vendredi 18 mai 2012

A Trindade e o argumento quântico

A construção dessa analogia, que trabalhou com a teoria paradoxal das partículas de onda, contou com a participação do professor Dr. Mário Olímpio de Menezes, físico do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, IPEN-CNEN/SP. A analogia e suas projeções teológicas, porém, são minhas. 


A controvérsia sobre o Filioque introduziu um conceito grego no Credo e o Deus dos filósofos ontológicos tomou o lugar do Deus Eterno hebraico-cristão. A essência do Pai, do Filho e do Espírito Santo recebeu qualificações positivas, tornou-se objeto de uma teologia natural, relativa a Deus em geral, que reapareceu em Descartes, Leibniz e com os deístas do século XVIII, mas não é o Eterno triúno que os pais da igreja proclamaram.[1]


Ao concentrar esforços na análise da pessoa e ação do Espírito, o pensamento cristão oriental viu uma debilidade e um enfraquecimento da Trindade na teologia ocidental, já que tendemos a realçar a unidade do Eterno, tanto na teologia, quanto na realidade de nossa fé. Segundo o pensamento teológico oriental, perdemos com isso a percepção do lado trágico na existência e na história. Para a teologia cristã oriental, o Espírito significa o Eterno no homem e o Eterno presente no mundo e exatamente por isso liberdade. Dessa maneira, a teologia cristã oriental vê o Espírito como aquele que cumpre o que o Eterno diz, que distingue, une e personifica, aquele que é a atividade criadora do ser, revelador e, ao mesmo tempo, ouvinte e intérprete, em nós, do Cristo. 

Tal postura leva a uma teologia que vê uma complementaridade entre pessoa e comunidade, religião e fé, pensar e agir. Fé e cristianismo não devem ser pensadas como relações de oposição, mas como correlação e encarnação. Da mesma maneira, por ser o Espírito a liberdade na pessoa e na comunidade, ficam de fora do compromisso cristão o individualismo e o coletivismo, substituídos pela busca da justiça social.

Ao privilegiar teologicamente a questão da liberdade da vida da pessoa -- a existência -- e da coletividade -- a historicidade humana --, o pensamento oriental trouxe novas perspectivas para a teologia ocidental. Por isso, o teólogo deve subordinar suas reflexões da unidade/diversidade trinitária aos dados revelados na Palavra de Deus, de forma semelhante ao físico ao formular a teoria paradoxal das partículas de ondas.

A teologia paradoxal das partículas de onda

Na física, como o todo, intensidade (I) é a razão entre potência, dado em watts (W), ou joules por segundo (j/s) -- o joule é medida de energia -- e área, dado em metros quadrados (m2), ou seja, watts por metro quadrado (w/m2). Então a fórmula da intensidade sonora é: I = E / Δt.A.


As partículas apresentam características que as fazem serem diferentes umas das outras. Essas características são as propriedades delas que servem para diferenciá-las e assim formar as famílias.

A primeira diferença notada entre as partículas foi à carga elétrica. A carga elétrica possui características muito interessantes, como possuir sinais contrários (+ e -), poder ser somada (uma carga positiva neutraliza a ação de uma carga negativa, ou seja, + com -, dá zero), é sempre conservada -- não se pode criar carga negativa sem criar uma positiva, ou seja, a quantidade de cargas de um sistema fechado é sempre a mesma. Partículas que possuem carga elétrica estão sujeitas a interação eletromagnética, formando assim uma família de partículas que sofrem essa interação. Esse é o caso dos prótons e dos elétrons.

Mas, não as únicas partículas que possuem carga, existem outras como o Múon, o Tau, o Sigma mais, o Delta mais e o Delta dois mais. A carga elétrica é uma propriedade muito importante neste estudo. É ela que vai indicar se a partícula sofre interação eletromagnética ou não.
Partículas com carga elétrica líquida nula, como o caso do nêutron, não são influenciadas pela interação elétrica (Coulumbiana, ou seja, atração e repulsão elétricas), dando indícios que existem outro tipo de interação para denunciar a presença dessas partículas. A carga elétrica é dada em função da carga elétrica do elétron, que é a menor carga detectada isolada atualmente e, por isso, recebe o status de elementar. Assim, o elétron e o próton têm cargas iguais a 1, porém de sinais contrários. O próton é positivo e o elétron negativo. Por esse motivo, falamos que a carga elétrica é quantizada.

Uma propriedade quântica é o emaranhamento. Duas partículas emaranhadas possuem uma relação especial tal que, se medirmos uma delas, a outra será colapsada imediatamente! Não importa o quão distante elas estejam entre si. Por exemplo, vamos supor que duas moedas estejam emaranhadas, uma aqui na Terra e outra na Lua. Ambas estão girando sob uma mesa. Em determinado momento, uma pessoa bate na moeda e obtém ´cara´ como resultado. A moeda na lua, instantaneamente, colapsa em seu estado complementar, isto é, em ´coroa´. No nível quântico uma partícula pode estar lendo o ´0´, como o ´1´ ao mesmo tempo. Essa superposição de estados é uma propriedade quântica. Um ponto importante é que, para que duas partículas se emaranhem, é preciso que elas tenham tido um contato físico prévio. 

Pirâmide triagonal, 
quando o átomo central possui par de elétrons emparelhados disponíveis 


Os físicos quânticos concordam entre si que as entidades subatômicas são uma mistura de propriedades de ondas (W), de propriedades de partículas (P), e de propriedades quânticas (h). Os elétrons de alta velocidade, ao serem atirados através de um filme metálico, ou de cristal de níquel. como raios catódicos rápidos ou até mesmo como raios-B, difratam como raios-X. Em princípio, o raio-B é igual à luz solar empregada numa experiência de dupla ranhura ou biprísmica. A difração é um critério de comportamento semelhante a raios nas substâncias: toda a teoria clássica das ondas baseia-se nisso. Além desse comportamento, porém, há muito tempo que os elétrons vêm sendo considerados partículas com carga elétrica. Um campo magnético transversal defletirá um feixe de elétrons e seu padrão de difração. Somente as partículas comportam-se dessa maneira: toda a teoria eletromagnética depende disso. Para explicar todas as evidências, os elétrons devem ser tanto partículas quanto ondulatórios. Um elétron é um Pwh.

Assim, a partir da teologia paradoxal das partículas de onda, tomando em conta o argumento quântico, podemos dizer, numa construção analógica, que o Eterno trino é Pfe.

Donde, a questão da pessoa e de sua comunhão com a irredutibilidade do Eterno tem expressão na teologia paradoxal das partículas de onda onde emaranhamento é comunhão trinitária e adoção humana, conforme a oração de Efésios 1.3-14, onde é dito que o Pai determinou que seremos para Ele, “filhos de adoção por Jesus Cristo" (Ef 1.5). E que, aqueles que são justificados por Cristo, libertos da escravidão do pecado, não receberam "um espírito de servidão”, “para permanecerem ainda no temor”, mas receberam um "espírito de adoção" (Rom.8:15). Esta adoção por Deus, esta filiação, realiza-se na unidade com o Filho, já que "o mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com Ele padecemos, também com Ele seremos glorificados”. (Rm 8.16-17).

Tal compreensão é referendada por Irineu, Atanásio e outros pais da igreja, ao afirmarem que Cristo, imagem do Pai, é Filho pela Sua natureza divina e pela Sua filiação, ao passo que pessoas são filhos de Deus, à imagem de Cristo, por adoção.

Ainda na carta aos Efésios, Paulo retoma o tema num contexto eclesiológico (Ef 2.19-22) e diz que enquanto membros da igreja e filhos adotivos de Deus, os fiéis não são mais "estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e da família de Deus" (Ef 2.19). Na mesma carta, Paulo dobra os joelhos na presença "do Pai... do qual toda família nos Céus e na Terra toma o Seu nome" (Ef. 3:14-15).

A idéia de adoção/emaranhamento dá conteúdo ao conceito de pessoa em seu encontro com a irredutibilidade do Eterno e está presente na teologia de João, que retoma e amplia o tema da filiação. Assim, na oração de Cristo antes da paixão, no evangelho de João lemos:.."Como Tu, ó Pai estás em Mim e Eu em Ti, que também eles sejam um em Nós.." (Jo 17.21; cf. 17.11).

Assim, sintetiza Lossky a relação entre pessoa e a obra do Espírito.

A obra do Espírito Santo refere-se às pessoas, dirigindo-se a cada uma delas. O Espírito Santo comunica na Igreja às hipóstases humanas, a plenitude da divindade segundo um modo único, ‘pessoal’, apropriado para cada homem enquanto pessoa criada à imagem de Deus... Cristo torna-se a imagem única apropriada à natureza comum da humanidade.; o Espírito Santo confere a cada pessoa criada à imagem de Deus a possibilidade de efetivar a semelhança na natureza comum. Um empresta sua hipóstase à natureza, a outra dá sua divindade às pessoas. Assim, a obra de Cristo unifica, a obra do Espírito Santo, diversifica: a unidade de natureza se realiza nas pessoas; quanto às pessoas, elas não podem alcançar sua perfeição, tornar-se plenamente pessoas, senão na unidade de natureza, deixando de ser ‘indivíduos’ que vivem para si mesmos, que têm natureza e vontade próprias, ‘individuais’. A obra de Cristo e do Espírito Santo, portanto, são inseparáveis: Cristo cria a unidade do seu corpo místico através do Espírito Santo e o Espírito Santo se comunica às pessoas humanas através de Cristo”.[2]

O Espírito no seu advento manifesta a natureza comum da Trindade, mas cancela-se enquanto pessoa, já que nele a vontade do Eterno não é mais externa. O Espírito está escondido pelo dom, para que o dom que ele comunica seja plenamente nosso. Ele nos dá a graça desde o interior, manifestando-se em nossa própria pessoa, até que a nossa vontade humana permaneça de acordo coma vontade divina e coopere com ela na obtenção da graça, fazendo-a nossa.

Assim, para Lossky, o Espírito é a unção que repousa sobre Cristo e sobre todos os cristãos que reinarão com ele no século futuro. Então essa pessoa desconhecida, que não tem sua imagem numa outra hipóstase, se manifestará nas pessoas plenas de Cristo: a imagem do Espírito será a multidão dos santos. 

Citações
[1] Vladimir Lossky, Théologie Négative et Connaissance de Dieu chez Maître Eckhart, Paris, Vrin, 1973.
[2] Vladimir Losski, Teologia Mistica della Chiesa d’Oriente, Il Mulino, Bolonha, 1967, p. 159.

lundi 14 mai 2012

Travessias da leitura

O desafio maior para quem lê é o próprio exercício da leitura. O desejo de conservar o texto em sua aparente literalidade geralmente leva a um caminho oposto àquele que se pretende. Ou seja, é necessário atravessar o texto por diferentes caminhos. É necessário, sem dúvida, lê-lo a partir de sua literalidade, que é nossa primeira leitura. Mas a literalidade nos leva ao símbolo, às imagens que são trasmitidas pelas palavras ou conjunto de palavras. Por isso, o que parece simples e claro, geralmente não é, já que as palavras são imagens e símbolos.
Vejamos um exemplo simples, durante séculos os cientistas descreveram o mundo como semelhante a uma máquina, governando o mundo estavam os princípios de regularidade e ordem. Todas as coisas pareciam a soma das partes: as causas e efeitos estavam ligados linearmente e os sistemas se moviam de modo determinista e previsível. Mas, com o passar do tempo, os cientistas viram que existiam fenômenos que contradiziam a lógica linear: as formas espirais das chamas de fogo, os redemoinhos em correntes e as formações de nuvens, por exemplo, não podiam ser representadas por simples equações lineares.

E a travessia dos textos bíblicos nos mostraram que, para além da linearidade do texto, existe a leitura simbólica que nos remete às construções teológicas. Assim, se existe a realidade imediata do “deserto” como lugar árido, seco e de difícil sobrevivência, a imagem “deserto” nos remete ao conceito teológico de que espiritualmente e, mesmo existencialmente, muitas vezes, somos desafiados a através o “deserto” que não é literal, é simbólico, mas que também existe.

Por isso, falamos de travessias do texto bíblico. Essas travessias fazem diferentes percursos: o literal, o simbólico, o ecológico, o ético, o estético, entre outros, e o do futuro. Ora, quando lemos o texto numa primeira vez, sem dúvida, somos obrigados a partir da literalidade dele. E para mergulhar nessa literalidade devemos utilizar recursos de análise e intepretação como, por exemplo, pesquisar as condições e época em que foi escrito, a quem foi dirigido e com que finalidade. Mas também os recursos literários que foram utilizados na sua construção, ou seja, verbos, substantivos, adjetivos, e expressões idiomáticas, por exemplo. E palavras-chave que se destacam no texto serão importantes na compreensão dessas travessias, porque podem e devem ser cruzadas com outras presentes em diferentes textos, o que nos remeterá às imagens e aos símbolos construtores de um conceito teológico -- como vimos no caso de “deserto”.

O conceito teológico, porém, vai apontar para outros caminhos. O que essa proposta teológica está sugerindo que eu faça? Esse caminho aponta paras as travessias ecológica, ética, estética, que me exortam a viver de determinada maneira, a partir da travessia teológica. E se eu vivo de determinada maneira, a partir das travessias ecológica, ética, estética propostas pela travessia teológica, esse caminhar ecológico, ético, estético apontam para um futuro. Esses são algumas travessias possíveis do texto bíblico. São vias que remetem ao meu futuro e da minha comunidade, que brotam da teologia, que por sua vez nascem da literalidade do texto.

A esse conjunto de travessias, que fazem a riqueza da leitura e compreensão não linear do texto escriturístico é a complexidade hermenêutica. Essa expressão encerra elementos, conjunto de informações, fatos e circunstâncias que têm nexo entre si, mas que navegam num mar aparentemnete caótico, que pode ser entendido como o vazio obscuro e ilimitado que precede e propicia a geração das compreensões do texto para a vida de uma pessoa ou de uma comunidade. Na construção das leituras complexa do texto, partindo da literalidade, podemos ir mais fundo ainda nesta construção dessas compreensões se vermos complexidade e caos como aqueles comportamentos imprevisíveis que aparecem em sistemas regidos por leis. Assim, determinadas questões teológicas são praticamente impossíveis de serem compreendidas numa abordagem tradicional de causa-efeito, por exemplo, o sistema ecológico presente no sexto dia da criação, em Gênesis, ou as propostas sanitárias de Deuteronômio. Mas as dificuldades, às vezes, são atribuídas à impossibilidade de se isolar os ruídos externos ao sistema teológico como, por exemplo, a presença dos dogmas confessionais que, muitas vezes, levam às distorções de compreensão.

As compreensões, então, para questões teológicas nem sempre estão na procura de mais informações para tentar encontrar uma relação de causa-efeito, mas em entender quais regras básicas regem o comportamento do sistema simbólico de nossa religiosidade judaico-cristã, que tipo de retroalimentação existe, de que forma esta retroalimentação atua no sistema e o tipo e duração dos ciclos de retroalimentação. Isso é o que chamamos de hermenêutica da dinâmica não-linear ou hermenêutica da complexidade para uso na teologia, onde o caos se refere às áreas de instabilidade de fronteira, o que para nós significa, em termos teológicos, que se move entre o equilíbrio de um lado, em especial a revelação, e a complexa situação randômica da construção da realidade.
Necessitamos a hermenêutica da complexidade para melhor compreender as relações entre a simbologia da revelação e a interpretação e suas expressões estruturais e organizacionais. Essas estruturas são sistemas complexos constituídos por agentes interativos com uma tendência aparente para a auto-organização, pois os crentes nas religiosidades judaico-cristãs são adaptativos, de modo que as regras de seus comportamentos mudam à medida que eles aprendem. Na verdade, esse mundo religioso judaico-cristão não é aquele representado pela metáfora de uma máquina. As coisas são mais do que a soma de suas partes: equilíbrio é morte, causas são efeitos e efeitos são causas, desordem e paradoxo estão em toda a simbologia da revelação.

Por isso, dizemos que uma hermenêutica da complexidade deve levar em conta que se antes, na modernidade, a interpretação foi entendida como aparato de retroalimentação negativo, que possibilitou a construção de dogmáticas confessionais e encaminhou fiéis na direção da correção de seus desvios do plano traçado, à luz da hermenêutica da complexidade o quadro é mais rico. As interpretações de origem iluminista não estão corretas, hoje, nem para leituras ligadas às rotinas do viver diário e, muito menos, no que tange às construções de conhecimentos que respondam às necessidades das confissões judaico-cristãs no mundo da alta modernidade -- elas se encontram em crise. Os resultados de suas ações não podem ser definidos porque as estruturas dos sistemas religiosos tornam o futuro impossível de ser controlado. O corolário é que o dogma viável não é mais o resultado de um intento prévio de um intérprete visionário, mas emerge das múltiplas possibilidades lançadas por várias dinâmicas em colisão entre a vida humana e o texto. Assim, nós leitores deveríamos pensar como jardineiros e, em vez de deliberar, deveríamos trabalhar possibilidades. 

Si Chile es ejemplo, ¿por qué las protestas?



MAURICIO AVILA | THURSDAY, APRIL 5, 2012
Suramérica | Economia y Sociedad

HACE UN PAR DE SEMANAS nos encargaron desde Londres (donde están las oficinas centrales de mi compañía) una entrevista con la líder de las protestas estudiantiles del año pasado en Chile, Camila Vallejo.

Entre las preguntas que nos enviaron estaba la siguiente: si Chile es ejemplo para muchos países en varios ámbitos, ¿por qué protesta la gente? Este requerimiento me hizo pensar que justamente esa debe ser una gran interrogante para el mundo. Chile tuvo el 2011 un crecimiento del 6%, que está en el promedio de lo que otras economías de la región crecieron. Más que México, menos que Argentina, pero más que Brasil y Perú.

Efectivamente, un país con un ingreso percapita superior a los 16 mil dólares, con estabilidad política y buenos índices generales en calidad de vida y altos niveles de inversión en otros países, no debiera tener problemas internos. Pero sucesivamente los chilenos han salido a la calle para protestar por la mala educación, por el cuidado al medio ambiente, por la centralización que hunde a las regiones extremas...

Por eso es bueno meterse en algunas de las cifras que explican las protestas. A Chile le gusta compararse con las 27 naciones miembros de la OECD. Y en el ítem de desigualdad, está al final de la lista. Mientras en el promedio de los países OECD el 10% más rico de la población gana 9 veces lo que gana el decil más pobre, en Chile esa cifra se triplica: el 10% más rico de la población gana 27 veces el sueldo del decil de menores ingresos. Si uno considera el percapita de los chilenos, dejando fuera al 10% más rico, el índice baja a poco menos de 9 mil dólares. El 60% de los chilenos gana menos de 800 dólares al mes.

Vamos a la educación. En Chile no existe educación superior gratuita. En promedio una carrera universitaria cuesta 400 dólares al mes. Vale decir, una familia que tiene un hijo en la universidad gasta la mitad de sus ingresos en la educación de él. Y ahí es donde entra el mercado. Chile tiene una de las economías de libre mercado más abiertas del mundo, y el sistema educacional se construyó sobre esa premisa. Finalmente, los jóvenes y sus familias deben pedir préstamos para poder estudiar que se pagan hasta a 20 años. Y no hay ningún estudio que demuestre que la inversión se justifique por los ingresos futuros como profesional.

Por eso los chilenos protestan. Es cierto, las cifras macroeconómicas del país son excelentes, mucho mejores que el promedio de la región y mucho más cercanas a los países desarrollados, pero la realidad es muy distinta.

jeudi 10 mai 2012

A TRINDADE

Dói-me nas veias. Amargo e quente,/ Cai, gota a gota, do coração. / E nestes versos de angústia rouca, / Assim dos lábios a vida corre, / Deixando um acre sabor na boca. / Eu faço versos como quem morre”. Desencanto, Manuel Bandeira.
A Trindade de Andrei Rublev (cerca de 1360 a 1430)
Vamos começar esse capítulo com a cláusula joanina que encontramos na primeira carta de João 5.7-8. Sabemos que alguns estudiosos afirmam ser esse pequeno texto um acréscimo feito à carta do apóstolo no século XII, no Quarto Concílio de Latrão. Mas o certo é que está presente em nossas bíblias, e diz, dependendo da tradução, que “há três que dão testemunho [no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra]: O Espírito, a água e o sangue, e os três são unânimes num só propósito". E nas bíblias que descartam a cláusula joanina a redação segue este padrão “são três os que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue, e os três estão de acordo entre si”.

Por ser uma referência explícita à Trindade é rejeitado pelas correntes cristãs que não aceitam este dogma e, por isso, não está incluído em suas versões da Bíblia. A Igreja Católica aceita o dogma da Trindade, mas não reconhece o "Parêntese Joanino" como autêntico, e não o inclui em sua Bíblia canônica. Veja o que diz a Bíblia de Jerusalém, tradução católica, em uma de suas notas:

"O texto dos vv. 7-8 está na Vulgata de um inciso (aqui abaixo está entre parênteses) ausente nos antigos manuscritos gregos, nas antigas versões e nos melhores manuscritos da Vulgata, e que parece ser uma glosa marginal introduzida posteriormente no texto: 'Porque há três que testemunham (no Céu: o Pai, o Verbo e o Espírito Santo, e esses três são um só; e há três que testemunham na terra): o Espírito, a água e o sangue, e esses três são um só'."

Em alguns manuscritos antigos constam o "Parêntese Joanino" e em outros não. As controvérsias vem de longe e, historicamente, envolvem diferentes correntes dentro do cristianismo. As que rejeitam a Trindade, consideram Jesus um ser divino, mas numa escala abaixo do Pai. Para algumas correntes, o "Parêntese Joanino" teria sido acrescentado como resposta às heresias que surgiram a partir do segundo século, e serviu para firmar a figura de Jesus como "semelhante ao Pai", ao afirmar a Trindade como Pai, Filho e Espírito. Para muitos, tal parêntese não pertencia à carta do apóstolo João e por ser acréscimo, não seria inspirado texto inspirado, logo não era escritura sagrada.

A corrente contrária argumenta que o "Parêntese Joanino" é autêntico, tendo sido escrito por João, e que foi ao longo do tempo excluído em alguns manuscritos e codex em função das conveniências doutrinárias de algumas correntes, nos primórdios do cristianismo. Tendo sido escrita por João, é de inspiração divina, logo pertencente ao Livro Sagrado.

De todas as maneiras, o Novo Testamento nos apresenta em diferentes textos a fórmula trinitária, como a apóstolo Paulo em IICoríntios 13.13, quando diz: “a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vocês”. Essa oração litúrgica trinitária (cf. Mt 28.19) aparece em outras passagens das epístolas paulinas, em diferentes contextos, e aqui citaremos algumas: Rm 1.4ss; 1Co 2.10-16, 2Co 1.21ss; Gl 4.6; Fl 2.1; Ef 4.4-6; IITs 2.13; e Tt 3.5ss. Mas estão presentes também em At 20.28; Hb 9.14, 1Pe 3.18; Jd 20-21; e Ap 22.1. 

Além das formulações ternárias, é importante ver a força do pensamento trinitário de Paulo, quando diz, por exemplo, em 2Ts 2.13-17: “Irmãos, sempre devemos dar graças a Deus por vocês, a quem o Senhor ama. Pois Deus os escolheu como os primeiros a serem salvos pelo poder do Espírito Santo e pela fé que vocês têm na verdade, a fim de tornar vocês o seu povo dedicado a ele. Foi para isso que Deus os chamou, por meio do evangelho que anunciamos, a fim de que vocês tomem parte na glória do nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, irmãos, fiquem firmes e guardem aquelas verdades que ensinamos a vocês tanto nas nossas mensagens como na nossa carta. Que o próprio Jesus Cristo, o nosso Senhor, e Deus, o nosso Pai, que nos ama e que na sua bondade nos dá uma coragem que não acaba e uma esperança firme, encham o coração de vocês de ânimo e os tornem fortes para fazerem e dizerem tudo o que é bom!”

A partir da leitura trinitária das Escrituras sagradas, em especial do Novo Testamento, os fiéis dos primeiros séculos adoraram a Trindade presente nos textos apostólicos. Mas, com o passar do tempo, dúvidas surgiram e afirmaram apenas a unicidade de Deus. Entre aqueles que defendiam tal posição estava o arianismo. Fez-se necessário então voltar a discutir e formular posições sobre a trindade de Deus.

Duas declarações de fé, propostas nos séculos quarto e quinto da era cristã, têm norteado a compreensão da Trindade. Logicamente, para a teologia evangélica esses credos não podem ser vistos como dogmas, mas como elementos fundamentais para a discussão, por serem as primeiras formalizações teóricas da Trindade. Vejamos o que dizem esses credos:

“Cremos em um Deus Pai todo poderoso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis. E em um Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado como o Unigênito do Pai, isto é, da substância do Pai, Deus em Deus, luz de luz. Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial com o Pai, mediante o qual todas as coisas foram feitas, tanto as que estão nos céus, como as que estão na terra, que para nós humanos e para nossa salvação desceu e se fez carne, se fez homem, e sofreu, e ressuscitou ao terceiro dia, e virá para julgar os vivos e os mortos. E no Espírito Santo. Aos que dizem, pois, que houve [um tempo] quando o Filho de Deus não existia e que antes de ser concebido não existia, e que foi feito das coisas que não são ou que foi formado de outra substância ou essência, ou que é uma criatura, ou que é mutável ou variável, a estes a igreja católica [universal] anatematiza”.[1] 

“Fiéis aos santos pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpo: consubstancial [homoosious] segundo a divindade, e consubstancial [homoousios] a nós segundo a humanidade, ‘em todas as coisas semelhante a nós, excetuando o pecado’, gerado segundo a divindade antes dos séculos pelo Pai e, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, gerado da virgem Maria, mãe de Deus [theotókos]. Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, conseparáveis e indivisíveis. A distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar um só pessoa [prosopon] e subsistência [hypostasis]: não dividido ou separado em duas pessoas [prosopa]. Mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor, conforme os profetas outrora a seu respeito testemunharam, e o mesmo Jesus Cristo nos ensinou e o credo dos padres nos transmitiu”.[2]

I. A NATUREZA TRINITÁRIA

A natureza do Eterno pode ser considerada de dois modos: (1) como ela é em si mesma, como a vida de Deus; (2) e aquela que é revelada. Quando analisamos a partir do segundo modo, ou seja, da natureza trinitária revelada, temos a Sabedoria divina não criada, que pode ser definida como a mente divina que pensa a si mesma.

Nesse sentido, a Sabedoria, a Sofia trinitária não é uma simples idéia, mas algo real, embora não seja uma pessoa. Esta Sabedoria eterna revela a plenitude do Deus trino, mas revela também a beleza e a felicidade das três pessoas da Trindade, que nós chamamos de “glória de Deus”, que é diferente daquela glória que damos a Ele, porque a “glória de Deus” efetiva é aquela que Ele tem em si mesmo.

“O SENHOR me possuiu no princípio de seus caminhos e antes de suas obras mais antigas. Desde a eternidade, fui ungida; desde o princípio, antes do começo da terra. Antes de haver abismos, fui gerada; e antes ainda de haver fontes carregadas de águas. Antes que os montes fossem firmados, antes dos outeiros, eu fui gerada. Ainda ele não tinha feito a terra, nem os campos, nem sequer o princípio do pó do mundo. Quando ele preparava os céus, aí estava eu; quando compassava ao redor a face do abismo; quando firmava as nuvens de cima, quando fortificava as fontes do abismo; quando punha ao mar o seu termo, para que as águas não trespassassem o seu mando; quando compunha os fundamentos da terra, então, eu estava com ele e era seu aluno; e era cada dia as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo, folgando no seu mundo habitável e achando as minhas delícias com os filhos dos homens”. Pv 8.22-32.

Essa Sabedoria eterna -- que é apresentada em Provérbios como real, embora não seja uma pessoa, não é hipostática, tem o verbo hebraico qanah como origem, que significa possuir, dirigir e é diferente de barah, criar. A Sabedoria pertence indistintamente às três pessoas da Trindade, porém é revelação do Cristo e do Espírito. É revelação do Cristo enquanto universalidade das idéias divinas, e é revelação do Espírito enquanto glória de Deus.

Dessa maneira, as relações dentro da Trindade não são relações de origem ou causalidade, mas relações mútuas de revelação: o Pai se revela, o Filho e o Espírito revelam o Pai. Esta qualidade – a Sabedoria eterna – é a essência trinitária.

A geração do Filho e a expiração do Espírito não devem ser compreendidas com o conceito de procedência, já que este conceito leva à conclusão da desigualdade e a um caráter de subordinação entre as três Pessoas. O conceito correto é o da auto-revelação através da Sabedoria. Nesse sentido, as relações dentro da Trindade não são subsistentes, mas predicamentais. E porque a Sabedoria está nas três Pessoas, em sua hipóstase (pessoa) imediata, a Sabedoria é o Cristo, o Verbo de Deus, e o Verbo de Deus é Sabedoria. Mas está no Espírito que é a hipóstase do amor. 

“O amor de Deus, o amor do Pai pelo Filho e o amor do Filho pelo Pai, não é uma simples qualidade ou uma relação: ele possui uma vida pessoal, uma vida hipostática. O amor de Deus é o Espírito Santo, que procede do Pai ao Filho e que repousa nele. O Filho só existe para o Pai no Espírito Santo que repousa nele. Igualmente, o Pai manifesta o seu amor ao Filho através do Espírito Santo, que é a unidade de vida do Pai e do Filho. Esse é o lugar do Espírito Santo no âmbito da Santíssima Trindade”[3] 

A Sabedoria do Deus trino revela a glória do Pai, do Filho e do Espírito (Rm ll.33-36; Ef 1.11,12; Cl 1:16). Ela é qualidade de Deus, quer na criação (Sl.19:1-7; Sl.104), como na redenção (Ico 2.7; Ef 3.10).

A teologia cristã da Trindade designa um só Deus em três pessoas. Embora não apareça nas Escrituras o termo Trindade, a maioria quase absoluta da igreja cristã considera uma designação correta para o único Deus que se revelou nas Escrituras como Pai, Filho e Espírito Santo. Tal designação significa que dentro de uma única essência, a Sabedoria do Eterno, temos que distinguir três Pessoas que não são três deuses, nem três partes, nem três modos do Eterno se revelar, mas coiguais e coeternamente Deus.

Assim, podemos falar de:

a) Unidade do Eterno: Há no Eterno divino apenas uma essência, predicado das três Pessoas, a Sabedoria. Deus é um nesta sua natureza constitucional. Não há separação entre qualidades. Ele é tudo que Ele é e em tudo que Ele faz (Dt 6.4; Is. 43.40; Tg 2.19; 1Tm 2.5). A unidade da divindade é ensinada nas palavras de Jesus: Eu e o Pai somos um. (Jo.10:30). Jesus está falando da unidade da essência e não de unidade de propósito. (Jo.17:11,21-23, IJo.5:7). 

b) Pessoalidade na Trindade: Há três Pessoas no Eterno divino: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. (Mc.10:9;12:29; ICo.8:5,6; 1Tm.2:5; Tg.2:19; Jo.17:3; Gl.3:20; Ef.4:6). 

c) Diversidade na Trindade, ou seja, diversidade hipostática no Eterno divino. Algumas passagens mostram uma Pessoa se referindo à outra (Gn.19:24; Os.1:7; Zc.3:1,2; 2Tm.1:18; Sl.110:1; Hb.1:9). 

O Deus trino é o Eterno Eu Sou (Ex 3.14). O Deus trino é absolutamente independente de tudo fora de Si mesmo para a continuidade e perpetuidade do ser Eterno. O Deus trino é a razão de sua própria existência (Jo.5:26; At.17:24-28; ITm.6:15,16).

II. A TEOLOGIA DOS PAIS ORIENTAIS

A teologia dos Pais orientais é uma teologia trinitária por excelência, elaboradora das definições da unidade e diversidade das Pessoas na Trindade. O termo homoousios permitiu exprimir o mistério da Trindade. As relações entre as Pessoas da Trindade não são de oposição, nem de separação, mas de comunhão, de diversidade e de revelação recíproca no Pai. 

Os atributos, que são predicados e qualidades, se referem à natureza comum das três Pessoas sem diferenciações. Sendo a unicidade evocada na sua relação com à fonte que é o Pai. A inascibilidade do Pai, a geração do Filho e a processão do Espírito são as relações que melhor permitem distingui-las.

As relações de origem não são o único fundamento das hipóstases, que as constituiria e as esgotaria do seu conteúdo. A teologia dos pais orientais reserva um caráter sempre ternário das relações, suprimindo qualquer possibilidade de as reduzir à dualidade, à formação de díades no seio da Trindade.

Na Trindade encontram-se reunidos e circunscritos o uno e o múltiplo, no entanto, os Pais não procuravam justificar pela razão o número três. A matemática não justifica o um absoluto, sendo assim a unidade composta do Eterno não pode ser explicada através de pensamentos ditos “lógicos”, se a própria ciência não reconhece o um absoluto.

A teologia dos Pais orientais encara em primeiro lugar o subordinado e aí penetra depois para encontrar a natureza. Este método facilita a nossa compreensão, pois parte das três pessoas, como Jesus o fez na “Grande Comissão”, e chega-se a partir daí à unidade de Deus. Para os pais orientais partir da monarquia do Pai é tanto um perigo como partir da natureza una que se transforma em princípio da unidade na Trindade. O princípio de unidade não é a natureza, mas as relações de comunhão, de diversidade e de revelação recíproca que o Pai estabeleceu como fonte.

Confessar a unidade trinitária é reconhecer o Pai como a única fonte das hipóstases que simultaneamente recebem dele a mesma e única natureza. A hipóstase é a maneira pessoal de se apropriar da mesma natureza, sendo que cada uma delas na sua realidade única ultrapassa as simples relações de origem eterna. A única fonte hipostática é o Pai. E a geração do Filho e a processão do Espírito é isto: a auto-revelação do Pai, através do Espírito, no Filho; e a auto-revelação do Pai, através do Cristo, no Espírito. 

O Pai é a fonte da verdade, o Filho é o princípio da revelação da verdade do Pai, o Espírito Santo é o princípio da sua manifestação dinâmica e vivificante, ele é a vida da verdade. E através da humanidade glorificada do Cristo temos a expressão do amor da Trindade infinita, a participação na vida divina e a visão da glória do Deus trino.

Podemos, então, dizer que na economia da teologia trinitária a Trindade é o fundamento que possibilita as particularidades correlatas, Pai, Cristo e Espírito. É a primalidade ímpar de qualquer possibilidade, o que implica em união e equilíbrio. E porque é o fundamento das correlações e a presença mínima para a escolha não-arbitrária, é a base da unidade e diversidade em sua natureza e substância, e também do Ser enquanto Pai, Cristo e Espírito, distintos, a subsistir na mesma natureza. 

Na encarnação, o Cristo viveu a cenose (veja Glossário), a retração (Fp 2.6-7), e sentiu-se distante do Pai no momento de sua morte. Mas a correlação é real e necessária, e o que temos eternamente é plenitude e presença do Pai e do Espírito no Cristo. 

III. A TRINDADE NOS DOIS TESTAMENTOS

A principal contribuição do Antigo Testamento para a teologia da Trindade é enfatizar a unidade de Deus. Deus é singular e único, conforme Dt 6.4 -- “O Senhor nosso deus é o único Senhor”]. Deus exige a exclusão de todos os falsos deuses, descartando qualquer possibilidade de triteísmo (Dt 5.7-11).

“Chegai-vos a mim e ouvi isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em 
que aquilo se fez, eu estava ali; e, agora, o Senhor Iavé me enviou o seu Espírito”. Isaías 48.16. 

Mas é no Novo Testamento que a evidência trinitariana é esmagadora. Deus continua sendo pregado como Deus único (Gl 3.20), Jesus porém proclama sua própria divindade (Jo 8.58) e aceita a adoração de seus discípulos (Mt 16.16; Jo 20.28). É equiparado a Deus (Jo 1.1), e associado a Deus nas cartas de Paulo (1Co 1.3, etc.). Mas o Consolador, o Espírito de Deus é incluído no mesmo relacionamento (2Co 13.14).

O apóstolo Pedro destaca a eleição pelo Pai, a santificação através do Espírito e a aspersão do sangue de Jesus Cristo (1Pe 1.2) em relação à salvação dos crentes. No batismo de Jesus, as três Pessoas são mencionadas (Mt 3.16-17). Os discípulos são chamados a batizar em nome das três Pessoas (Mt 28.19) e a benção de Paulo, completa, inclui o amor de Deus, a graça do Filho e a comunhão do Espírito Santo (2Co 13.14). 

Por isso, podemos dizer com Irineu, "não foram os anjos que nos plasmaram, os anjos não poderiam fazer uma imagem de Deus, nem outro qualquer que não fosse o Deus verdadeiro, nem uma Potência que estivesse afastada do Pai de todas as coisas. Nem Deus precisava deles para fazer o que em si mesmo já tinha decretado fazer, como se ele não tivesse suas próprias mãos! Desde sempre, de fato, ele tem junto de si o Verbo e a Sabedoria, o Filho e o Espírito. É por meio deles e neles que fez todas as coisas, soberanamente e com toda a liberdade, e é a eles que se dirige quando diz: 'Façamos o homem à nossa imagem e semelhança'". Ireneu de Lião, Contra as Heresias, ano 189, IV, 20, 1.

Fonte
PINHEIRO, Jorge, Teologia Bíblica e Sistemática, o ultimato da práxis protestante, São Paulo, Fonte Editorial, 2012, pp. 53-62. 

[1] Credo de Nicéia (325 AD) in J. L. González, Uma História do Cristianismo, 2:97; em português contemporâneo por Jorge Pinheiro.
[2] Credo de Calcedônia (415 AD), Concílio de Calcedônia, Actio V, Mansi, VIII, 116s, in H. Bettenson, Documentos da Igreja Cristã, 1967, p.86, em português contemporâneo por Jorge Pinheiro.
[3] Serghiei Bulgakov, L’Ortodoxie, Paris, 1932, p. 2.

A saga de José Manoel da Conceição


Prof. Dr. Jorge Pinheiro dos Santos
Faculdade Teológica Batista de São Paulo
Eixo Temático: História
Categoria: Mesa redonda
“Se a historiografia brasileira relega o protestantismo a segundo plano, ou mesmo o ignora, a literatura mundial é plena de clássicos trabalhos sobre o protestantismo e sua grande e decisiva influência na construção do chamado mundo moderno. De fato, a Reforma do século XVI rompeu definitivamente com toda a estrutura do mundo medieval e liberou o homem para pensar e fazer. Os grandes princípios do livre exame, da salvação pela fé, do sacerdócio universal, do direito de rebelião, da democracia na igreja local e da legitimidade dos juros e do lucro foram para sempre consagrados como conquistas dos tempos modernos. A ética protestante do manejo racional do dinheiro e o desempenho no trabalho perpassa a história moderna, seja de maneira positiva ou negativa. Autores importantes têm responsabilizado o protestantismo pelos males do capitalismo, assim como outros reconhecem sua decisiva contribuição para a liberdade e a livre iniciativa, coisas que, apesar de tudo, trouxeram o homem para um posto de dignidade no mundo em contraposição à inexorabilidade do destino social a que estava relegado no mundo antigo. Neste ponto, tenho a impressão de que o nosso protestantismo no Brasil não se inteirou do que representam os princípios que a Reforma nos legou a partir do século XIX, embora alguns deles, mesmo de maneira inconsciente, tenham exercido alguma influência na modernização do Brasil”. Antonio Gouvea Mendonça, Protestantismo no Brasil, Apontamentos sobre sua contribuição para a cultura brasileira, ABIEE -- I Encontro para historiadores 2004, Piracicaba, São Paulo.

“José Manuel da Conceição (1822-1873) foi um ex-sacerdote católico que ingressou na Igreja Presbiteriana do Brasil. Primeiro brasileiro ordenado ao ministério evangélico, foi convertido a fé reformada pela influência dos missionários norte-americanos do presbiterianismo do Brasil. Dedicou-se ao trabalho de evangelista itinerante no interior da então província de São Paulo, visitando as suas antigas paróquias onde o zelo pelo ensino da Bíblia lhe rendeu o apelido de "padre protestante". Conceição encontrou nesses lugares o ambiente preparado para a formação de comunidades evangélicas. Exerceu seu ministério junto ao povo expondo o evangelho sem ferir sentimentos religiosos tradicionais”. Segundo a enciclopédia online Wikipedia.

O APÓSTOLO DO PROTESTANTISMO

Ele ficou só. Quase como toda a sua vida. Só. Incompreendido, mobilizado por idéias para muitos, talvez para a maioria, tresloucadas. Ideias de Deus na cabeça. É possível que aquele verso, tão batido, tão marcado em suas memórias, tivesse naquele momento voltado mais uma vez, tomado corpo na sua carne magra e mais envelhecida do que o tempo vivido. Os que esperam no Senhor renovam as suas forças. Voam alto como águias, correm e não se ficam exaustos, andam e não se cansam. Pelas andanças Brasil a dentro ele viu e amou ver o gavião, piar forte e sobrevoar o céu azul. Conheceu esse predador temido pelos outros pássaros. E quem já acompanhou a sua morte? Ele se aninha longe, lá em cima, naquelas montanhas da Mantiqueira e a gente não sabe, nem vê. Esse velho, de 59 anos, estava a morrer, sem eira nem beira, em casa emprestada no meio do caminho. Dormiu, e em meio aos sonhos do Senhor, deixou as trilhas da vida, os caminhos da peregrinação. Exalou o suspiro derradeiro e deixou para nós, quase cento e setenta anos depois, lições de protestantismo.

Esse homem foi batizado José Manoel, paulista, e nasceu numa época conturbada. Na verdade alguns meses antes dos brasileiros, liderados por um nobre português, declararem a indep0endência da terra. O ano era 1822. O garoto morou em Sorocaba e foi educado por um padre, José Francisco de Mendonça que, na verdade, era seu tio. Educação boa aquela, cheia de latim e classicidades. Coisa para nenhuma família rica colocar defeito, mas que em relação à família de José Manoel não era o caso.

Bem, com um tio como padre e uma educação dessas, foi praticamente natural a escolha que fez. Foi para o seminário de Sorocaba. E aí fez amizade com alguns estrangeiros, ingleses e alemães. A Inglaterra nessa época era a rainha dos mares e modelo para os países do mundo. A jovem nação, recém saída da independência, além das boas relações diplomáticas e comerciais, procurava copiar os modos e costumes ingleses, mas esbarrava naquele protestantismo anglicano, que ninguém entendia bem o que era, mas que não caia bem frente ao catolicismo professado por essas bandas. De todas as maneiras, os reformados alemães e ingleses entregaram ao jovem um costume, ler o livro preto. E o próprio José Manoel conta:

"Eu ia com frequência a uma fundição de ferro em Ipanema (em Sorocaba, na minha região) onde visitava a família Godwin, cujo pai, Mr. Godwin, era superintendente da casa de máquinas. Eu me comovia profundamente ao observar o completo silêncio que lá reinava aos domingos. Era uma família inglesa. Mais tarde, quando eu fui admitido na comunidade, eu vi a totalidade das famílias a ler a Bíblia e livros devocionais. Mais tarde eu visitei quase todas as famílias alemãs e em todas eu encontrei o mesmo quadro de devoção e religião. Comecei a pensar: quem sabe se estes estrangeiros têm tanta religião como nós, os brasileiros? Seria a religião deles igual à nossa? Ainda, quem sabe se eles são mais religiosos que nós porque são mais civilizados do que nós?" [1]

E foi ordenado padre em 1845. Imaginem que padre sofisticado: falava latim, o que poderia ser considerado natural, mas também inglês, francês e alemão, lia a Bíblia e achava que as obras meritórias não garantiam o céu a ninguém. Logicamente, o apelido veio rápido: padre protestante. Tinha vinte e dois anos. Exerceu seu sacerdócio até 1864 nas cidades de Monte Mor, Piracicaba, Santa Bárbara, Taubaté, Sorocaba, Limeira, Ubatuba e Brotas. Amado por suas ovelhas, pelo jeitão simples de homem do interior, mas também por sua verve profética, por seus sermões teológicos, ficou conhecido por esse interiorzão paulista. Seus superiores também gostavam dele, afinal era um homem profundamente sincero, porém guardavam dúvidas. Esse era um tempo novo para a terra de centenária presença católica. Agora, chegavam aqui as novidades protestantes, gente que adorava sem imagens, que não reconhecia a autoridade papal e que se deixassem traria para cá os ventos novos da rebeldia protestante. Por isso, os superiores do padre José Manoel tomaram algumas medidas, evitaram que se estabelecesse numa paróquia, para que esta não se tornasse quartel-general de ideias estapafúrdias. Virou padre andarilho, a visitar e ministrar nas paróquias no interior da Província de São Paulo. E assim foi por quinze anos.

Esse tempo foi muito importante para José Manoel. Serviu para ele conhecer a alma brasileira, tão dócil, obediente e supersticiosa nas coisas da fé. Serviu para conhecer a sua igreja, tão hierarquizada, tão metida na política e tão distante das necessidades reais do seu povo. E serviu, muito mais ainda, para ele pensar a sua condição de humano condenado à perdição eterna. Miserável homem que sou! Ah! Como doía na alma de José Manoel a sua condição de pecador!

As conversas com os estrangeiros, a leitura da Bíblia e de literatura protestante, entre as quais a tradução alemã da História Sagrada do Antigo e Novo Testamento, publicada pela Laemmert, editora protestante do Rio de Janeiro, foram formatando uma consciência reformada naquele padre. E isso começou a ficar translúcido no seu sacerdócio. Aconselhava seus fiéis a lerem a Bíblia e quando noivas o procuravam para confessar-se antes do casamento, o padre protestante dizia: "Eu e você precisamos nos confessar a Deus e não aos homens".

Desejava que suas paróquias estivessem comprometidas com a fé, queria melhorar as condições de vida religiosa de suas ovelhas. Mas ele próprio atravessava um momento de profunda crise espiritual. As questões da salvação e do valor meritório das obras fizeram com que trilhasse um caminho semelhante ao de Lutero, quando condenou as indulgências por proporcionarem uma paz falsa. Lutero disse que a Igreja e seu sistema de comutação negavam a graça de Jesus. José Manoel conhecia as ideias do monge alemão, mas será que ele estava certo, mesmo? Não podia, sob tal pressão e dúvidas, continuar a exercer seu ministério. Quis abandoná-lo, mas seus superiores apresentaram uma proposta mais suave, dispensá-lo temporariamente de suas funções sacerdotais.

E, assim, foi viver em uma casinha do interior, perto de Rio Claro. Foi então que a ação missionária o alcançou. O pastor Blackford, conhecedor da fama do padre protestante, resolveu visitá-lo. Não foram necessárias grandes e profundas discussões, José Manoel de alma contrita esperava um momento como esse.

“Acreditá-lo-eis? Quando embrenhado nas cavernas das rochas esperava morrer longe das visitas do Pastor Evangélico, ei-lo que de mansinho, cingindo em torno de sua fronte uma auréola de glória, que me consumia no fogo da confissão; ei-lo, trazendo no peito um coração de pomba, não se desprezando de se aproximar de mim, que mais parecia com uma fera que com este humano, toma-me pela mão, consola-me, cheio de uma amabilidade a mais nobre, e salva-me”.[2]

Foi batizado na Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, no dia 23 de outubro de 1864, e consagrado pastor em São Paulo, em novembro de 1865.

Se por um lado, José Manoel sabia que tinha tomado a decisão certa, abandonando os erros do catolicismo romano, depois de, por tanto tempo, ter pregado e espalhado pelos sete ventos essas doutrinas, a angústia continuava a macerar sua alma. De Deus não se zomba. Passou dias orando e meditando. O que fazer. Se é que podia fazer alguma coisa. E tão angustiado andava que nem recebia seus amigos missionários. Mas, enfim, sentiu a voz de Deus lhe falar. O sangue de Jesus Cristo purifica de todo pecado. Tranqüilidade de alma. Escreveu, então, uma profissão de fé evangélica, onde narrou suas lutas espirituais, num
estilo ardente, que hoje é um clássico da espiritualidade protestante brasileira.

E, assim, salvo pelo sacrifício vicário de Jesus, José Manoel lançou-se a maior de suas obras, apresentar às suas antigas ovelhas o Evangelho da graça. Iniciou seu ministério em Brotas, onde conquistou não apenas pessoas isoladas, mas famílias inteiras. Conhecido e respeitado, apesar dos apelidos na maioria das vezes ditos de forma carinhosa, falava de Jesus com tal fervor e doçura, que em Brotas, em apenas dois dias, levou ao batismo onze adultos e dezessete crianças. As famílias se convertiam, eram batizadas e participavam da celebração de ceia, no mesmo evento.

E assim, esse ex-padre, que de fato nunca abandonou totalmente sua catolicidade, passou a fazer viagens, aproveitando o conhecimento do interior paulista onde havia servido como padre. Em cada vila procurava explicar as razões da mudança em sua vida, os erros do catolicismo e a doutrina do protestantismo. Em sua última paróquia, Brotas, surgiu a que seria a maior igreja protestante no Brasil e que serviu para irradiar o presbiterianismo para outras regiões de São Paulo e Minas Gerais. Inicialmente, os primeiros seminaristas do presbiterianismo o acompanharam. Porém, após 1869, passou a realizar viagens solitárias. Em 1867, os missionários, vendo que enfrentava problemas emocionais e cansaço, fizeram com que viajasse para os Estados Unidos a fim de se tratar. Mas isso pouco adiantou. Ao voltar deu continuidade às suas viagens solitárias, que o distanciaram cada vez mais de seus colegas norte-americanos. Eles desejavam que José Manoel se sedentarizasse, assumisse uma igreja local, se estabelecesse como pastor presbiteriano. Mas o espírito de Paulo, o apóstolo, essa visão católica de falar ao mundo e as multidões, mesmo quando ia de casa em casa, o consumia. E a pastor-padre desaparecia por meses, se embrenhando por matas e mundos. Os missionários ficavam sem notícias de José Manoel e, não poucas vezes, mandaram pessoas à sua procura.

Teve sérias divergências com o projeto missionário dos norte-americanos. Intuitivo, mas conhecedor do jeito brasileiro de ser, sabia chegar ao povo e pregar um Evangelho contextualizado. Pautou seu trabalho pela itinerância, sem planejamento prévio. As divergências, na verdade, não eram apenas estratégicas, eram teológicas. Enquanto os missionários norte-americanos viam apenas idolatria e superstição na religiosidade brasileira, o José Manoel percebia os pontos positivos do catolicismo brasileiro. Mas do que construir uma nova religião. Começar do zero, desejava reformar o catolicismo. Não somente falando aos que estavam na base da pirâmide católica, mas a toda a Igreja. Nesse sentido, sonhou como Lutero e foi massacrado pelo sonho. Deixando para nós lições que até hoje não entendemos bem.

Esparsas notícias, uma situação permanente de quase fome durante as viagens, dormindo pelas beiras de estrada, e uma caridade franciscana, que o levava a dar o pouco dinheiro que ganhava às vezes como ofertas de antigas ovelhas eram doadas aos mais pobres ou, então, enviado para a missão. Uma muda de roupa gasta e suja, a comida frugal fez dele um pastor andarilho, magro, doente... Maltrapilho. Até preso foi, como indigente, até que sua identidade foi confirmada. Porém, não foi longe, desmaiou, foi socorrido por uma enfermaria militar do Campinho, próximo do Rio de Janeiro, onde morreu em 24 de dezembro de 1873.

Dados e números do seu ministério

Sua mensagem alcançou fazendeiros, líderes comunitários influentes, índios e escravos. E o deslocamento desses líderes para outras cidades levou o protestantismo a outras regiões do país.

Sua pregação itinerante começou em junho de 1866, na cidade de Ibiúna, e, a partir daí, fez cinco grandes viagens missionárias no período de um ano, no lombo de mulas ou a pé. Elas tiveram os seguintes itinerários:
·                 1ª viagem (03.03.1866 a 03.06.1866) – Ibiúna, Sorocaba, Brotas, Limeira, Campinas, Belém (Itatiba), Bragança, Atibaia e São Paulo.
·                 2ª viagem (04.06.1866 a início de outubro de 1866) – São José dos Campos, Caçapava, Taubaté, Pindamonhangaba, Aparecida, Guaratinguetá, Queluz, Rezende, Barra Mansa, Piraí, e retornou passando pelas mesmas cidades, uma a uma, até chegar a São Paulo.
·                 3ª viagem (final de outubro de 1866 a 16.12.1866) – Cotia, Ibiúna, Piedade, São Roque, Piracicaba, Porto Feliz, Itu, Brotas, Itaquari (Itirapina), Rio Claro, Limeira, Piracicaba, Capivari, Campinas Belém (Itatiba), Bragança, Atibaia, Santo Antônio da Cachoeira (Piracaia), Nazaré Paulista, Santa Isabel e São Paulo.
·                 4ª viagem (21.01.1867 a 07.02.1867) – Jacareí, Taubaté, Pindamonhangaba, voltando por Caçapava, São José, Jacareí, Taubaté e São Paulo
·                 5ª viagem (14.02.1867 a 02.04.1867) – Santa Izabel, Nazaré Paulista, Santo Antônio da Cachoeira (Piracaia), Bragança, Amparo, Mogi Mirim, Ouro Fino, Borda da Mata, Santa Ana do Sapucaí (Silvianópolis) e, por fim, voltando a São Paulo.
Durante essas jornadas se hospedava em casas de pessoas que se sentia abençoadas com sua presença. Chegou a se hospedar na casa do subdelegado em Ibiúna, discutiu com padres em Aparecida, foi ao Rio de Janeiro participar da consagração pastoral do missionário Chamberlain, em meio da sua segundo viagem.

Foi excomungado por apostasia em 2 de abril de 1867, um ano e cinco meses após sua ordenação pastoral. No dia 3 de maio de 1867 escreveu sua resposta à excomunhão, onde apresentou as incoerências entre o catolicismo e o protestantismo. Em seguida empreendeu viagem pelos arredores de São Paulo, tendo sido recebido por um padre, velho amigo quer ainda o amava.

No final de maio de 1867, apresentou no Rio de Janeiro um relatório onde destacou o poder da Palavra e do Espírito. Contou que crianças convertidas quebravam os ídolos de seus pais, pregavam a estes e até para os padres.

Nos Estados Unidos, onde ficou por um ano para descansar, fez conferências, produziu trabalhos literários, traduziu, fez revisão, e produziu uma versão portuguesa do Novo Testamento.

De volta ao Brasil em outubro de 1868, faz nova viagem passando por Angra dos Reis, Parati, Cunha, Lorena e chegando a São Paulo.

Sentindo-se abandonado, continuou suas viagens. Mais uma vez só. Passou, então, a dedicar-se aos mais humildes, levando instrução religiosa e caridade, apoio social, orientações de higiene, atuando com enfermeiro, ajudando em serviços domésticos.

Por mais quatro anos fez assim, vivendo humildemente. Morreu enquanto dormia, num catre emprestado pelo major Fausto de Souza, autor de sua primeira biografia, tamanho impacto que lhe causou o pequeno contato que teve com o apóstolo. O major, convertido, tornou-se médico, presidente da província de Santa Catarina e defensor do protestantismo pregado por José Manoel da Conceição.

Referências bibliográficas

Mathias, Luiz Guilherme Lochem, Ser protestante, sendo brasileiro, Uma leitura “tillihciana” da vida e dos escritos do pastor José Manoel da Conceição, dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Juiz de Fora, 2008.
Mendonça, Antonio Gouvea, Protestantismo no Brasil, Apontamentos sobre sua contribuição para a cultura brasileira, ABIEE -- I Encontro para historiadores, Piracicaba, São Paulo, 2004.
Ribeiro, Boanerges, O Padre Protestante, Casa Editora Presbiteriana, São Paulo, 1950.
Léonard, Émile-G., O Protestantismo Brasileiro: Estudo de Eclesiologia e História Social, ASTE, São Paulo, SP, 1963. Tradução do francês por Linneu de Camargo Schützer.
Souza, Major Fausto de Ex-Padre José Manuel da Conceição, Imprensa Evangélica, Fevereiro de 1884.

Jornal
O Puritano, Ano II, n.º 54, 14 de junho de 1900.
_______ , Ano II, nº 55, 21 de junho de 1900.
_______ , Ano II, no. 56, 28 de junho de 1900


[1] O Puritano, 14 de junho de 1900, p. 1 e seguintes.
[2] José Manoel da Conceição, Profissão de fé Evangélica, O Puritano, Ano III, no. 59, p. 2.

O plantador de Igreja

O que diferencia a Igreja de um museu 
Darrin Patrick

mercredi 9 mai 2012

Deus existe

Para discussão em sala de aula 
Apologética Cristã
(Recomendo, porém, a gregos e troianos)


vendredi 4 mai 2012

Ontologia e religião

Seminário em diálogo com o pensamento de Paul Tillich


Apresentação

A Associação Paul Tillich do Brasil e o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo têm o prazer de convidá-lo e convidá-la para o 18° Seminário em Diálogo com o pensamento de Paul Tillich.

Tema
Ontologia e religião
no pensamento contemporâneo em diálogo com Paul Tillich

Data: 16 a 18 de Maio de 2012

Local: Salão de Leitura- Ed. Gama

O evento é para todos os acadêmicos que se interessam em aprofundar o tema proposto. Todas as conferências serão seguidas de um debate. Haverá espaço para comunicações livres, que deverão tratar do tema do encontro e/ou do pensamento de Paul Tillich. A tradicional assembleia da Associação está convocada para o dia 17 de Maio às 17h00. Serão trocadas ideias sobre as atividades futuras.

Tema

Ontologia e religião
no pensamento contemporâneo em diálogo com Paul Tillich

Tillich insistiu sempre no caráter fundamental da ontologia para a filosofia e a teologia, na sua prioridade em relação com a epistemologia, como base da doutrina de Deus na Teologia Sistemática, como fundamento da análise religiosa da cultura e da ética. A ontologia de Tillich pode ser caracterizada como retomada idealista e existencial da ontologia clássica grega.

Pretendemos discutir a contribuição de Tillich à reflexão ontológica e os seus limites, em diálogo com alguns pensadores contemporâneos como Heidegger, Lévinas, Gadamer e Ricoeur.

Programa

Quarta-feira, 16 de Maio de 2010.
17h00 Abertura
17h15 a 18h45 Comunicações
20h00 Conferência e debate: Rui de Souza Josgrilberg (UMESP): Ontologia e religião em Paul Tillich e no pensamento contemporâneo.

Quinta-feira, 17 de maio.
8h30 Conferência e debate: Etienne Alfred Higuet (UMESP): Ontologia e teologia da cultura em Paul Tillich.
10h30 Conferência: Benedito Eliseu Cintra (São Camilo): Ontologia e religião em Emmanuel Lévinas.
14h00 Comunicações
17h00 Assembléia da Associação Paul Tillich do Brasil
19h30 Noite cultural

Sexta-feira, 18 de maio.
8h30 Conferência e debate: Marco Casanova (UERJ): Ontologia e religião em Martin Heidegger.
10h30 Mesa redonda: Eduardo Gross, Jonas Roos e Frederico Pieper (UFJF): Tillich em diálogo com Heidegger, Gadamer e Kierkegaard.
12h30 Encerramento.

Inscrição

A inscrição para participação e/ou apresentação de comunicações deve ser feita através do formulário no site: http://www.paultillich.com.br/inscricao

Quem pretende apresentar uma comunicação no evento deve efetuar sua inscrição até o dia 13 de Maio de 2012. Quem quiser apenas participar do evento pode se inscrever através do site até o dia 15 de Maio ou realizar a inscrição na abertura do encontro. Se houver dificuldades técnicas, solicita-se enviar inscrição para o e-mailcontato@paultillich.com.br

Taxa de inscrição: R$ 30,00 (depósito na conta do Instituto Ecumênico de Pós-Graduação em Ciências da Religião) ou na abertura do evento. Entregar o comprovante do depósito pessoalmente na chegada ao evento.

Banco do Brasil
Agência: 2897-5
Conta Corrente: 80952-7

Comunicação: O participante tem direito de apresentar uma comunicação científica no Seminário Paul Tillich que tenha relação com o tema do seminário e/ou sobre o pensamento de Paul Tillich. Pede-se o envio do resumo até o dia 13 de Maio. O tempo de apresentação no evento é de 20 minutos, com 10 minutos de discussão.

Para conseguir o certificado, pede-se a participação em pelo menos 50% do encontro.

Data e Local

O 18° Seminário em Diálogo com o pensamento de Paul Tillich: Ontologia e religião no pensamento contemporâneo em diálogo com Paul Tillich acontecerá entre os dias 16 e 18 de Maio de 2012, no Salão de Leitura da Faculdade de Teologia, no edifício Gama , Campus Rudge Ramos da Universidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo do Campo – SP. Entrada pela Rua Planalto ou Alfeu Tavares.

Hospedagem

Estamos verificando as possibilidades de hospedagem na Casa do Estudante, a três quarteirões da Universidade Metodista, ou no campus da Universidade. Preço a confirmar. Reservar com antecedência, com Ana Maria Fonseca; tel. 11/4366-5809 begin_of_the_skype_highlighting            11/4366-5809      end_of_the_skype_highlighting; e.mail: ana.fonseca@metodista.br (vagas limitadas). É preciso trazer roupa de cama. Podem entrar em contato também pelo e.mail contato@paultillich.com.br.

Para as refeições, há diversos restaurantes e lanchonetes no centro de convivência da UMESP e nas proximidades.


mercredi 2 mai 2012

Encontro teológico

Brasilidades, Ecologia e Protestantismo
Prof. Dr. Jorge Pinheiro 
Prof. Ms. Elcio Sant´Anna

As brasilidades e o Reino de Deus
Prof. Dr. Jorge Pinheiro
Ecologia, Meio Ambiente e o Povo de Deus
Prof. Ms. Elcio Sant´Anna 
ABN
OPBB 
Igreja Batista do Fonseca -- Niterói

04/05/2012 (SEXTA-FEIRA), 
19:30h -  Prof. Dr. Jorge Pinheiro  
As brasilidades e o Reino de Deus
O diálogo entre o protestantismo e a Cultura Brasileira
* 19h30-19h45 Abertura (ABN) 
* 19h45-21h - Prof. Dr. Jorge Pinheiro
* 21h-21h30 - Debate 
* 21h30-21h40 - Encerramento (ABN)
   
05/05/2012 (SÁBADO): 
Prof. Dr. Jorge Pinheiro e Prof. Ms. Elcio Sant´Anna
MANHÃ
8h30, Igreja Batista Fonseca (templo) 
* 8h30-8h45h - Abertura (ABN) 
* 8h45-10h - Prof. Ms. Elcio Sant´Anna
Ecologia, Meio Ambiente e o Povo de Deus
* 10h-10h15 - Cafezinho
* 10h15-11h15 - Prof. Dr. Jorge Pinheiro
* 11h15h-12h -  Debate   
TARDE 
14h, Igreja Batista Fonseca (salão) 
* 14h-14h15 - Abertura (ABN) 
* 14h15-15h15 - Prof. Ms. Elcio Sant´Anna
* 15h15-15h30 - Cafezinho
* 15h30 -16h30 - Prof. Dr. Jorge Pinheiro
* 16h30-17h15  - Debate 
* 17h15-17h30 - Encerramento (ABN)