A construção dessa analogia, que trabalhou com a teoria paradoxal das partículas de onda, contou com a participação do professor Dr. Mário
Olímpio de Menezes, físico do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, IPEN-CNEN/SP. A analogia e suas projeções teológicas, porém, são minhas.
A controvérsia sobre o Filioque introduziu um conceito grego no Credo e o Deus dos filósofos ontológicos tomou o lugar do Deus Eterno hebraico-cristão. A essência do Pai, do Filho e do Espírito Santo recebeu qualificações positivas, tornou-se objeto de uma teologia natural, relativa a Deus em geral, que reapareceu em Descartes, Leibniz e com os deístas do século XVIII, mas não é o Eterno triúno que os pais da igreja proclamaram.[1]
Ao concentrar esforços na análise da pessoa e ação do Espírito, o pensamento cristão oriental viu uma debilidade e um enfraquecimento da Trindade na teologia ocidental, já que tendemos a realçar a unidade do Eterno, tanto na teologia, quanto na realidade de nossa fé. Segundo o pensamento teológico oriental, perdemos com isso a percepção do lado trágico na existência e na história. Para a teologia cristã oriental, o Espírito significa o Eterno no homem e o Eterno presente no mundo e exatamente por isso liberdade. Dessa maneira, a teologia cristã oriental vê o Espírito como aquele que cumpre o que o Eterno diz, que distingue, une e personifica, aquele que é a atividade criadora do ser, revelador e, ao mesmo tempo, ouvinte e intérprete, em nós, do Cristo.
Tal postura leva a uma teologia que vê uma complementaridade entre pessoa e comunidade, religião e fé, pensar e agir. Fé e cristianismo não devem ser pensadas como relações de oposição, mas como correlação e encarnação. Da mesma maneira, por ser o Espírito a liberdade na pessoa e na comunidade, ficam de fora do compromisso cristão o individualismo e o coletivismo, substituídos pela busca da justiça social.
Ao privilegiar teologicamente a questão da liberdade da vida da pessoa -- a existência -- e da coletividade -- a historicidade humana --, o pensamento oriental trouxe novas perspectivas para a teologia ocidental. Por isso, o teólogo deve subordinar suas reflexões da unidade/diversidade trinitária aos dados revelados na Palavra de Deus, de forma semelhante ao físico ao formular a teoria paradoxal das partículas de ondas.
A teologia paradoxal das partículas de onda
Na física, como o todo, intensidade (I) é a razão entre potência, dado em watts (W), ou joules por segundo (j/s) -- o joule é medida de energia -- e área, dado em metros quadrados (m2), ou seja, watts por metro quadrado (w/m2). Então a fórmula da intensidade sonora é: I = E / Δt.A.
As partículas apresentam características que as fazem serem diferentes umas das outras. Essas características são as propriedades delas que servem para diferenciá-las e assim formar as famílias.
A primeira diferença notada entre as partículas foi à carga elétrica. A carga elétrica possui características muito interessantes, como possuir sinais contrários (+ e -), poder ser somada (uma carga positiva neutraliza a ação de uma carga negativa, ou seja, + com -, dá zero), é sempre conservada -- não se pode criar carga negativa sem criar uma positiva, ou seja, a quantidade de cargas de um sistema fechado é sempre a mesma. Partículas que possuem carga elétrica estão sujeitas a interação eletromagnética, formando assim uma família de partículas que sofrem essa interação. Esse é o caso dos prótons e dos elétrons.
Mas, não as únicas partículas que possuem carga, existem outras como o Múon, o Tau, o Sigma mais, o Delta mais e o Delta dois mais. A carga elétrica é uma propriedade muito importante neste estudo. É ela que vai indicar se a partícula sofre interação eletromagnética ou não. Partículas com carga elétrica líquida nula, como o caso do nêutron, não são influenciadas pela interação elétrica (Coulumbiana, ou seja, atração e repulsão elétricas), dando indícios que existem outro tipo de interação para denunciar a presença dessas partículas. A carga elétrica é dada em função da carga elétrica do elétron, que é a menor carga detectada isolada atualmente e, por isso, recebe o status de elementar. Assim, o elétron e o próton têm cargas iguais a 1, porém de sinais contrários. O próton é positivo e o elétron negativo. Por esse motivo, falamos que a carga elétrica é quantizada.
Uma propriedade quântica é o emaranhamento. Duas partículas emaranhadas possuem uma relação especial tal que, se medirmos uma delas, a outra será colapsada imediatamente! Não importa o quão distante elas estejam entre si. Por exemplo, vamos supor que duas moedas estejam emaranhadas, uma aqui na Terra e outra na Lua. Ambas estão girando sob uma mesa. Em determinado momento, uma pessoa bate na moeda e obtém ´cara´ como resultado. A moeda na lua, instantaneamente, colapsa em seu estado complementar, isto é, em ´coroa´. No nível quântico uma partícula pode estar lendo o ´0´, como o ´1´ ao mesmo tempo. Essa superposição de estados é uma propriedade quântica. Um ponto importante é que, para que duas partículas se emaranhem, é preciso que elas tenham tido um contato físico prévio.
A primeira diferença notada entre as partículas foi à carga elétrica. A carga elétrica possui características muito interessantes, como possuir sinais contrários (+ e -), poder ser somada (uma carga positiva neutraliza a ação de uma carga negativa, ou seja, + com -, dá zero), é sempre conservada -- não se pode criar carga negativa sem criar uma positiva, ou seja, a quantidade de cargas de um sistema fechado é sempre a mesma. Partículas que possuem carga elétrica estão sujeitas a interação eletromagnética, formando assim uma família de partículas que sofrem essa interação. Esse é o caso dos prótons e dos elétrons.
Mas, não as únicas partículas que possuem carga, existem outras como o Múon, o Tau, o Sigma mais, o Delta mais e o Delta dois mais. A carga elétrica é uma propriedade muito importante neste estudo. É ela que vai indicar se a partícula sofre interação eletromagnética ou não. Partículas com carga elétrica líquida nula, como o caso do nêutron, não são influenciadas pela interação elétrica (Coulumbiana, ou seja, atração e repulsão elétricas), dando indícios que existem outro tipo de interação para denunciar a presença dessas partículas. A carga elétrica é dada em função da carga elétrica do elétron, que é a menor carga detectada isolada atualmente e, por isso, recebe o status de elementar. Assim, o elétron e o próton têm cargas iguais a 1, porém de sinais contrários. O próton é positivo e o elétron negativo. Por esse motivo, falamos que a carga elétrica é quantizada.
Uma propriedade quântica é o emaranhamento. Duas partículas emaranhadas possuem uma relação especial tal que, se medirmos uma delas, a outra será colapsada imediatamente! Não importa o quão distante elas estejam entre si. Por exemplo, vamos supor que duas moedas estejam emaranhadas, uma aqui na Terra e outra na Lua. Ambas estão girando sob uma mesa. Em determinado momento, uma pessoa bate na moeda e obtém ´cara´ como resultado. A moeda na lua, instantaneamente, colapsa em seu estado complementar, isto é, em ´coroa´. No nível quântico uma partícula pode estar lendo o ´0´, como o ´1´ ao mesmo tempo. Essa superposição de estados é uma propriedade quântica. Um ponto importante é que, para que duas partículas se emaranhem, é preciso que elas tenham tido um contato físico prévio.
Pirâmide triagonal,
quando o átomo central possui par de elétrons emparelhados disponíveis
Assim, a partir da teologia paradoxal das partículas de onda, tomando em conta o argumento quântico, podemos dizer, numa construção analógica, que o Eterno trino é Pfe.
Donde, a questão da pessoa e de sua comunhão com a irredutibilidade do Eterno tem expressão na teologia paradoxal das partículas de onda onde emaranhamento é comunhão trinitária e adoção humana, conforme a oração de Efésios 1.3-14, onde é dito que o Pai determinou que seremos para Ele, “filhos de adoção por Jesus Cristo" (Ef 1.5). E que, aqueles que são justificados por Cristo, libertos da escravidão do pecado, não receberam "um espírito de servidão”, “para permanecerem ainda no temor”, mas receberam um "espírito de adoção" (Rom.8:15). Esta adoção por Deus, esta filiação, realiza-se na unidade com o Filho, já que "o mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com Ele padecemos, também com Ele seremos glorificados”. (Rm 8.16-17).
Tal compreensão é referendada por Irineu, Atanásio e outros pais da igreja, ao afirmarem que Cristo, imagem do Pai, é Filho pela Sua natureza divina e pela Sua filiação, ao passo que pessoas são filhos de Deus, à imagem de Cristo, por adoção.
Ainda na carta aos Efésios, Paulo retoma o tema num contexto eclesiológico (Ef 2.19-22) e diz que enquanto membros da igreja e filhos adotivos de Deus, os fiéis não são mais "estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e da família de Deus" (Ef 2.19). Na mesma carta, Paulo dobra os joelhos na presença "do Pai... do qual toda família nos Céus e na Terra toma o Seu nome" (Ef. 3:14-15).
A idéia de adoção/emaranhamento dá conteúdo ao conceito de pessoa em seu encontro com a irredutibilidade do Eterno e está presente na teologia de João, que retoma e amplia o tema da filiação. Assim, na oração de Cristo antes da paixão, no evangelho de João lemos:.."Como Tu, ó Pai estás em Mim e Eu em Ti, que também eles sejam um em Nós.." (Jo 17.21; cf. 17.11).
Assim, sintetiza Lossky a relação entre pessoa e a obra do Espírito.
“A obra do Espírito Santo refere-se às pessoas, dirigindo-se a cada uma delas. O Espírito Santo comunica na Igreja às hipóstases humanas, a plenitude da divindade segundo um modo único, ‘pessoal’, apropriado para cada homem enquanto pessoa criada à imagem de Deus... Cristo torna-se a imagem única apropriada à natureza comum da humanidade.; o Espírito Santo confere a cada pessoa criada à imagem de Deus a possibilidade de efetivar a semelhança na natureza comum. Um empresta sua hipóstase à natureza, a outra dá sua divindade às pessoas. Assim, a obra de Cristo unifica, a obra do Espírito Santo, diversifica: a unidade de natureza se realiza nas pessoas; quanto às pessoas, elas não podem alcançar sua perfeição, tornar-se plenamente pessoas, senão na unidade de natureza, deixando de ser ‘indivíduos’ que vivem para si mesmos, que têm natureza e vontade próprias, ‘individuais’. A obra de Cristo e do Espírito Santo, portanto, são inseparáveis: Cristo cria a unidade do seu corpo místico através do Espírito Santo e o Espírito Santo se comunica às pessoas humanas através de Cristo”.[2]
O Espírito no seu advento manifesta a natureza comum da Trindade, mas cancela-se enquanto pessoa, já que nele a vontade do Eterno não é mais externa. O Espírito está escondido pelo dom, para que o dom que ele comunica seja plenamente nosso. Ele nos dá a graça desde o interior, manifestando-se em nossa própria pessoa, até que a nossa vontade humana permaneça de acordo coma vontade divina e coopere com ela na obtenção da graça, fazendo-a nossa.
Assim, para Lossky, o Espírito é a unção que repousa sobre Cristo e sobre todos os cristãos que reinarão com ele no século futuro. Então essa pessoa desconhecida, que não tem sua imagem numa outra hipóstase, se manifestará nas pessoas plenas de Cristo: a imagem do Espírito será a multidão dos santos.
Citações
[1] Vladimir Lossky, Théologie Négative et Connaissance de Dieu chez Maître Eckhart, Paris, Vrin, 1973.
[2] Vladimir Losski, Teologia Mistica della Chiesa d’Oriente, Il Mulino, Bolonha, 1967, p. 159.