la croix huguenote*
Convergence pour l´appui et le développement
des églises françaises et brésiliennes
Convergência para o apoio e o desenvolvimento de igrejas
francesas e brasileiras
Os missionários da Cruz Huguenote não estão trabalhando em vão.
Leiam a reportagem e, se puderem, colaborem!
Igrejas evangélicas ganham terreno na França em tempos de crise econômica. A cada dez dias uma nova igreja evangélica abre as portas no país europeu.
Reportagem de Luiza Duarte/Opera Mundi.
Ao som de bateria e teclado, quatro
cantores dão o tom do culto na igreja, enquanto são acompanhados fervorosamente
por fiéis que, com os braços erguidos, dançam e repetem as letras mostradas em
um telão. Logo acima, os escritos “Dieu est Amour”. A cena, comum para a
maioria dos brasileiros, é novidade na França, que viu a fé neopentecostal
crescer nos últimos anos, impulsionada pela crise econômica.
Na França, a cada dez dias uma nova igreja evangélica abre as portas, de acordo com dados do CNEF (Conselho Nacional dos Evangélicos da França). Essa é a corrente religiosa que mais se expande no país e a com o maior número de praticantes.
“A primeira razão é simplesmente a necessidade de esperança”, opina Sébastien Fath, sociólogo das religiões especializado no protestantismo e autor de Do gueto à rede – O protestantismo evangélico na França e do recém lançado Nova França Protestante – Desenvolvimento e crescimento no século XXI.
André Filipe de Farias Sass
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“O contexto de crise, que atinge a sociedade
francesa, tem por consequência um certo número de patologias sociais, como a
solidão. O Estado não pode fazer tudo, as prestações sociais e capacidades de
intervenção são em geral fragilizadas, pois há menos dinheiro público. A igreja
evangélica responde às necessidade que o Estado não se encarrega mais”, avalia
o sociólogo, que enfatiza o caráter otimista do discurso evangélico, em um país
onde o pessimismo é grande.
Embora o sociólogo defenda que haja fiéis também nas classes mais favorecidas, ele admite que a religião vem atraindo proporcionalmente mais jovens e imigrantes, principalmente chineses, coreanos e originários das antigas colônias francesas na África. Em dezembro, 24,2 % dos jovens estavam desempregados.
“Muitos franceses estão desencorajados diante da crise e da globalização. Há uma certa depressão e uma necessidade de perspectiva,” diz Fath. Já para Étienne L’Hermenault, batista e presidente do CNEF, órgão criado há menos de dois anos, o sucesso das igrejas evangélicas é reflexo de uma sede por religiosidade. “A crise não é simplesmente financeira, mas também moral. Há um cansaço, de uma sociedade que perdeu muitas referências e que busca valores”, argumenta.
Fath defende
que o retorno da religiosidade está ligado à crise do discurso político. “Os franceses estão decepcionados com a política. O país que, durante muito tempo
exportou pensamento político, se desencantou com as soluções políticas, há 15
ou 20 anos atrás”, avalia.
Culto na Église Réformée de Belleville, em Paris.
A cada vez mais franceses abraçam a fé protestante
Conversão
Longe do anonimato das ruas, nas manhãs de domingo na entrada da Église Réformée de Belleville a recepção é calorosa e personalizada. “É a proximidade entre nós, os pastores, e nossos fiéis que faz a força do movimento evangélico”, afirma Amos Ngoua Mouri, pastor da Communauté Évangélique la Bonne Nouvelle, no norte de Paris.
Longe do anonimato das ruas, nas manhãs de domingo na entrada da Église Réformée de Belleville a recepção é calorosa e personalizada. “É a proximidade entre nós, os pastores, e nossos fiéis que faz a força do movimento evangélico”, afirma Amos Ngoua Mouri, pastor da Communauté Évangélique la Bonne Nouvelle, no norte de Paris.
Mais da metade dos evangélicos franceses tinha outra religião. “Essas igrejas se apresentam de uma maneira adaptada às formas de comunicação contemporânea, enquanto as tradicionais utilizam ainda modelos históricos e ultrapassados. As evangélicas recrutam”, explica Frédéric Rognon, professor de filosofia das religiões na Faculdade de Teologia Protestante de Estrasburgo, na França.
Reportagem de Luiza
Duarte/Opera Mundi
L’Hermenault, também presidente da
Faculdade Livre de Teologia Evangélica de Vaux sur Seine, principal instituição
para a formação de novos pastores franceses, anuncia que o objetivo é alcançar
a meta de uma igreja para cada 10 mil habitantes, ao invés dos atuais uma para
cada 30mil.
Ao todo, são 2308 igrejas em território francês, que abrigam o ainda discreto número de 600 mil evangélicos. Desde 1950, eles são nove vezes mais numerosos, em um país onde apenas 5% da população se declara praticante de alguma religião.
Fé pública, questão privada
Na igreja evangélica Paris Bastille é possível ver os vídeos do último culto no iPhone e acompanhar o blog do pastor. Outros atrativos são as visitas em casa, os grupos de estudo e as atividades de inserção específicas para jovens, crianças, mães, casais ou idosos. À vontade com a revolução digital, para Fath, esse estilo litúrgico é mais adaptado à cultura dos jovens que a tradicional missa católica.
“O lado da expressão pública da fé dos evangélicos, quase publicitário, choca numa cultura francesa que relega a religião ao domínio privado”, afirma, garantindo que as coisas estão mudando no país da laicidade. O pastor camaronês Mouri confirma que o movimento evangélico é mais reconhecido no espaço público, embora ainda seja uma minoria.
A presença dos mulçumanos teria sido a primeira abertura para a naturalização da expressão religiosa em lugares públicos. “Há um retorno da visibilidade da fé mesmo entre os católicos. A procissão do 15 de agosto em Paris pela 'Ascenção da Virgem' é um dos exemplos disso. Algo que não poderíamos imaginar, há 20 anos atrás”, cita.
Pastores brasileiros têm cruzado o oceano para conquistar essa nova terra. “Nós sabemos que hoje a rede evangélica é transnacional. Há uma presença brasileira de protestantes na França. A Igreja Universal do Reino de Deus foi fundada em Paris já há alguns anos e também outras igrejas neopentecostais”, afirma mesmo sem poder contabilizar esse fluxo.
“Não é comparável com a ligação que existe com a América do Norte, mas isso deve se desenvolver”, dizem. Para eles, missionários latinos têm boa reputação entre os franceses, além de brasileiros, pastores espanhóis e portugueses também são populares, como Nuno Pedro, português que faz cultos para oito mil pessoas todos os domingos na megachurch Charisma, em Saint-Denis, periferia de Paris.
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C/C: 14.336-7
*A cruz huguenote foi criada em 1688 por um ourives da cidade de Nîmes. Passou a ser referência da fé reformada durante as perseguições dos séculos XVII e XVIII. Hoje é um símbolo do protestantismo francês. Os elementos presentes na cruz têm um claro significado espiritual, onde a pomba representa o Espírito Santo, expressão da relação do cristão com o Deus Eterno.
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