missionária. E se a ruach é missionária, o que lemos em Atos é a consequência natural da história de uma comunidade que é formada como igreja missionária. A relação ruach/ comunidade é a chave do sucesso em Atos. 

Lucas deixa claro que a ruach é quem comanda a igreja em sua missão. A ruach é Deus soberano. Ele conduziu em triunfo a jovem comunidade cristã em sua missão de comunicar. E o mesma ruach quer hoje conduzir nossas comunidades na tarefa missionária. Afinal, é a ruach quem vocaciona, capacita e dirige os chamados para a missão.

“Naquele tempo alguns profetas foram de Jerusalém para Antioquia. Um deles, chamado Ágabo, levantou-se e, pelo poder da ruach hakadosh, anunciou: Haverá uma grande falta de alimentos no universo inteiro. Isso aconteceu quando Cláudio era o Imperador romano”. Atos 11.27-28.

Mas qual a relação entre Espírito cósmico e missão? Seguindo Irineu, um dos pais da Igreja, podemos dizer que Deus pela Palavra deu existência ao universo, e a ruach transformou o existente em cosmo, todo ordenado, com vida e sentido.

A ruach dá sentido à vida

Esse Espírito vivo deu sentido ao universo. Ele tem como propósito dar sentido à vida humana, por isso é Ele quem vai adiante: abre as portas e prepara o caminho para o sucesso da comunicação das boas novas da salvação. E o mesma ruach, além de preparar cada região, cada pedaço deste planeta, é quem transforma pessoas e povos para que se dê a expansão do Evangelho. A visão da expansão da comunicação é uma dádiva da ruach para as comunidades de fé do Senhor Jesus. Praticar esta visão, como o fez as comunidades de Atos, é entender o propósito para o qual a própria comunidade de Jesus existe.

Comunicar é semear. Por isso, Jesus disse: “Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Auxiliador, a ruach da verdade, para ficar com vocês para sempre. O mundo não pode receber esse Espírito porque não o pode ver, nem conhecer. Mas vocês o conhecem porque ele está com vocês e viverá em vocês”. João 14.16-17.

Para a comunidade de fé, a unidade só é válida na variedade: nunca na uniformidade. A aceitação das pessoas com suas diferenças e particularidades é uma condição indispensável para a saúde da comunidade cristã.








samedi 7 avril 2018

O caminho do sucesso


הצלחה
hatslarah
caminho do sucesso


Jorge Pinheiro, PhD


Consagre as obras das tuas mãos

Salmo 90 – O desafio

(1) [Oração de Moisés, homem de Deus.] Senhor, tu tens sido o nosso refúgio. (2) Antes de formares os montes e de começares a criar a terra e o Universo, tu és Deus eternamente, no passado, no presente e no futuro. (3) Tu dizes aos seres humanos que voltem a ser o que eram antes; tu fazes com que novamente virem pó. (4) Diante de ti, mil anos são como um dia, como o dia de ontem, que já passou; são como uma hora noturna que passa depressa. (5) Tu acabas com a vida das pessoas; elas não duram mais do que um sonho. São como a erva que brota de manhã, (6) que cresce e abre em flor e de tarde seca e morre. (7) Nós somos destruídos pela tua ira, e o teu furor nos deixa apavorados. (8) Tu pões as nossas maldades diante de ti e, com a tua luz, examinas os nossos pecados secretos. (9) De repente, os nossos dias são cortados pela tua ira; a nossa vida termina como um sopro. (10) Só vivemos uns setenta anos, e os mais fortes chegam aos oitenta, mas esses anos só trazem canseira e aflições. A vida passa logo, e nós desaparecemos. (11) Quem já sentiu o grande poder da tua ira? Quem conhece o medo que o teu furor produz? (12) Faze com que saibamos como são poucos os dias da nossa vida para que tenhamos um coração sábio. (13) Olha de novo para nós, ó SENHOR Deus! Até quando vai durar a tua ira? Tem compaixão dos teus servos. (14) Alimenta-nos de manhã com o teu amor, até ficarmos satisfeitos, para que cantemos e nos alegremos a vida inteira. (15) Dá-nos agora muita felicidade assim como nos deste muita tristeza no passado, naqueles anos em que tivemos aflições. (16) Que os teus servos vejam as grandes coisas que fazes! E que os nossos descendentes vejam o teu glorioso poder! (17) Derrama sobre nós as tuas bênçãos, ó Senhor, nosso Deus! Dá-nos sucesso em tudo o que fizermos; sim, dá-nos sucesso em tudo. (17) Seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus; confirma sobre nós as obras das nossas mãos, sim, confirma a obra das nossas mãos.

Consagrar as obras das nossas começa com reconhecer ...

1. A soberania de Deus


Moisés sabe que Deus é o Deus do passado, do presente e do futuro. Quem define o tempo de vida das pessoas. Mil anos para Ele é como se fosse um dia. 

O apóstolo Paulo nos diz: "tudo que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens". Colossenses 3:23

Moisés deposita sua fé em Deus. E fé é fundamental -- sem ela não há sucesso. A partir de Deus, nossa mente descobre novas formas de fazer, de resolver problemas. Isso é sabedoria, que nasce do temor diante da autoridade e soberania de Deus. E sem sabedoria não há sucesso.


Consagrar as obras das nossas mãos significa reconhecer ...

2. As limitações humanas

Moisés sabe que as pessoas são falhas. Somos dominados por desejos da carne, dos olhos e pela soberba que nos levam por caminhos errados, por ira e culpas. Devemos saber contar os dias para ter um coração sábio. 

E o apóstolo Paulo nos diz "esforcem-se para ter uma vida tranquila, cuidar dos seus próprios negócios e trabalhar com as próprias mãos, como nós os instruímos; a fim de que andem decentemente aos olhos dos que são de fora e não dependam de ninguém". 1 Tessalonicenses 4:11-12.

Moisés diz que não há sucesso quando não encaramos da forma certa o que pretendemos fazer. Devemos reconhecer nossa dependência de Deus para ir mais longe, para superar limitaçoes, medos, pois o sucesso não depende apenas da capacidade, mas da visão.


Consagrar as obras das nossas mãos implica em saber que ...

3. Deus quer o nosso sucesso

"Entrega tuas obras ao Senhor, e os teus planos serão bem-sucedidos. (Provérbios 16:3).

"Confirma a obra das nossas mãos" significa otimizar resultados. Se você descer ladeira abaixo você está em apuros, porque só existe uma maneira de ter sucesso nessa empreitada é fazendo skating. Você sabe qual é o caminho? Isso é importante, porque nenhuma estrada é um caminho fácil, mas pior ainda é quando se vai na direção contraria ao pedido de "confirme a obra das nossas mãos".


Reflexões para hoje


Moisés clama por amor, alegria e felicidade. Sabe que essas bênçãos pavimentam o caminho do sucesso, quando consagramos a Deus nossas atividades, projetos e desafios. De forma prática, Moisés pede que Deus abençoe a obra de nossas mãos. 


Mas, lembre-se: saber fazer é importante, porém mais importante são os valores que movem você, se você consagra a Deus o seu fazer, Deus está nesse negócio. Se tem a certeza que está fazendo a coisa certa e de que Deus está com você, então você está na direção certa. Começou a trilhar o caminho do sucesso, pois Deus confirmará as obras das suas mãos.

הצלחה








lundi 2 avril 2018

Paul Tillich, Paul Ricoeur et Slavoj Zizek

Paul Tillich, Paul Ricoeur et Slavoj Zizek
Penser le socialisme au 21e siècle

Jorge Pinheiro, PhD


Introduction 


Dans la pensée de Paul Tillich, politique et religion ne sont pas deux réalités séparées. Selon lui, les racines de la pensée politique ne sont pas de simples idées. La pensée politique est l'expression d'une existence politique, d'une situation sociale. On ne peut pas comprendre la pensée quand on sous-estime les réalités sociales dans lesquelles surgit la pensée politique.[1]Les racines de la pensée politique ne peuvent agir à force égale à tout moment et dans chaque groupe. L´une ou l´autre peut prédominer. Ceci dépend de groupes ou de formes de domination déterminés, des structures socio-psychologiques et de l'interaction avec la situation sociale objective[2]. 

Aussi convient-il de poser la question de savoir: jusqu´où Paul Tillich a-t-il quelque chose à dire concernant l'action humaine et sociale dans la modernité tardive occidental ? Et peut-il fournir des éléments pour une analyse du rapport politique-religion pour le monde actuel? 

Tillich et les racines du socialisme 

Dans son oeuvre “La Décision Socialiste”[3], Paul Tillich affirme son vote de confiance dans le progrès humain. Partant d'une philosophie politique où l'Être est le principal référentiel, il développe une phénoménologie qui ramène à la surface des éléments non réflexifs de la pensée politique, avec des sujets comme l'Être et l'origine mythique des discours du pouvoir.  

Rappelons ici la critique d´Ernst Bloch à Freud, quand il présente la Psychanalyse comme un retour à l'origine, dont le résultat serait la conformité aux normes sociales. De ce fait, le mythe ne serait pas transformateur. Seule l'utopie, comme « rêve éveillé », posséderait un caractère progressiste et pourrait se présenter comme revolutionnaire.

“L’esprit de l’utopie (une expression d’Ernst Bloch) est la force qui transforme la réalité. Il est le ressort dessous les grands mouvements de l’histoire: il est la tension qui tire l’homme de sa tranquillité et de ses certitudes, et le plonge dans de nouvelles incertitudes, dans une inquiétude nouvelle. L’utopie est la force du nouveau.”[4] 

Bien qu’il renvoie à Bloch au sujet de l'utopie, Tillich n'était pas aussi radical que lui. Partant du mythe, Tillich perçoit la nécessité de le rompre, tout en le traversant, pour enfin le récupérer. Dans ce sens, les symboles doivent être percés afin que l'on puisse savoir ce qu'ils évoquent. Et c'est ce qui doit se passer avec le mythe de l'origine : il ne peut pas être abandonné, mais plutôt percé. 

La question existentielle, présente dans cette philosophie politique tillichienne, conduit à une anthropologie existentielle. Elle est traversée par la religion qui est la dimension de la profondeur, le spectre de la profondeur dans la totalité de l'esprit humain. 

La métaphore de la profondeur signifie que l'aspect religieux pointe en direction de ce qui, dans la vie spirituelle de l'être humain, est l’ultime, l’infini et l’inconditionnel. Au sens large et fondamental du terme, la religion est la préoccupation ultime [ultimate concern]. Cette préoccupation se manifeste absolument dans toutes les fonctions créatives de l'esprit humain. Et la religion constitue la substance, le fondement et la profondeur de la vie spirituelle de l'être humain[5]. 

Cependant, comme l’affirmait Tillich, quand on soulève la question des racines de la pensée socialiste, il est nécessaire d´aller beaucoup plus à fond, parce que le socialisme est un mouvement d'opposition[6]bilatéral: un mouvement d'opposition contre la société bourgeoise, mais qui, en tant que médiation, se joint à la société bourgeoise contre les formes féodales et patriarcales de société.

L'origine est ce qui fait émerger. Cette apparition donne lieu à quelque chose de nouveau, qui n'existait pas auparavant, qui produit une conscience propre, différente de l'origine. La réalité que nous sommes est absolument contingente, mais c'est aussi quelque chose qui nous est propre. C'est une tension entre l´être-jeté (Verworfensein)et l´être-en-propre. 

Pour Tillich, l'origine ne nous libère pas. On ne peut pas dire qu'elle était et qu´elle n´est plus. Nous sommes constamment attirés par l'origine: celle-ci nous fait émerger, nous maintient fermes. C'est elle qui nous établit comme quelque chose, en tant qu'essence. De cette manière, l´être-jeté dans le monde suppose le cheminement vers la mort. 

Selon Tillich, la conception conservatrice admet l'apparition de l'éternel dans le temps qui repose sur le passé. C’est la raison pour laquelle elle nie tout changement, présent ou futur[7]. La force de cette conception se base sur le fait qu´elle considère l'éternel comme une réalité donnée et non pas comme résultat de l'action culturelle et religieuse de l'être humain. 

La conception conservatrice reconnaît aussi le kairos, mais elle le situe dans le passé. 

“On y dit de Jésus que son kairos n’était pas encore venu: et puis qu’à un moment ou l’autre il est venu « en kairo », à l’instant où les temps étaient dans leur plénitude. C’est seulement pour la réflexion abstraite, objective, que le temps est une forme vide, pouvant recevoir n’importe quel contenu. Mais pour celui qui vit et a conscience de ce qu’est un évènement créateur, le temps est chargé de tensions, de possibilités et d’impossibilités; il est qualitatif et riche de contenu; tout n’est pas possible en tout temps, tout n’est pas vrai en tout temps, tout n’est pas exigé à tout moment. (...) C’est dans cette vive et très profonde conscience de l’histoire que s’enracine l’idée du kairos; et c’est à partir de là qu’elle doit être élaborée en concept d’une philosophie de l‘histoire consciente. »[8]

La conception conservatrice ne considère pas le fait que s´il est apparu dans le passé comme événement unique, c’est aussi lui qui se révèle dans chaque Oui et chaque Non du passé, du présent et du futur. C’est sur une telle vision que repose la pensée politique conservatrice. En elle, le sens supra temporel du kairosest perdu.[9] 

Le mythe exprime de manière riche cet état de choses, en rendant témoignage des événements dans lesquels le groupe humain perçoit son origine. Dans tous les mythes résonne la loi cyclique de la naissance et de la mort. Tout mythe est mythe de l'origine; il répond à la question de la providence et apporte la raison pour laquelle nous sommes attachés à l'origine et nous sommes sous son emprise. La conscience mythique originelle est la racine de toute pensée politique conservatrice et romantique. 

Mais l'être humain va au-delà de sa position de réalité donnée, il va au-delà du se situer devant le cycle de la naissance et de la mort. Il fait l'expérience d'une exigence qui le sépare de l'immédiat de la vie et qui l’amène à se situer devant la providence avec une autre question: "pourquoi?" 

Cette question rompt le cycle de manière fondamentale, élève l'être humain au-dessus de la sphère du simple vivre. Le "pourquoi" est l’exigence de quelque chose qui n'est pas ici, qui doit se faire réalité. Il est au-delà de l´affirmation de ce qui est déjà. L´exigence nomme ce qui doit être. Ce qui doit être n'est pas déterminé par l’affirmation de ce qui est déjà; c’est-à-dire que telle exigence impose à l'être humain l'inconditionné. 

Telle est la liberté de l'être humain: sa volonté n´est pas libre, mais il n´est pas emprisonné, en tant qu'être humain, dans ce qui est donné. Le cycle de la naissance et de la mort a été brisé, son existence et son action ne sont pas enchaînées par la simple propagation de son origine. Quand cette conscience s’impose, les liens de l'origine sont défaits, le mythe originel est cassé. La rupture du mythe originel par l'inconditionné de l’exigence est la racine de la pensée politique libérale, démocratique et socialiste. 

Mais la conception progressiste considère l'éternel comme une cible existant à l’infini, à chaque époque, mais qui ne fait pas irruption. Ainsi, les temps deviennent vides, sans décision, sans responsabilité. Dans la conception progressiste, il y a une tension face à ce qui fut. Mais la conscience du fait que la cible est inaccessible la rend débile et produit un compromis continuel avec le passé[10]. La conception progressiste n'offre aucune option à ce qui est donné. Elle se transforme en un progrès mitigé, en critique ponctuelle dépourvue de tension, où il n’y a aucune responsabilité ultime. 

Ce progressisme mitigé est l'attitude caractéristique de la société bourgeoise. C'est un danger qui menace constamment, c'est la suppression du Non et du Oui inconditionnés, la suppression de l'annonce de la plénitude des temps. Ce progressisme mitigé est le véritable adversaire de l'esprit prophétique[11]. Mais, sans l'utopie[12], il n’y a pas de protestation, ni d’esprit prophétique. 

“Cela est exact dans la mesure où chaque tension orientée vers l’avant comporte une représentation de ce qui doit venir et de ce que l’on entend comme réalisation de l’idéal. La considération des limites objectives inhérentes à toute chose à venir reste sans effet pour l’agir lui-même et ne doit pas l’influencer. Voilà pourquoi l’esprit de l’utopie est présent dans tout agir inconditionnellement décidé, dans tout agir orienté vers la transformation du présent”.[13] 

L'utopie veut réaliser l'éternité dans le temps, mais elle oublie que l'éternel ébranle le temps et tout son contenu. C'est pour cela que l'utopie conduit nécessairement à la déception. Le progrès mitigé est le résultat de l'utopie révolutionnaire désillusionnée. 

L'idée du kairosnaît de la discussion avec l'utopie. Le kairoscomporte l'irruption de l'éternité dans le temps, le caractère absolument décisif de cet instant historique en tant que destin; mais la conscience du kairos sait qu’un état d'éternité ne peut pas exister dans le temps, que l'éternel est, dans son essence, ce qui fait irruption dans le temps sans cependant s’y fixer. 

Ainsi, la réalisation de la vision prophétique se trouve au-delà du temps, là où l'utopie disparaît, mais non pas son action[14]. 

Selon Tillich, tout changement, toute transformation exige une compréhension du moment vécu, celui qui va au-delà du simplement historique, de l’hic et nunc. Telle compréhension doit se projeter dans le futur, doit saisir qu’il y a dans l'esprit prophétique de la responsabilité inéluctable un choc entre ce kairos[15]et l'utopie, qui pense fixer l'éternité dans le temps présent. Un tel défi ne peut être résolu par l’être humain seul, même quand il personnifie l'esprit de la prophétie. Le sujet de la transformation sera, en dernière instance, la masse. 

Pour Tillich, ces deux racines de la pensée politique maintiennent entr’elles une relation qui est plus qu’une simple juxtaposition. 

Personne ne peut comprendre le socialisme sans expérimenter l’exigence de sa justice comme une demande de l'inconditionné. Qui ne s'est pas confronté au socialisme ne peut pas en parler, sinon comme l'expression de ce qui vient du dehors[16]. L’on ne peut parler vraiment de socialisme que parce qu’il s’oppose aux tendances politiques qu'ils défendent. C´est ici que se trouve le noud de l'origine. 

Mais tout système politique requiert l’autorité, pas seulement dans le sens de posséder des instruments de force, mais aussi en termes de consentement muet ou manifeste des personnes. Tel consentement est possible si et seulement si le groupe qui est au pouvoir représente une idée puissante qui ait du sens pour tous. 

“Le socialisme que nous voulons est donc celui qui pose en théorie et en pratique la question de la possibilité que la vie ait un sens pour tous les individus et tous les groupes de la société, et qui s’efforce de répondre à cette question au plan de la réalité et de la pensée. Un tel socialisme est plus qu’un simple mouvement politique, et même plus qu’un simple mouvement prolétarien. C’est un mouvement qui cherche à appréhender chaque aspect de la vie et chaque groupe de la société.”[17] 

Il y a, par conséquent, dans la sphère politique un rapport entre l'autorité et l'autonomie[18]. C´est exactement pour cela que socialisme et religion, pour Tillich, sont entrelacés et n'existent pas sans nécessiter de correction, c´est-à-dire, nécessité de la démocratie. 


Notes

[1]James Luther Adams, O conceito de era protestante segundo Paul Tillich, in Paul Tillich, A Era Protestante, São Bernardo do Campo, Ciências da Religião, 1992, p. 293. 
[2]Paul Tillich, Teologia sistemática, São Leopoldo, São Paulo, Sinodal, Paulinas, 1984, p. 173. 
[3]Paul Tillich, Die sozialistische Entscheidung, Potsdam 1933, Gesammelte Werke, II, pp. 219-365.
[4]Paul Tillich, L’Homme et l’État, in Christianisme et Socialisme, Écrits socialistes allemands (1919-1931), Paris, Genève, Québec, Les Éditions du Cerf, Éditions Labor et Fides, Les Presses de l’Université Laval, 1992, p. 474-475. 
[5]Paul Tillich, La dimensión religiosa en la vida espiritual del hombre. In: Teologia de la cultura y otros ensayos, Buenos Aires, Amorrortu Editores, 1974, pp. 16-17. En anglais, In: Man’s right to knowledge, Columbia University Press, 1954. 
[6]Die sozialistische Entscheidung, op.cit.
[7]Paul Tillich, Kairós II, in : Christianisme et Socialisme, Écrits socialistes allemands (1919-1931), Les Éditions du Cerf, Éditions Labor et Fides, Les Presses de l’Université Laval, 1992, pp. 255-267, traduction en français du original Kairós. Zur Geisteslage und Geisteswendung, 1926, Gesammelte Werke VI, pp. 29-41.
[8]Paul Tillich, Kairos I, in Christianisme et socialisme, Écrits socialistes allemands (1919-1931), Paris, Genève, Québec, Les Éditions du Cerf, Éditions Labor et Fides, Les Presses de l’Université Laval, 1992, pp. 116-117. 
[9]Idem, op.cit., p. 260.
[10]Idem, op.cit., p. 260.
[11]Idem, op.cit., p. 260.
[12]«Il serait bien préférable et plus conforme à la vérité de son prope point de vue que la théologie dialectique s’engage dans la situation historique concrète, qu’elle ait le courage de la décision et qu’elle se place ainsi sous le jugement, de manière concrète et non suelement dialectique. En aucun temps, elle n’aurait alors à oublier qu’eu égard à l’inconditionné, même le point le plus élevé qu’il soit possible d’atteindre dans le temps reste soumis ao Non. Mais elle ne devrait pas, par peur du Non, perdre l’audace du Non et du Oui concrets». [Kairós II, idem, op.cit., p. 259]. 
[13]Kairós II, idem, op.cit., p. 260.
[14]Idem, op. cit., p.261.
[15]“Le kairos est le temps où s’accomplit ce qui est absolument significatif, il est le temp du destin. Considérer une époque comme un kairos, considérer ce temps comme celui d’une décision inévitable, d’une responsabilité inéluctable, c’est le considérer dans l’esprit de la prophétie». [Kairós II, idem, op. cit., p. 259].
[16]Paul Tillich, Die sozialistische Entscheidung, Op.cit. p.31.
[17]Paul Tillich, Le Socialisme, Christianisme et Socialisme, Écrits socialistes allemands (1919-1931), Les Éditions du Cerf, Éditions Labor et Fides, Les Presses de l’Université Laval, 1992, p. 346.
[18]Paul Tillich, Entre la heteronomia y la autonomia, in: Teologia de la cultura y otros ensayos, Buenos Aires, Amorrortu Editores, 1974, pp. 239-240.





vendredi 9 mars 2018

Kadish

Neste último livro, Kadish, vida, morte e reino, Jorge Pinheiro pensa a relação entre existência e eternidade. Mas faz isso a partir do dia-a-dia da própria existência. Sabemos que nosso autor viveu uma vida de tal intensidade e força, que muitos gostariam de ter tido a oportunidade de fazê-lo também. Assim, embora o texto seja prosa, mas tenha também poesia e teatro, ele é biográfico. Mas isso o leitor deverá descobrir, porque ele escreve de um futuro próximo, e nesse sentido faz ficção que cobre o presente e o passado.

Escreve rompendo as linhas do tempo, mas também do espaço, combinando lugares e experiências. 

Estamos diante de um texto profundamente teológico que apresenta novas leituras, nem sempre ortodoxas, sobre temas milenares. Diante disso, só podemos desejar a você leitor, uma boa leitura. 

Yoffe Shemtov







mardi 6 mars 2018

73, algumas imagens e um pouco de aritmética


Assim diz IHVH rei de Israel e seu redentor IHVH Sabaot Eu o primeiro Eu o último fora de mim não há elohim”. Ieshayahu 44.6.


IHVH, o tetragrama, τετραγράμματον, é o teônimo hebraico יהוה, transliterado em letras latinas, é o primeiro, e 73 remete a uma imagem, porque o dom da luz para a vida é a chanucá ou hanucá, חנכה ḥănukkāh ou חנוכה ḥănūkkāh, é o festival das luzes, que nos fala de dedicação e inauguração. A cada vez que retiramos uma hanucá de 73 temos uma dezena, 64, 55, 46, 37, 28, 19, até chegar à primeira dezena. Ora, o dom da hanucá é 9. Ou seja, se dá dezena tirarmos o dom das luzes teremos o início, bereshit, בראשית, a primeira palavra do texto da torá, תּוֹרָה, instrução, os cinco primeiros livros do Tanakh, hamishá humshêi torá, חמשה חומשי תורה, as cinco partes da torá), porque “Elohim diz uma luz será e uma luz é.” 

Números, números. Segundo Pitágoras, o universo é regido por relações matemáticas e a partir daí continuamos nossa viagem, na construção de imagens : 73 é o 21º número primo. Ele forma com o precedente, 71, um par de primos gêmeos. Na sua forma decimal, um número primo permutável, uma vez que uma permutação dá 37 que também é primo. A sua permutação 37 é um número hexagonal centrado, 37 é também o 12º número primo que é a permutação de 21, 21 é o produto de 7 e 3. 

O binário de 21 é 10101 que é palíndromo – que se lê igual da frente para trás -- em binário, um número palíndromo primo: 1001001 que também tem a característica de ser um número de 7 bits, incluindo três 1. Na base 8, um número uniforme: 111, um número estrelado. O número primo menor que é a soma de três cubos diferentes: 73 = 64 + 8 + 1; 73 tomado na forma 7 para o cubo dão 343, 3 + 4 e 3, 73 assim também. Qualquer número inteiro positivo pode ser expresso como a soma de no máximo 73 sextos plenos. 

O início, a cabeça, bereshit nos leva à declaração de IHVH, Eu o primeiro, Eu o último. IHVH é o fundamento, é o Eterno. Por isso, 73 traduz a imagem daquele que foi completado, onde as partes interagem, onde o que está fora encontra equilíbrio, mas onde a autonomia se preserva.

“Entenda Iaacob Israel chamado Eu ele Eu o primeiro o último também”. Ieshayahu 48.12.

Jorge Pinheiro
Montpellier, 5 de março de 2018.



















dimanche 4 mars 2018

Entregue o bandido

A Páscoa, celebração da ressurreição, se aproxima, 
vamos nos preparar para ela?

Entregue o bandido e viva o Cristo


Em relação à vida cristã, o apóstolo Paulo diz que há três tipos de pessoas: 

(1) A natural, que não tem o Espírito como senhor da vida: “Mas quem não tem o Espírito de Deus não pode receber os dons que vêm do Espírito e, de fato, nem mesmo pode entendê-los. Essas verdades são loucura para essa pessoa porque o sentido delas só pode ser entendido de modo espiritual”. (1Coríntios 2.14).

(2) A espiritual, que tem o Espírito como senhor e procura pensar a vida como Jesus haveria de pensar: “A pessoa que tem o Espírito Santo pode julgar o valor de todas as coisas, porém ela mesma não pode ser julgada por ninguém. Como dizem as Escrituras Sagradas: 'Quem pode conhecer a mente do Senhor? Quem é capaz de lhe dar conselhos?' Mas nós pensamos como Cristo pensa”. (1Coríntios 2.15-16).

(3) E a carnal, que tem a fé e o ensino, mas confia em seus próprios esforços para viver a vida: "Na verdade, irmãos, eu não pude falar com vocês como costumo fazer com as pessoas que têm o Espírito de Deus. Tive de falar com vocês como se vocês fossem pessoas do mundo, como se fossem crianças na fé cristã. Tive de alimentá-los com leite e não com comida forte, pois vocês não estavam prontos para isso. E ainda não estão prontos, porque vivem como se fossem pessoas deste mundo. Quando existem ciumeiras e brigas entre vocês, será que isso não prova que vocês são pessoas deste mundo e fazem o que todos fazem?” (1 Coríntios 3:1-3)

E leia este trecho 

Filipenses 2.1-11. “Por estarem unidos com Cristo, vocês são fortes, o amor dele os anima, e vocês participam do Espírito de Deus. E também são bondosos e misericordiosos uns com os outros. Então peço que me dêem a grande satisfação de viverem em harmonia, tendo um mesmo amor e sendo unidos de alma e mente. Então peço que me dêem a grande satisfação de viverem em harmonia, tendo um mesmo amor e sendo unidos de alma e mente. Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros. Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha: Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano, ele foi humilde e obedeceu a Deus até a morte — morte de cruz. Por isso, Deus deu a Jesus a mais alta honra e pôs nele o nome que é o mais importante de todos os nomes, para que, em homenagem ao nome de Jesus, todas as criaturas no céu, na terra e no mundo dos mortos, caiam de joelhos e declarem abertamente que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus, o Pai”.

O amor cristão

É preciso coragem para ir à luta, como as Escrituras Sagradas nos desafiam. E a principal dessas lutas, diz respeito ao nosso caráter. Por isso, fazer aos outros aquilo que nós desejamos que nos façam, é a melhor definição de amor. Isso quer dizer que devemos considerar as pessoas da nossa família, os amigos, mas também aqueles de quem discordamos tão importantes quanto nós. Significa aprender a respeitar as pessoas e entender que não estão aqui por acaso. Esse é o amor que Jesus ensinou.

O jeito de Deus para completar a sua transformação em nossa vida é a obra do Espírito Santo. Caso você tenha aceitado Jesus como Senhor da sua vida, uma das primeiras coisas que o Pai fará é introduzir o Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, na sua vida.

Através do Espírito Santo, Ele vai realizar um processo de transformação, trabalhando todos os dias para mudar seu caráter, na sua forma de agir e reagir espiritualmente. O Espírito Santo se dedicará a edificar a sua vida através do amor. Mas você deve cooperar com Ele.

Como você tem experimentado a presença e o poder transformador do Espírito Santo
na sua vida?
Medite sobre uma situação em que você não cooperou como devia com o Espírito Santo e quais foram as conseqüências. 

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Seja forte Salmos 31.24

Terça-feira O sofrimento vai passar Jó 11.16-19

Quarta-feira Deus refaz a vida Salmos 138.7

Quinta-feira Entrega o problema a Deus Salmos 55.22

Sexta-feira Não se desespere João 14.1

Sábado Deus quer p/ você Jeremias 29.11

Texto para reflexão

Fomos chamados à liberdade. O que significa isso? Bem, talvez falar de corvos, gaviões e passarinhos ajude...

ENTREGUE O BANDIDO

Em 1965, Pier Paolo Pasolini, um dos gênios do cinema italiano, filmou “Gaviões e passarinhos”, história que é uma metáfora sobre a liberdade. Numa estrada vazia, um senhor e seu filho encontram um corvo que fala. O corvo os transforma em dois monges franciscanos e eles são obrigados a pregar para gaviões e passarinhos. O próprio Pasolini diria:

"Nunca criei um filme tão desarmado, frágil e delicado como esse. Ele não se parece com meus filmes anteriores e não se parece com nenhum outro filme... Seu surrealismo tem pouco a ver com o surrealismo histórico, mas fundamentalmente com o surrealismo das fábulas".

O filme é uma parábola sobre a crise existencial, representada pelo corvo. Pai e filho representam as pessoas inocentes que não sabem como enfrentar as falsidades do mundo. A liberdade tem um custo. O custo de enfrentar as limitações de nosso caráter, em primeiro lugar. E é sobre isso que vamos falar: entregue o bandido, agora!

Jesus disse que deveríamos apresentar nossas necessidades ao Pai, em nome dele (João 14.13), e que ele, Jesus, nos responderia para que o Pai fosse glorificado no Filho. A idéia do texto é que devemos apresentar, entregar a Deus nossas necessidades. É como se disséssemos: “Senhor, olha a minha situação, quero lhe entregar este problema, fica com ele, com o problema, a dor, e supre minha necessidade”.

Aprendi com um amigo pastor, que muitas vezes devemos entregar nossas dificuldades de caráter a Deus, como o xerife leva o bandido para a cadeia. “Deus, eis aqui o meu pecado, ele é um bandido na minha vida, eu não quero mais ele comigo. Coloca ele não cadeia”. E Jesus agarra a limitação do seu caráter e prende. E você sai de diante de Deus, em paz, sem nenhum pecado bandido para infernizar a sua vida.

Nesse sentido, como disse o sábio, há tempo para tudo. E você deve definir os tempos de sua liberdade. Isso significa, em primeiro lugar, dizer que a partir de agora, desse momento, você não quer mais conviver com essa falha do seu caráter.

Muitas pessoas sofrem e oram a Deus para que as liberte de uma dependência, de uma alienação, mas não entregam o bandido ou, como diziam os jovens da FEBEM, “não soltamos o refém”. Você tem que soltar o refém.

Ao fazer isso, você não está exigindo nada de Deus. Você não está mandando em Deus. Ao contrário, você está fazendo exatamente aquilo que Ele deseja. Quando você entrega a Deus o seu problema, o seu vício, o seu pecado, você não sai vazio da presença de Deus. Como o herói de um filme de bang bang que capturou o bandido procurado e o entregou ao xerife, você, pela graça, recebe uma recompensa espetacular: o fruto do Espírito. Cada bandido procurado e entregue, você pode trocar por um gomo do fruto do Espírito. Você entrega o bandido do ódio e sai com o amor, você entrega a bandida da ira e sai com a paz no coração.

Agora você sabe que tem uma tarefa pela frente, fixar os tempos da sua liberdade. Prepare-se: esta é a semana em que você está desafiado a entregar algum bandido que inferniza a sua vida vida -- o ódio ou um de seus cúmplices: antipatia, aversão, enfado, nojo, raiva, repugnância. Lembre-se, nessa tarefa o Espírito Santo é seu aliado, ele vai lhe dar coragem e força, vai lhe animar para você cumprir a missão. Vá em frente, você pode!

Por isso, como na parábola de Pasolini, somos chamados a pregar para gaviões e passarinhos. Somos livres em Cristo: chamados a viver no Espírito o desafio incondicional de realizar a verdade e fazer o bem.