lundi 14 mars 2016
mardi 8 mars 2016
Imago Dei
Imago Dei
O lançamento acontece nesta segunda-feira.
Dia 14 de março, às 18 horas na Faculdade
Teológica Batista de São Paulo.
lundi 7 mars 2016
Uma leitura singela da ceia do Pessach
A ceia pascal de 14 nissan
Uma leitura singela da ceia do Pessach
Durante a ceia judaica da páscoa, Jesus disse fazei isto para se lembrarem de mim. A celebração da Páscoa judaica, para nós cristãos, passou a ser o aniversário da crucificação de Jesus. O pão partido durante a ceia é o seu corpo. E o vinho no cálice é a benção do resgate através de seu sangue. Fazer isso, partir o pão, comer a ceia de Páscoa, e beber o vinho do cálice, simboliza a redenção da nova aliança. E devemos celebrar essa ceia em memória dele. Portanto, é necessário lembrar, que a centralidade dessa ceia pascal é a morte do Messias.
A ordem do serviço da Páscoa judaica começa com uma oração, a bênção do cálice de vinho. E o cálice circula entre os convivas. Em seguida são servidas ervas amargas em água salgada. O chefe da família, que lidera este momento da ceia, apresenta um pão sem fermento, o parte e, em seguida, coloca um pedaço de lado. O participante mais jovem pergunta o que torna essa noite diferente de todas as outras noites? A resposta é dada pela história da primeira Páscoa. Canta-se os Salmos 113 e 114 antes de encher o segundo cálice de vinho.
Antes da refeição, os convivas lavam suas mãos. A ceia começa com bocados de ervas mergulhados em um molho. E há um momento especial, quando um cordeiro assado é repartido entre os comensais. A ceia termina com o canto dos salmos 115 a 118 e do salmo 136, quando se bebe a última taça de vinho.
O memorial da última ceia do Messias, simbolicamente, traz à cena a ceia do Pessach, que prefigura em certa medida as idéias de aliança e redenção. Mas o Pessach judaico nos fala de libertação da escravidão no Egito, da libertação de um reino de opressão e o caminhar em direção à terra prometida. Aponta para o passado e situa todo o acontecimento num espaço geográfico definido. É uma lição para as novas gerações.
A páscoa do Senhor toma os símbolos do Pessach e aponta para o futuro. É, sobretudo, não espacial e não temporal, e aponta para o sacrifício vicário do Senhor Jesus, para a nova aliança feita em cima de seu sangue derramado e para a promessa de sua volta, quando o Senhor instalará um novo Reino de alegria, justiça e paz, eternas. É uma páscoa que nasce nos corações e se projeta na eternidade.
Do pastor e amigo Jorge Pinheiro.
Você vai explodir
Você vai explodir!
Eis a potência termonuclear, poderosa e sutil, difícil de imaginar quando olhamos na materialidade do cotidiano. Mas ao detonar, a passagem se faz. É a páscoa de cada um, de todos nós. É travessia com potência não antes imaginada, mas que os humanos através de suas estórias relatam de formas diferentes.
É a passagem que o mestre de Nazaré relatou no seu último jantar com os amigos chegados. Ele sabia da explosão, da concentração que se expande em calor e luz, projetada no caminhar da existência, a iluminar os seus amigos e depois com energia todos que no correr da estória, e mais do que depois, se debruçassem sobre o eu sou o que sou, e num sussurro quase inaudível murmurassem quero a carne vicária, a aliança nova, que é eterna.
A travessia é momento único porque é o derramar da existência na eternidade. É momento de glória, que parece triste porque os olhos da materialidade sentem a explosão mas veem apenas o estar. Para isso somos potência termonuclear, para ir longe, mais além do que parece. É o ir destinado a todos, mas é ir especial para aqueles que atravessaram a existência com fome de eternidade. Por isso é pão e vinho. É alegria, é festa, porque rompe grilhões, escravidão, e abre o voo para o espaço prometido, para além do tempo, para o sem tempo sem fim.
O que era fermento, o que inchava de ar, numa alquimia supérflua do ego, está fora. Temos concentração que se faz expansão, força e luz. E é isso que celebramos no 14 nissan, para além das terras, sejam elas prometidas ou não, para além da busca de explicações com cores, dizeres e fazeres religiosos.
O momento da explosão é banquete e o mestre de Nazaré ensinou isso. É momento vicário, onde carne é pão, onde sangue é vinho, onde existência é eternidade. O momento da explosão é aliança nova, não vivida antes, onde há comunhão entre o aqui e o mais além, entre o agora e o depois eterno. É chegada porque é encontro, porque se chega indo, ternamente, nesse abrir os braços que nasce da explosão termonuclear que somos, projetados em cores, energia e luz pelo eterno a dentro.
Esse é o momento da passagem, é minha, é sua, é páscoa humana. E diante dela, dizeres e fazeres religiosos repousam no passado, ficam fora do eterno. E nesse sentido somos libertos, projetados na eternidade, para a celebração eterna da vida. E isso é a páscoa de cada um, é a páscoa de todos. É a explosão da vitrine, que aqui chamamos concentração termonuclear de cada um.
Para isso somos, para explodir em cores, energia e luz em direção ao espaço sem fim, ao eterno que se abre a partir do momento em que os olhos se fecham, para que todo o meu ser possa ver.
[Pequena meditação nesta manhã de sete de março de dois mil e dezesseis depois do nascer do mestre de Nazaré, por Jorge Pinheiro].
samedi 27 février 2016
Big Bad Baptist Imperial Stout
Big Bad Baptist
This beer is really about wanting more and finding ways to push the limits of flavor and intensity. Novo Coffee was kind enough to roast a special blend for us that is bold, rich, dark, and a little over the top. It stands out in front of cocoa nibs and whiskey and is only kept in check by the intensity of the malt. If it is too coffee forward for your liking, it will mellow nicely with a few months of cellaring.
samedi 20 février 2016
Religião, uma construção maior do viver humano (II)
Religião, uma construção maior do viver humano (II)
Jorge Pinheiro, PhD
“O meu povo
sofre por falta de entendimento”. Profeta Oséias.
O Brasil é um país engraçado. Talvez único, ou um
dos poucos do mundo ocidental, tão religioso, supersticioso, mas de espiritualidade
profundamente materialista. É crente e evangélico na proporção dos milhões, e
essa fé crente evangélica segue os padrões do país, supersticiosa, mas com
espiritualidade materialista.
Vamos pensar um pouco esta questão. O
protestantismo já existe no Brasil há cerca de cento e cinquenta anos. Era uma
religião dos letrados com influência direta do pensamento anglo-saxão. A
própria elite os ouvia, com curiosidade, com ponta de inveja porque
representava a modernidade que o país carecia, mas isso ficava por aí. Afinal,
não era coisa brasileira, e nem se adaptava à índole brasileira.
Mas o tempo passou, surgiu uma versão mais plástica
chamada evangelismo, e o boom
midiático dos anos 50 em diante fez o resto. Surgiu uma fé que fica sem dizer
de onde veio, que se misturou alegremente com as variantes mais diferentes
dessa índole brasileira. E cresceu, cresceu e virou algo que nenhum protestante
jamais imaginara: uma mistura de fé e culturas afros, de fé e culturas
brasilíndias e muito, mas muito mesmo da religiosidade e superstição
brasileiras. Ah! já ia me esquecendo, ficou algo que lembra ainda um
protestantismo esmaecido.
Bem, o tal protestantismo que falamos no início era
Iluminista, letrado, de gente que fazia perguntas, mas sabia que não tinha
necessariamente as respostas. E se estudava para isso. Um pastor era um sujeito
que estava a par das modernidades dos centros do mundo. Sabia das coisas e
deixava sua paróquia boquiaberta com seus sermões.
Mas na ciranda do crescimento do evangelismo, e das pressões midiáticas, o importante era conhecer as quatro leis espirituais – que não vou explicar aqui – e falar muito, sobre tudo, mesmo que este falar não tivesse lá nem pé, nem cabeça. E o evangelismo crente virou a segunda maior religião brasileira. Não de letrados, de fazer a elite babar de inveja, mas dos milhões que estavam à margem, sem documentos, letras e posses.
Conforme dados do IBGE, os evangélicos passaram de 17% da população brasileira em 2000 para 22,3% em 2012.
Lógico, se é fenômeno de milhões, a elite não ia deixar isso passar batido. Afinal essa gente vota. E alguns milhares, da elite gorda, aderiram a fé, afinal só é necessário aprender algumas frases chaves, se possível que citem Jesus. E a partir daí uma porta se abre, é mais um irmão ou irmã que necessita de nosso apoio para mudar o Brasil.
Um cadinho de raio de Sol
Fantástico, um país com milhões de crentes, gente
religiosa, supersticiosa, que vive a invocar forças poderosas e fazer milagres
estranhos. Mas é isso. E talvez você, assim, como eu, estamos no meio disso. Um
pouco boquiabertos, é claro.
jeudi 18 février 2016
Imago Dei, posfácio do livro
Ele está saindo. Prepare-se para adquirir o seu exemplar! JP.
Num barco de madeira a navegar oceanos
Jorge Pinheiro e Yoffe Shemtov
Sei, queridos leitores e leitoras, que vocês não estão muito acostumados com posfácios. E eles na verdade não são muito necessários, mas neste posfácio quero apresentar meu heterônimo Yoffe Shemtov. Ele cuida de leituras e pensares do meu judaísmo... Vou deixar que ele fale e você vai entender o porquê.
Leitor de Pinheiro, a partir da tradição sefardita, eu, Yoffe Shemtov, vejo um homem que constrói barcos de madeira para navegar oceanos. Lembra pescadores da Polinésia. E solitariamente, sentado na proa, com uma lanterna acessa no outro lado, parte sem rumo, ou melhor, num rumo que só ele crê conhecer. E dias depois, quando já em terra, as gentes ousam perguntar-lhe o que busca, Pinheiro responde: meu destino. É por isso que quando volta ao barco, todos nós, seus leitores, gritamos: Continue navegando!
Pinheiro, a navegar com pensadores como Paul Tillich, Slavoj Zizek e Giacomo Marramao, em momentos de conversa liberta de razões, à maneira mineira, diz que para garimpeiros da ontologia e navegantes do destino, duas coisas devemos saber acerca do Eterno criador: Ele é o ser real, a substância absoluta; é a forma mais-que-perfeita.
É desta leitura que Pinheiro parte. E isso se deve ao seu judaísmo-tardio, aquele judaísmo que dialoga com a sofia grega, que traduz a universalidade judaica, que vê o Eterno como substância absoluta. Mas também parte do ser protestante-novo, que rechaça o contra-semitismo tão forte a partir de Agostinho de Hipona de católicos medievos e protestantes quase modernos... E ele olha o Eterno como a forma mais-que-perfeita. Para Pinheiro, o berit é comunicação da substância divina; mas ser protestante-novo é caminhar na graça com a pessoalidade divina. Nessa leitura, Pinheiro vive a aliança do movimento das massas hebréias e uma mística suprapessoal, que faz parte da história e tradições dos povos hebreus. Mas como protestante-novo considera que foi beneficiado com a emergência de pessoalidades e comunidades em seus caminhares com a messianidade.
Assim, para Pinheiro, a história traduz um elemento fundamental: a aspiração que vai além da racionalidade presente nas formas, que vibra nos corações judeus sob o efeito da radiação do que não pode ser capturado através da ética e nem mesmo da lógica. Esta substância universal do Eterno criador é uma dimensão intrínseca à fé judaica, mas chega ao protestantismo-novo de Pinheiro, e pode ser traduzida no movimento dinâmico e permanente da espiritualidade: querer caminhar na presença do Santo; desejar viver em comunidades de amor, que reúnem pessoas antes separadas; e compreender que a autoridade do Eterno criador, essencial à vida, se manifesta através da história, da tradição e dos símbolos.
Pinheiro é protestante-novo, e sua militância criou raízes a partir do protesto crítico contra a absolutização da substância nas instituições, que gera, segundo crê, alienação, idolatria, morte. Daí a presença de Marramao e Zizek em suas leituras.
Para Pinheiro, seu princípio do protesto está correlacionado com a centralidade da substância judaica, enquanto relação entre a manifestação da essência na existência e a afirmação do significado messiânico. Afirma que a substância judaica apresenta-se sob dimensões históricas e trans-históricas como identidade subjacente. Ou seja, quando se refere à história e à tradição é a substância que fornece os símbolos da unidade universal do reino do Adonai Elohim. Dentro desta unidade universal encontra-se o princípio do protesto enquanto fundação do evento messiânico, que tem uma relação de centralidade com a substância judaica. É este princípio do protesto que retira da figura humana do Mashiah tudo que nela poderia ser materializado como idolatria, por sua facticidade histórica. É por meio do símbolo que desaparecem as particularidades e o finito, dando lugar ao significado presente do Mashiah.
O paradoxo do aparecimento do Mashiah na existência, sem a deformação da existência, é uma interpretação radical do símbolo, liberta do significado da idolatria de se permanecer na adoração de um objeto histórico e, por isso, limitado, finito, enclausurado num espaço e tempo passados. Para Pinheiro, o princípio do protesto, lido sob tal perspectiva, apresenta o Mashiah como presente que remete ao kairós.
É, por isso, que o protestantismo-novo de Pinheiro evita cair na armadilha de abandonar a unidade universal da substância, que mantém e possibilita o resgate do sentido do Eterno nas profundezas do humano. E, assim, ao romper com o deísmo dos textos antigos das tradições judaicas, da palavra que se resume à ética do texto, as profundezas da interioridade humana são resgatadas. E ao resgatar Tillich, mas compreendendo a dialeticidade do Mashiah proposta por Zizek, mostra a relevância do kerigma messiânico, em aliança com o reconhecimento do Santo, que se faz presente na cultura e nas dobraduras da secularidade.
É a partir daí que Pinheiro defende a idéia tillichiana de comunidade espiritual como processo de essencialização, já que o significado da vida, existencial e pessoal, consiste na recuperação do ser essencial presente no Eterno criador. Ou como disse Tillich, “a comunidade espiritual é latente antes do encontro com a revelação central, e é manifesta depois desse encontro”. E nesse processo de essencialização, o Mashiah é elemento que possibilita o kairós, pelo qual a história humana sempre esperou. A partir daí há um processo de essencialização das pessoas e das comunidades, que vivem processos de essencialização sob o poder messiânico.
E mais, Pinheiro, nas pegadas de Tillich, mas numa compreensão de seu judaismo-tardio e seu protestantismo-novo, considera que as comunidades protestantes estão ontologicamente imbricadas às comunidades judaicas e, por isso, fazem novas leituras do Mashiah, cujo amor e fé estabelecem a essencialização, enquanto mudança de sentido de uma participação latente para uma participação manifesta na comunidade espiritual. Dessa maneira, é o amor e a fé messiânicas que levam à autocrítica radical capaz de estabelecer distinção entre o essencial e as formas através das quais o essencial se manifesta. A afirmação de que o judaísmo-tardio se complementa na comunidade protestante-nova justifica a leitura messiânica da fé.
Ou como afirmou Tillich e Pinheiro cita: “a comunidade espiritual está relacionada tanto com a cultura e a moralidade quanto com a religião, e a presença espititual torna necessária uma mudança radical na atitude para com o que é incondicional”.
Convém lembrar, porém, que Pinheiro, a partir de Marramao, combate toda expressão de arrogância, de absolutização do poder, na relação entre comunidade manifesta e judaísmo latente, ao reconhecer a presença da espiritualidade na cultura e nas religiões. Por isso, sugere que a proclamação do Mashiah combine ofensiva e mediação. Ofensiva no sentido kerigmático e mediação no sentido de correlacionar o kerigma com a questão cultural.
Assim, o conceito de substância judaica é valioso para a compreensão do kerigma, principalmente no protestantismo-novo. O kerigma messiânico, a partir desta leitura, segundo Pinheiro, admite que a realidade manifesta no kairos do Mashiah está em ação na cultura. Dessa maneira, a tarefa kerigmática consistiria em procurar identificar as maneiras por meio das quais o essencial, manifesto no evento messiânico, se faz presente na cultura. Tal procura possibilita a apropriação kerigmática da experiência com o Mashiah, ao considerá-la enquanto manifestações do essencial, além de sinalizar caminhos nos quais a auto-compreensão messiânica pode ampliar contatos com culturas e povos.
Logicamente, por fazer uma confissão do novo protesto da presença do Mashiah em sua vida, as reflexões de Pinheiro sobre o universalismo judaico influenciam em muito sua ação kerigmática. Assim, no correr de suas navegações, construiu uma visão kerigmática da qual participam comunidades, e sua ação se vê calcada num entendimento libertário de práxis social.
Ou seja, a partir do universalismo judaico, Pinheiro considera que o amor do Eterno criador pelos seres humanos não está suspenso, esperando que o kerigma messiânico seja entregue. Considera que aqueles que O buscam, nos limites da fé colocada em seus corações, serão essencializados, mesmo que nada saibam sobre a presença do Mashiah em suas vidas.
Para Pinheiro o protesto-novo, não enquanto instituição, mas em sua ação kerigmática têm uma prática que repousa em muito sobre a substância judaica. Esta leitura de Pinheiro, a partir de Marramao, Tillich e Zizek, apresenta as bases para uma esperança maior no modo específico através do qual o desejo do Eterno criador de essencializar os seres humanos é realizado. O ponto de vista defendido é que o Eterno ama os seres humanos e deseja que sejam essencializados. E são essencializados em razão do evento messiânico, quer sejam conscientes ou não desse evento, que projeta o kairós. Dessa maneira, o universalismo judaico apresenta a comunidade protestante-nova como comunidade que caminha em direção à essencialização. Ou em linguagem judaica, o Eterno aceita os que exercem fé, sem levar em consideração até que ponto vai o conhecimento dessas pessoas.
É importante entender, então, que o conceito de substância judaica está em processo de correlação permanente com o princípio protestante, e é por isso mesmo que nas diferentes comunidades protestantes encontramos defensores da substância judaica como fundamental para a vida dessas comunidades. Tais considerações, nos permitem dizer que, como defende Pinheiro, o conceito substância judaica represente a abordagem mais próxima de um consenso entre os pensadores do protesto-novo na atualidade.
Nestas navegações de Pinheiro, onde correlaciona pensadores aparentemente diversos como Giacomo Marramao, Paul Tillich e Slavoj Zizek, antropologia e ontologia se correlacionam. Esta antropologia baseia-se na compreensão de que a humanidade é imago Dei e se encontra em choque com a alienação do espaço e tempo presentes. Mas a memória humana persiste como impulso na direção da recuperação desse mau encontro, exposto por La Boétie. Esta dialética explicita e traduz a presença da espiritualidade do espírito humano.
Quando Pinheiro diz, a partir de seus garimpeiros preferidos, que a humanidade é universalmente espiritual, partindo da dialética universal/particular, localiza o particular no contexto do universal. Em vez de considerar a realização plena do universal na revelação messiânica, relativiza a particularidade no contexto dessa humanidade universalmente espiritual. Tal ênfase exige que o navegador aprecie as manifestações do essencial nas culturas. Mas nem por isso o compromisso com a messianidade é diminuída. Ao contrário, a fé é aprofundada por meio do reconhecimento das variações daquilo que os protestantes-novos percebem no evento messiânico, tanto nas religiosidades como nas dobraduras da secularidade.
Assim, a radicalidade do princípio do protesto pode ser aplicada às materializações da substância judaica na direção da essencialização do humano, denunciando as expressões idolátricas que ameaçam a comunidade humana.
É o que eu tinha a dizer. E por isso entrego a palavra, de novo, a Pinheiro.
Obrigado, Yoffe Shemtov. Só quero dizer aos leitores e leitoras que aqui em “Imago Dei, a teologia do ser humano”, vocês, nem sempre em mar de almirante, navegam na dialeticidade do universalismo judaico e da particularidade protestante... onde os textos antigos da tradição judaica são lidos na contra-corrente do que se espera, quer para judeus, quer para protestantes. Mas para vocês que procuram leituras para novos espaços e tempos, a novidade pode ser criadora e criativa. Donde, o convite é: vamos navegar oceanos em barcos de madeira! Jorge Pinheiro.
Religião, uma construção maior do viver humano (I)
"Deus! Ó Deus! Onde estás que não me respondes?
Em que mundo, em qu'estrela, tu t'escondes,
embuçado nos céus?" Castro Alves.
Jorge Pinheiro, PhD
A vida se vive, vivendo. O ser humano, a principio, se constrói no aprendizado do viver. E ele faz isso a milênios. O que significa que todos humanos vivemos mais ou menos de forma parecida, mesmo se levarmos em conta as diferenças culturais e de épocas.
Ora, então por que a religião cumpre um papel tão importante? Por que nesse aprendizado do viver o ser humano busca o apoio da religião?
Em primeiro lugar, e essa é a matriz fundante da religião, porque existe a morte. E a morte é a construtora primeira, o alicerce da busca do transcendente no coração humano. Logicamente, e todos intuímos isso, a morte nos coloca diante de perguntas que o dia-a-dia da construção do viver não nos fornece informações. E tais perguntas são mais ou menos essas: e depois dela? nunca mais verei os meus queridos? puxa, foi tão difícil aqui, será que não existe um outro lado? onde eu possa ser mais feliz? E cada um de nós pode acrescentar uma pergunta, bem nossa, que aponta para o transcendente. Fazer isso, faz parte da construção do viver, mesmo quando não haja respostas ou mesmo quando respondemos a tais perguntas com um sonoro não. Não há depois dela, não verei os meus queridos, não existe outro lado, e assim sucessivamente.
Navio Negreiro de Castro Alves
Mas o certo é que o ser humano no correr da história preferiu, embora sempre tenha havido exceções, crer na possibilidade do sim para o desafio da morte e dos questionamentos que construímos a partir dela.
O importante aqui é compreender duas coisas, a vida se constrói na própria construção dela, e a religião tem como primeiro fundamento a morte, que é a matriz de todos os porquês das religiões.
Quando compreendemos isso, começamos a entender o papel primeiro, fundamental, da religião, nos dar uma espécie de alívio, de esperança, diante do imponderável. E a religião vai dizer sim, a vida continua depois. Cronologicamente, a ideia de deus e de deuses não nasce antes, mas nesse processo, já que deus e deuses não morrem, ao menos como nós, e podem transitar nos dois mundos. Ora, a morte é, em última instância, a criadora dos deuses.
Para você entender este processo, sem ferir suas crenças, tem que se lembrar que o homo sapiens tem cerca de cem mil anos, e que as nossas religiões diante disso são novas. As mais antigas tem cerca de três mil anos. Ou seja, nessa novidade em relação aos anos de estrada do homo sapiens, construíram como metalinguagem leituras da morte, dos deuses e da vida. Ou seja, foram construindo o caminhar do transcendente. E logicamente modificaram a ordem de apresentação do caminhar transcendente -- deus/ deuses, vida, morte -- morte, vida, deus/deuses.
Esse processo levou à construção cultural das grandes religiões mundiais, dos seus continuados fracionamentos, fruto da necessidade de atualizar metalinguagem, e também está presente em todas as seitas que conhecemos.
De acordo com The World Factbook, elaborado pela CIA com dados de 2012, os sistemas religiosos com maior número de adeptos em relação a população mundial são: cristianismo (28%); islamismo (22%); hinduísmo (15%); budismo (8,5%); pessoas sem religião (12%) e outros (14,5%). Estudos conduzidos pela Pew Research Center em 2009 mostram que, geralmente, nações mais pobres têm maior proporção de cidadãos que consideram a religião muito importante do que em nações ricas, com exceção aos Estados Unidos e Kuwait. A irreligiosidade e o ateísmo respondem por 14,27% e 3,97% da população mundial, seguidos pelas religiões étnicas indígenas.
"Diz o tolo em seu coração: 'Não há Deus! ' Corromperam-se e cometeram injustiças detestáveis. Não há ninguém que faça o bem". Salmo de Davi
Este primeiro texto tem como finalidade levar a outros, que fluem naturalmente das questões colocadas aqui. Um forte abraço, Jorge Pinheiro.
dimanche 14 février 2016
As particularidades da Teoloxía dos Pais Orientais
O Espírito Santo na Igrexa ortodoxa, Capítulos IV.
Paul Evdokimov - São Paulo, Ed Ave Maria,1996.
Paul Evdokimov naceu o 02 de agosto de 1901 en Petrogrado, nunha familia aristocrática. Chegou a París en 1923 e foi alumno do Instituto St Sérgio. Entre as moitas obras que escribiu -- A salvación do mundo (1958), Gogol e Dostoievski ou a baixada ao Inferno (1961), O Sacramento do Amor (1962), The Art of Icona, Theology of Beauty (1970). El faleceu o 16 de setembro de 1970.
As particularidades da Teoloxía dos Pais Orientais
A teoloxía do pai o século IV é urna teoloxía trinitária por excelencia. Ela elaborou as definicións dogmáticas e fixou, á vez a unidade ea diversidade das persoas en Deus. Xa o propio termo de homoousios consubstancial, co-esencial, o mesmo que en esencia, permitiu expresar en Deus, mônada e tríade.
No Evanxeo segundo Xoán, o Logos era "pros ton Theon", era máis "para Deus" que "xunto de Deus" ou "con Deus", fórmula que designa a xeración eterna do Fillo - que non é o Pai. Do mesmo forma un "outro Consolador" é outro que o Fillo e outro que o Pai. Todas as persoas son iguais en dignidade, idénticas en substancia e diversifican-se polas súas relacións internas. É aquí que cómpre destacar unha diferenza de visión entre Oriente e Occidente. A Oriente, as relacións entre as persoas da Trindade non son de oposición nin de separación, pero de diversidade, de reciprocidade, de revelación recíproca e de comuñón no Pai.
Os atributos que se refiren á natureza común, como sabedoría, vontade, amor, santidade, eternidade, son inherentes ás tres sen diferenciación. A persoa na súa calidade de único é evocada na súa relación á fonte que é o Pai. A inascibilidade do Pai, a xeración do Fillo ea processão do Espírito son as relacións que mellor permiten distinguilo las. É por limitación natural da nosa razón que as evocamos de xeito negativo: o Pai non xera non é nin o Fillo, nin o Espírito; o Fillo xerado non é nin o pai nin o Espírito; Espírito caducado non é nin o pai nin o Fillo.
A Oriente, estas relacións de orixe non son o fundamento das hipóstases, que as constituiría e esgotaría do seu contido. João Damasceno dixo: "Cada unha das persoas contén a unidade á súa relación ás outras, non menos que á súa relación a si mesma". Elas designan soamente por excelencia a diversidade hipostática. Non diferencian natureza en persoas, pero expresan a identidade ea diversidade do Deus uno e trino.
O máis importante para entender a teoloxía trinitária do Medio é o carácter sempre ternário ou triplo das relacións. Ternárias - son triúnicas e é por iso que en cada relación dunha persoa as outras están presentes. O Fillo eo Espírito refírense ao Pai simultaneamente, a inascibilidade, a xeración ea processão implican-se reciprocamente, unha nunca está sen as outras. Ese carácter ternário das relacións suprime calquera posibilidade de redución á dualidade, á formación díades no seo da Trindade, o que levaría á idea racional de oposición no canto da vista meta-racional de diversidade - unidade trinitária.
Efectivamente, só se poden opor dous principios; ora temos tres principios, iso que o Oriente rexeita o sistema de oposición de relacións ou de relacións de oposición que son as relacións causais. A relación activa do Fillo e do Espírito ao Pai é unha relación de comuñón, de revelación, de manifestación, igual a relación activa entre o Fillo eo Espírito non é a relación de orixe. A relación de orixe é unha negación: Pai non é o Fillo, etc., e debe ser entendida nun sentido apofático que transcende calquera lóxica de relacións e non define, pero describe. "O modo da xeración eo modo de processão son incomprensibles"; inefáveis e á vez concretos, son suficientes para diferenciar as persoas nunha simultaneidade eterna, pois toda relación é tripla: Espírito procede do Pai conxuntamente e en relación co Fillo no que repousa; o Fillo é xerado polo Pai conxuntamente e en relación co Espírito que o manifesta.
Na vida intradivina das tres, a mônada pechada é eliminada na medida a díade porque xustamente o número dous implica oposición e limitación recíprocas. O superar opera-se nos tres e máis aló de calquera conumeração lóxica. Simplemente e de súpeto ábrese o infinito do Deus vivo: "A divindade non é compartida nos partilhantes", dixo Gregorio Nazianzeno, "nos Tres Soles que se compenetram, única é a Luz". Así a Trindade non é o resultado dun proceso, dunha teogonia pero dun dato primordial da existencia divina. Non é unha obra de vontade hipostática nin de necesidade de natureza; Deus é sempre sen comezo, o Pai, o Fillo eo Espírito Santo, reciprocidade eterna do seu amor.
O dogma trinitário é absolutamente alleo a calquera especulación metafísica. Non hai ningunha teogonia no acto da creación do mundo que é un acto de vontade, en compensación a processão das hipóstases divinas é un acto do ser divino, da esencia absoluta, ademais de calquera dialéctica de tipo hegeliano, por exemplo.
A teoloxía apofática contempla o mergullo ademais da razón. É únicamente porque se dirixe aos filósofos que Gregorio Nazianzeno utilizou a linguaxe deles e dixo: "A mônada é posta en movemento en virtude da súa riqueza, a díade é superada ea tríade encérrase na súa perfección absoluta ..."
Así Deus non é solitario, xudeu, nin múltiple, politeísta. El é a Trindade ademais de calquera dedución, razón ou necesidade. Todo o que se pode dicir é que mônada é solitaria, que dous é o número que separa un do outro e os opón, e que o número que supera a separación e desemboca no infinito é o tres. É na Trindade que se atopan reunidos e circunscritos a uno eo múltiplo.
Os pais non buscan xustificar pola razón o número tres; ofuscados eles mesmos por Luz, deixan simplemente contemplar a plenitude superabundante da triunidade divina. Pero ata esta contemplación é só a "sombra pálida da Trindade" pois as tres en Deus transcenden calquera número matemático. Basilio afirmou no seu Tratado do Santo Espírito: "Non contamos indo do un ao múltiplo pola suma dicindo un, dous, tres ou o primeiro, o segundo eo terceiro. Ao confesarmos os tres hipóstases sen dividir a natureza en multitude, nos permanecen na Monarquía ". Vémolo así: o número de Deus non é unha cantidade, pero expresa a orde inefable: tres igual a un. A tríade das hipóstases "unidas pola distinción e distinción pola unión" designa unha diferenza que non opón, pero se pon poñendo as outras.
A conciencia dogmática da Igrexa antiga defendeu con vehemencia a profundidade trinitária contra as tendencias naturais da razón que oscila fatalmente entre o un eo múltiple, entre, por unha banda a esencia dos filósofos e os tres modos das súas manifestacións e iso é o modalismo sabeliano e por outra banda, a división en tres seres distintos e desiguais e iso é a herexía de Ário. Igualmente en Plotino, o Uno, a Intelixencia ea Alma do mundo presentan unha xerarquía Descendente das persoas por emanación.
Ante todos estes desvíos da razón natural, era necesaria unha metanoia, unha reviravolta radical da razón posta en Cristo, para elevarse por encima dos conceptos filosóficos e para recibir a revelación de Deus na súa pureza intacta. Era necesario suprimir o xerminar do unitarismo monoteísta eo triteísmo politeísta.
Esta reviravolta comporta dous métodos diferentes na súa comprensión da profundidade trinitária e marca así a diferenza das posicións teolóxicas do Oriente e do Occidente. O Pe. Régnon, nos seus Études de théologie positive sur la Sainte Trinité, nota que claramente: "A filosofía latina encara primeiro natureza en si mesma e prosegue ata o subordinado (a persoa); a filosofía grega encara primeiro o subordinado e aí entra despois para atopar a natureza. o latín considera a personalidade como un modo de natureza, o grego considera a natureza como o contido da persoa. Así Occidente parte da natureza una para considerar a continuación as tres persoas; Oriente parte das tres persoas para considerar a continuación natureza una ". San Basilio, por exemplo, seguía este método conscientemente porque partía do formigón, conforme a Escritura e coa fórmula bautismal que nomea o Pai, o Fillo eo Santo Espírito.
O Medio ve erro cando non é a monarquía do Pai, pero a natureza una que se erige en principio de unidade na Trindade. Neste caso, as relacións de orixe identifican coas hipóstases e expresan completamente. Se se afirme con Tomás de Aquino que "o nome de persoa significa a relación", é lóxico deducir que son as relacións internas da esencia que a diversifican. Agora ben, para os gregos, o principio de unidade non é a natureza, pero o Pai que establece relacións de orixe en relación a el mesmo, como a única fonte de calquera relación. Atanasio declara: "Hai un só principio da divindade e consecuentemente hai monarquía do xeito máis absoluta: un só Deus porque un só Pai". Esta afirmación lapidar tórnase o adagio de todos os pais orientais. Para eles, confesar a unidade trinitária é recoñecer o Pai como a única fonte de hipóstases que simultaneamente reciben del mesma e única natureza. É porque as relacións se refiren ao Pai que elas significan á vez a unidade ea diversidade. As persoas ea natureza son presentadas simultaneamente sen que unha preceda loxicamente as outras.
"O grego considera a natureza como o contido da persoa", o que significa que cada hipóstase é o xeito persoal de apropiarse a mesma natureza e, polo tanto cada hipóstase na súa realidade única supera as simples relacións de orixe. Gregorio Nazianzeno di: "A natureza una nas Tres - é Deus; en canto á unión hênosis - é o Pai, de quen as Outras proceden e para o cal se dirixen sen se confundiren nin se separaren, pero coexistindo con el". É o Pai que distingue as hipóstases, pero esta distinción supera o simple plan das orixes, pois, segundo Máximo, o Pai as distingue "nun movemento eterno amor". Os Pais distinguen a substancia hipostática ea acción manifestadora. No "movemento eterno amor", o Fillo eo Espírito Santo son inseparables na súa acción manifestadora do Pai e son inefavelmente distintos como dúas persoas procedendo do mesmo Pai. "O Santo Espírito, dixo Basilio, por unha banda está conectado ao Fillo co que está concibida inseparablemente, e por outra banda o Ser é suspendido ao Pai, do cal el procede ... el subsiste procedendo do Pai e manifestado conxuntamente co Fillo ". En todas, os Pais constatan a afirmación da única fonte hipostática do Pai e ao mesmo tempo unha relación íntima entre o Fillo eo Espírito inseparablemente deseñados e unidos: Espírito repousa sempre sobre o Fillo eo manifesta.
Os orientais sempre acentúan fortemente o carácter inefable, apofático da processão dos Dous do único Pai, contra unha noción máis racional que situaba o común da natureza encima do persoal. Nunca consideraron o Espírito Santo como un vínculo (Nexus Amoris) entre o Pai eo Fillo unidos na mesma natureza e constituíndo un único principio de duración. Neste caso, xa non son dúas hipóstases distintas, pero a substancia impersoal que "remata". Ora a unidade é a unidade das Tres.
Podemos interrogar a Monarquía oriental non favorece o subordinacionismo no interior da Trindade? Gregorio Nazianzeno responde: "A gloria do Principio non consiste no abaixamento quen proceden del ... Deus e as tres consideradas en conxunto; cada unha é Deus por mor da consubstancialidade; as Tres son Deus por mor da Monarquía".
Régnon chama a atención sobre o erro oposto en Occidente: "Parece que o dogma da Unidade divina que como que absorbe o dogma da Trinidad de que fala só por recordo". E o risco do primado da esencia filosófica sobre o formigón escriturístico das persoas. Xa non se volven máis para as persoas da Trindade, pero ao "Santo Deus" que non se sabe exactamente quen é. Por outra banda, varias formas de piedade popular son voltas exclusivamente ao Cristo, ligando-se forzosamente á súa humanidade e é un cristocentrismo excesivo. En compensación o teocentrismo sen precisión conduce á mística do "abismo divino", a Gottheit do Mestre Eckhart, anterior á Trindade.
A acentuación moi marcada sobre a natureza condiciona a noción da beatitude do século futuro como visión da esencia divina. Agora ben, a Oriente a beatitude designa o infinito da deificação, participación da vida divina e visión da gloria trinitária través da humanidade glorificada do Cristo, "Luzeiro de cristal", a esencia de Deus sendo transcendente para sempre.
Nunha figura podemos representar a triadologia baixo a forma dun ángulo no que o pé designa o Pai e os dous puntos onde rematan os lados, o Fillo eo Espírito. Este esquema expresa a igualdade dos dous, pero non di nada sobre as súas relacións recíprocas salvo a súa relación á única orixe que é o Pai. Segundo o Pe. Serge Boulgakov, o esquema máis correcto é un triángulo inscrito nun círculo: o movemento é circular, parte do Pai e volta para el. O Pai é a fonte da verdade, o Fillo é o principio de revelación da verdade do Pai, o Espírito Santo é o principio da súa manifestación dinámica e vivificante, é a vida da Verdade, o Espírito. A relación entre o Fillo eo Espírito non é causal: pero é unha relación de interdependencia e de condición, pois calquera relación intradivina sempre tripla na circum-incessão eterna do Amor divino.
Tradução livre e adaptada por Jorge Pinheiro
Faculdade Teológica Batista de São Paulo
São Paulo, oito de marzo de 2004.
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