O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger (2006)
O BOM NOME DO PRÓXIMO
Dedico
estas reflexões às minhas irmãs e irmãos, filhas e filhos, sobrinhas e sobrinhos,
primas e
primos, à minha neta Mariana e, também, a todas as amigas e amigos
“Não dê
testemunho falso contra ninguém”. Êxodo 20.16
A expressão “próximo”
inclui todos os humanos. A difamação do caráter de alguém foi proibida na lei
mosaica, não apenas formalmente, no tribunal, mas por qualquer declaração
falsa.
Em
Deuteronômio 5.20 temos a repetição do mesmo ensino (“não levante falso testemunho
contra ninguém“)
na renovação da aliança do Eterno com o povo hebreu que deixava o Egito.
Este ensino mostra
que a respeitabilidade do nome, ou seja, sua santidade, entendida santidade como
aquilo que é separado para a uma função nobre, tem uma dimensão apofática, negação de todo afastamento daquilo que é humano e da vontade do Eterno, que é a de que não
falseemos a verdade em nossas afirmações, conforme Deuteronômio 13.12-15.
“Quando vocês estiverem morando nas cidades da terra que o
Eterno, nosso Deus, vai lhes dar, talvez vocês ouçam dizer que em certa cidade
alguns homens perversos levaram os moradores a adorar deuses que vocês nunca
adoraram. Aí vocês deverão examinar o caso com todo o cuidado. Se ficar
provado que, de fato, foi cometido um crime tão grave no meio do povo de
Israel, então vocês deverão matar à espada todos os moradores daquela cidade.
Matem também os animais e arrasem a cidade”.
Sejamos justos nos nossos juízos, conforme Deuteronômio 17.8-11.
“Pode acontecer que numa cidade apareça um caso tão difícil,
que o juiz do lugar não possa resolvê-lo. Pode ser um caso de assassinato, ou
questão de propriedade, ou caso de violência, ou outra questão qualquer. Quando
isso acontecer, vão até o lugar escolhido por Deus, o Eterno, para nele ser
adorado e apresentem o caso aos sacerdotes levitas e ao juiz que estiver
resolvendo as questões naquele tempo. Eles julgarão o caso e darão a sua
decisão. Vocês farão tudo o que eles mandarem, obedecendo a todas as suas instruções. Aceitem a decisão deles, sigam
as suas instruções e cumpram rigorosamente as ordens que eles derem”.
E
o homem de Nazaré nos ensinou em Mateus 18.15-16 como devemos proceder diante
de um pessoa que errou contra nós.
“Se o seu irmão errar contra você, vá e
mostre-lhe a falha. Mas faça isso em particular, só entre vocês dois. Se essa
pessoa ouvir o seu conselho, então você ganhou de volta o seu irmão. Mas, se
não ouvir, leve com você uma ou duas testemunhas, para fazer o que mandam as
Escrituras sagradas. Elas dizem: Qualquer acusação precisa ser confirmada pela
palavra de pelo menos duas testemunhas”.
Assim, a
dimensão catafática, positiva e simbólica, que possibilita o encontro com a vida,
com o próximo e com o Eterno, é a verdade, conforme nos ensina o nazareno em seu
diálogo com Pôncio Pilatos, relatado em João 18.37
“Então você é rei? - perguntou Pilatos. -- É o senhor quem
está dizendo que eu sou rei! -- respondeu Jesus. -- Foi para falar da
verdade que eu nasci e vim ao mundo. Quem está do lado da verdade ouve a minha
voz”.
Aqui está a
chave para a compreensão do ensino do respeito ao nome do próximo. Quando temos
compromisso com Aquele que encarnou a verdade, a respeitabilidade do nome do
próximo faz parte da nossa vida.
Um ano de
vitórias para todas e todos. Do pai, irmão, tio, primo, avô e amigo, Jorge Pinheiro.