rascunhos
para uma teologia da vida
Prof. Dr. Jorge Pinheiro
“A democracia não acredita na harmonia natural, mas crê possível
submeter a natureza à razão. Ela crê numa harmonia metafísica, que se instaura
necessariamente do processo histórico”. Paul Tillich, “Écrits contre les
nazis”.[1]
Quando pensamos
no Brasil, e por extensão na América Latina, nos vemos obrigados a pensar a teologia
como alavanca para transformações que confrontem as estruturas de classe que
mantêm o status quo da
mundialização do capitalismo,
gerador de vítimas e de
excluídos de bens e direitos. Dessa maneira, entendemos a teologia como
geradora de ações culturais,
políticas e sociais, desencadeadas pela comunidade de fé, consciente e crítica,
com vistas à transformação radical, a fim de produzir mudanças estruturais no
regime e construir uma nova ordem social tanto brasileira, como latinoamericana.
A teologia tem, dessa maneira, como parceira organizações não-eclesiásticas,
partidos e organismos de classe de trabalhadores e socialistas. E tais ações
fazem da teologia praxis que leva cristianismo para além da comunidade de fé,
que a faz confrontar desigualdades, exploração e miséria. Tal teologia terá de confrontar
e enfrentar, assim, a oposição dos inimigos da justiça, paz e alegria do povo.
Por isso, este diálogo entre Antonio Gramsci e Paul
Tillich ganha importãncia, pois possibilita caminhar para tal teologia pública brasileira
e latinoamericana que, levando em conta as assimetrias, mas também as
aproximações do pensar político dos dois pensadores, construir uma teologia da vida,
social e libertária.
Antonio Gramsci
e Paul Tillich têm muito em comum. Ambos foram militantes políticos e
fundamentaram parte de suas concepções em Karl Marx. Por isso, consideramos
importante ver que aproximações e assimetrias existem em suas elaborações
teóricas. Cristianismo, democracia, e vida são temas que atravessam seus
estudos, e que aqui vamos confrontar. Desejamos, dessa maneira, acrescentar
elementos novos numa discussão cada vez mais acirrada em nossa América Latina:
ainda é possível a construção de regimes que favoreçam a plenitude do sentido
da vida?
Nos últimos
anos, como fruto da crise da esquerda mundial, mas também como fruto da
instalação de governos nacionalistas no continente, renasceu a busca pela
reflexão de pensadores marxianos. Assim, em várias universidades brasileiras,
Antonio Gramsci, por exemplo, passou a ser estudado como nunca fora antes.
Ora, a busca
pelo pensamento de Gramsci situa-se nesse contexto de garimpagem do marxismo
marginal, dito também não-ortodoxo. Aqui, nos interessa pensar Gramsci em
correlação com um filósofo, nada ortodoxo, Paul Tillich. Aliás, o pensamento
social de Tillich é praticamente desconhecido no Brasil, apesar de ter trabalhado
quase duas décadas sobre questões políticas analisadas a partir do que ele
chamou de socialismo religioso.
Gostaríamos de
começar essa discussão com uma idéia exposta por Tillich, de que a busca pelo
sentido pleno de vida, que ele vai chamar de socialismo, traduz um anseio que
brota da consciência crítica, transfomadora, num mundo autônomo e racional.
Assim, tal substância profética, ou seja, a consciência crítica e
transformadora, se exprime na praxis e, por isso, a relação entre profecia e
racionalidade é essencial.[2]
Como a linguagem
tillichiana é teológica, ao lê-lo nos vemos na obrigação de traduzi-lo. Assim,
o que significariam as expressões profético e profecia? Tillich parte de uma
compreensão peculiar do profetismo vétero-testamentário. Vê nele, tanto um
clamor, como uma ação, um movimento em prol da justiça, da paz e da alegria, que
dariam conteúdo, seriam a essência da religião de Israel e, por extensão, do
cristianismo e da Reforma protestante. Por isso, movimento profético é praxis
de crítica social, que na modernidade levou à racionalidade da autonomia. Mas,
para Tillich, justiça, da paz e alegria, ou seja, socialismo, implica em
correlação permanente e necessária entre consciência crítica e racionalidade na
autonomia. Assim colocada a questão, vemos que Tillich se afasta das correntes
socialistas que repousam exclusivamente no racionalismo, em especial do
bolchevismo, como das correntes que vêem a possibilidade de uma expansão
crescente da autonomia, via democracia. É essa preocupação de Tillich em
correlacionar razão e autonomia que possibilita esse diálogo crítico com
Gramsci.
De Gramsci
podemos dizer que recriou a linguagem da tradição marxiana e codificou
teoricamente seus conceitos, ao falar de estado regulado, filosofia da práxis,
grupo social, hegemonia, sociedade civil, estado ampliado, intelectual orgânico
e moderno Príncipe. Mas, neste texto, nos interessa analisar suas idéias sobre o
cristianismo, o intelectual e a democracia.
O desafio
cristão
Marx partiu do
fato de que o pensamento judaico/cristão torna o ser humano estranho a si mesmo
e desdobra o mundo em um mundo imaginário. Por isso, considerava que o trabalho
do teórico consiste em dissolver o imaginário judaico/cristão em sua base
terrena. Vai dizer, então, que Feuerbach não percebe que, findo o trabalho da
crítica da herança judaico/cristã, o principal ainda está por fazer. O fato de
que a base terrena se separe de si mesma e se estabeleça nas nuvens, como reino
independente, só pode ser explicado pela dissociação interna e pela contradição
dessa base terrena consigo mesma.
O que deve,
portanto, ser feito antes de qualquer coisa é compreendê-la em sua contradição
e depois remover essa contradição. Assim, por exemplo, após descobrir que a
família terrena é o segredo da Sagrada
Família, é a família terrena que deve ser criticada teoricamente e
revolucionada. Marx explica a fé cristã por meio das contradições da sociedade
humana e de suas dissociações, que induzem o ser humano a projetar fora do
mundo, em um paraíso, a realidade na qual desejaria viver. Mas como afirma
Radice,[3] na
quarta tese sobre Feuerbach, Marx afirma de modo explícito que a forma
judaico/cristã reflete um conteúdo histórico. Por estar impotente, o ser humano
imagina uma potência divina, por estar abandonado cria uma providência.
Gramsci verá o pensamento
de Marx como herdeiro de dois movimentos culturais, a Reforma protestante e a
Revolução francesa:
"A filosofia da práxis pressupõe todo este
passado cultural, o Renascimento e a Reforma, a filosofia alemã e a revolução
francesa, o liberalismo laico e o historicismo; em suma, o que está na base de
toda concepção moderna da vida. A filosofia da práxis é o coroamento de todo
movimento de reforma intelectual e moral, dialetizado no contraste entre cultura
popular e alta cultura. Ela corresponde ao nexo Reforma protestante mais
Revolução francesa: trata-se de uma filosofia que é também uma política e uma
política que é também uma filosofia".[4]
E por isso dirá que
"a religião cristã (...) foi e
continua a ser uma necessidade, uma forma necessária de racionalidade do mundo
e da vida". [5]
Marx pode,
então, ser entendido como desenvolvimento que se dá a partir de três correntes
da Reforma protestante: a luterana que legou Hegel, a calvinista que legou
Ricardo e a economia clássica, e a huguenote que criou o jacobinismo.
"A estas três fontes originais, Gramsci tenta
ligar a tradição cultural italiana, principalmente Maquiavel, como precursor do
jacobinismo, e Croce como desenvolvimento historicista da filosofia alemã. O
marxismo torna-se assim um ponto de convergência destas três correntes sob a
forma de crítica radical".[6]
Dessa forma,
para Gramsci, a Reforma foi não somente uma reforma ao nível da economia,
filosofia e política, mas também uma revolução cultural, no sentido de que
procurou forjar uma nova humanidade. Para Gramsci a consciência religiosa
cristã, que se traduziu em revolução cultural no século XVI, teve um caráter de
suma importância na construção do pensamento contemporâneo. Ou, nas suas palavras:
"da primitiva rusticidade
intelectual do homem da Reforma (leia-se Lutero) decorreu a filosofia clássica alemã e o vasto movimento cultural de
onde nasceu o mundo moderno".[7]
Podemos dizer que Gramsci, no que se refere ao
cristianismo, faz uma ponte entre Émile Durkheim e Max Weber.[8] Durkheim considera a religião a partir da idéia de
vínculo social. A religião constituiria uma comunidade moral na os adeptos
comungam um mesmo ideal. A palavra chave aí é solidariedade. E a solidariedade
leva a uma memória coletiva, que organiza lembranças, ritualiza a crença. Os
estudos de Durkheim sobre as sociedades têm o intuito de dar rumo a sua análise
na qual a divisão do trabalho foi anteriormente sua preocupação central. Mais
tarde, o diálogo com a antropologia será privilegiado e o universo da religião
será pensado como consciência coletiva, abordagem que ele estende ao
entendimento da nação, enquanto todo no qual os indivíduos partilham a mesma
memória coletiva.
Weber trabalha em sentido diferente. O cristianismo é
instituição, é igreja, que atua como empresa de salvação das almas. É
necessário, então, conhecer os meandros de sua doutrina, a organização de seu
clero e a disputa entre visões e interesses distintos no quadro das crenças
religiosas. Daí a atenção que dá ao pensamento divergentge, as rupturas no
interior de uma mesma ordem ideológica, e sua relação com o poder de Estado.
Assim, Durkheim busca o que une e Weber realça o que
separa. Mas Gramsci está interessado nas duas dimensões, no que une
e no que divide. O cristianismo, para ele, é uma concepção de mundo que elabora
versões sobre a realidade, o que possibilita aos fiéis atuar segundo
determinada ética, mas também os une no interior da mesma comunidade. Essa
idéia atravessa as páginas dos Cadernos
do cárcere, sintetizada na afirmação de que o catolicismo é o
"intelectual orgânico" da Idade Média.
A
intelectualidade orgânica
Partindo de uma
leitura do contexto europeu medieval, Gramsci estuda o papel dos intelectuais
católicos: seu cosmopolitismo, incentivado pelo poder de Roma, em relação à
fragmentação do poder feudal e sua intolerância diante do pensamento divergente
que ameaça a unidade da Igreja. Mas, na qualidade de orgânico, o catolicismo
funcionaria como cimento cultural entre diferentes setores de uma sociedade
hierárquica. Assim, o catolicismo integra o que se encontra separado por lutas
de interesses e discordâncias doutrinárias. O catolicismo, no entanto, é parte
de uma superestrutura mais ampla, a ideologia. É uma cosmovisão, tem valor
cognitivo, interpreta o mundo ético, orienta a ação, e constrói uma moral que
baliza a solidariedade dos fiéis. As ideologias possuem potencialidades
diferentes destas, por isso Gramsci faz distinção entre filosofia e
cristianismo católico, e entre cristianismo católico e senso comum, mas, ainda
assim, todas as ideologias podem ser pensadas a partir dessa mesma matriz
teórica.
Dessa maneira,
as análises de Gramsci rompem com a tradição marxiana, já que a ideologia, mas
do que falsa consciência é entendida como elemento cognitivo, concepção de
mundo que brota da vida social. Para ele, como concepção de mundo, o
cristianismo não seria alienante, mas deve ser entendido como ideologia
presente na história. Exemplo disso foi o catolicismo, que possuía valor positivo,
era orgânico, e construiu vínculo social entre as classes e os grupos sociais.
Mas, no correr da Idade Média perdeu essa positividade, ao perder sua função de
solidariedade, e passou a atuar como força reativa diante das mudanças.
E se Gramsci se
mantém marxiano no que se refere à crítica da transcendência e, por extensão, da
natureza humana, a conclusão que se impõe é que não há sociedade sem ideologia.
Gramsci prepara, assim, o caminho para outros teóricos do pensamento marxiano,
como Althusser e seu "animal ideológico", e Lévy-Strauss e seu
"animal simbólico".
Mas Tillich teve
uma compreensão diferente daquela de Gramsci, que entende a vanguarda enquanto
intelectualidade orgânica, mas não vê o movimento de massas em processo
dinâmico que pode levar ao surgimento de uma massa orgânica. Há uma divergência
entre os dois pensadores: a crítica intelectual não se limita ao intelectual
orgânico, é um processo maior que gera a massa orgânica, com dupla ação: de
liderança da sociedade e de transformação da situação-limite.
Na perspectiva
tillichiana, a passagem da heteronomia à autonomia se deu através de ciclos que
atravessaram épocas. Assim, os movimentos dinâmicos das massas estão presentes nos
movimentos religiosos do jovem cristianismo, no movimento político da migração
dos povos, no movimento religioso da Reforma, no movimento anabatista e no
movimento socialista. Embora
esses movimentos possam ser encontrados em diversas épocas, estão presentes em
diferentes esferas da cultura, mas sempre como movimentos de liberdade: as
massas dinâmicas são parteiras de escravos, de povos, de trabalhadores.
Por isso, segundo Tillich, não
podemos ver o pensamento de Marx como algo que já se esgotou, se nos propomos a
fazer a crítica consciente e transformadora, pois a justiça não é justificativa
ideológica das democracias, nem idealismo progressivo ou sistema de harmonia
autônoma. A busca incondicional da justiça dentro do espírito da crítica profética
e com os métodos do marxismo transcende o mundo.[9]
Mas até que ponto a metodologia marxiana e uma conquista do poder político
poderiam dar sentido à vida? Só se a busca incondicional da justiça levar em
conta que a corrupção também está localizada nas profundezas do coração humano.[10]
O teólogo da vida deve entender
que as forças demoníacas da injustiça e da vontade de poder jamais serão
plenamente erradicadas da cena histórica. Precisa compreender que a corrupção
da situação humana tem raízes mais profundas do que as estruturas históricas e
sociológicas. Estão encravadas nas profundezas do coração humano.
“Como Kierkegaard, Marx fala
da situação alienada do homem na estrutura social da sociedade burguesa.
Empregava a palavra alienação (entfremdung) não do ponto de vista
individual, mas social. Segundo Hegel essa alienação significa a incursão do
Espírito absoluto na natureza, distanciando-se de si mesmo. Para Kierkegaard
era a queda do homem, a transição, por meio de um salto, da inocência para o
conhecimento e para a tragédia. Para Marx era a estrutura da sociedade capitalista”.[11]
Por isso, a regeneração da
humanidade não é possível apenas mediante mudanças políticas, mas requer
mudanças na atitude das pessoas em favor da vida. De todas as maneiras, para
Tillich e para Gramsci há uma busca comum de respostas entre aquele que encarna
o espírito crítico e a ação consciente do intelectual orgânico. Ou como diz Gramsci:
"Se a relação entre
intelectuais e povo/nação, entre dirigentes e dirigidos, entre governantes e
governados, é dada por uma adesão orgânica, na qual o sentimento paixão
torna-se compreensão e, portanto, saber, não mecanicamente, mas de forma viva,
é somente então que a relação é de representação e que se produz o intercâmbio
de elementos individuais entre governados e governantes, entre dirigidos e
dirigentes, isto é: que se realiza a vida conjunta que, só ela, é a vida
social, cria-se um bloco histórico".[12]
Para Gramsci, o
intelectual quando representa determinada comunidade têm função
superestrutural, ou seja, cultural, mas, apesar de sua organicidade, precisa
exercer autonomia em relação às pressões sociais que sofre. É dessa postura que
nasce a força crítica e a compreensão de que diante da realidade há
alternativas diferentes daquelas expressas pelo poder.
A partir de
Tillich e Gramsci podemos dizer que o princípio da crítica intelectual é
expressão humana e verbal do incondicionado, e resgata a tradição do profetismo
bíblico, que possuía uma
concepção unitária do fato e procurava a síntese entre política e ética. O
profetismo era ao mesmo tempo revolucionário, mesmo quando voltado para o
passado, e conservador, mesmo quando impulsionado pela paixão do porvir. Nada
fazia sem invocar a tradição, no entanto, sua mensagem eram os novos tempos. Os profetas
sabiam servir-se do passado para as necessidades do presente. Todos pareciam
ter algo em comum: uma atitude realista. A pregação do futuro não constituía o
essencial de seus clamores; era antes, o fruto e o resultado final de um
conhecimento aprofundado no mundo adjacente, da atualidade e do passado.
Ora, essa função profética está presente na compreensão crítica de Gramsci e de
Tillich do intelectual orgânico.
Mas, não podemos esquecer que para
Tillich há limites para a ação do intelectual, pois a razão não é global. Ao
contrário, cada criação do espírito é necessariamente afetada pelos limites da
situação que a viu nascer. O espírito está sempre ligado a uma classe. No
espírito está implícita uma situação particular de luta, de dominação ou de
opressão, que conforma a própria consciência. Entendido assim, o espírito não é
universalmente o mesmo em cada pessoa, exprime um ser social particular. A
passagem à cultura não se faz simplesmente pela transmissão de bens culturais
universais, mas pela formação inculcada por uma sociedade e uma situação de
lutas determinadas, em meio a obras que exprimem ou exprimiram no passado esta
possibilidade humana particular.[13]
Numa leitura
cristã protestante, Tillich
considerou a busca pelo sentido pleno de vida produto do desenvolvimento
econômico e espiritual, que preparou e se impõe com a Renascença, a Reforma e o
surgimento do capitalismo. Visão compartida por Gramsci. Assim, a busca pelo sentido pleno
de vida surge em oposição à cultura autoritária e unitária da Idade Média,
sedimenta suas bases nas criações culturais dos últimos séculos, e só pode ser
compreendida a partir desta evolução: sua permanência está ligada a esse
desenvolvimento. Mas não devemos esquecer, porém, que foi do interior do
cristianismo que brotaram as idéias modernas de justiça.
Para a construção de seu pensamento, Gramsci foge das construções ontológicas, e analisa a sociedade como conjunto de forças, imersas na história e marcada por interesses diversos. Podemos ver isso quando em carta à sua cunhada Tatiana Schucht. de dezembro de 1931, expõe seu conceito de Estado ampliado:
“Eu amplio muito a noção de intelectual e
não me limito à noção corrente que se refere aos grandes intelectuais. Esse
estudo leva também a certas determinações do conceito de Estado, que
habitualmente é entendido como sociedade política (ou ditadura, ou aparelho
coercitivo para adequar a massa popular a um tipo de produção e a economia a um
dado momento); e não como equilíbrio entre a sociedade política e sociedade
civil (ou hegemonia de um grupo social sobre a inteira sociedade nacional,
exercidas através de organizações ditas privadas, como a igreja, os sindicatos,
as escolas, etc.)”.[14]
Democracia e sentido
pleno de vida
Ora, em
geopolítica, hegemonia significa a supremacia de uma nação sobre outras, seja
por sua presença militar, de coerção, seja pela presença política e cultural.
Mas na política, o conceito formulado por Gramsci descreve a dominação
ideológica de uma classe sobre outra, no caso da burguesia sobre os
trabalhadores.
Em Gramsci não é
possível o domínio bruto de uma classe sobre as demais, a não ser nas
ditaduras, ou seja, no Estado-coerção. Mas uma classe dominante para ser
dirigente deve articular um bloco de alianças e obter o consenso passivo das
classes e camadas dirigidas. Nessa busca de alianças, necessárias, a classe
dominante sacrifica parte dos seus interesses materiais imediatos, vai além do
horizonte corporativo, com a finalidade de construir uma hegemonia ética e política.
Ao estudar os
mecanismos de construção desta hegemonia, Gramsci chega a um conceito
fundamental na sua teoria política, a saber, o conceito de Estado ampliado. O
Estado moderno na Europa analisada por Gramsci não seria, para ele, apenas
instrumento de força a serviço da classe dominante, mas força revestida de
consenso, ou seja, combinaria coerção e hegemonia. O Estado ampliado pode,
então, ser entendido como sociedade política mais sociedade civil. E, nas
sociedades de tipo ocidental, a hegemonia, que se decide nas inúmeras
instâncias e mediações da sociedade civil, não pode ser ignorada pelos grupos
sociais subalternos que aspiram a modificar sua condição e a dirigir o conjunto
da sociedade.
O sentido de
progresso civilizatório que a teoria gramsciana implica, reside no fato de que
todo o movimento deve acontecer no sentido de uma absorção do Estado político
pela sociedade civil, com o predomínio crescente de elementos de autogoverno e
autoconsciência. A partir dessa teorização, Gramsci formula nos Cadernos do cárcere uma crítica ao
stalinismo, a partir dos traços de hipertrofia do Estado soviético, que chama
de estatolatria, considerando que tal estado de ditadura sem hegemonia não
subsistiria por muito tempo.
Assim o Estado
se compõe de dois segmentos distintos, porém atuando com o mesmo objetivo, que
é o de manter e reproduzir a dominação da classe hegemônica: a sociedade
política, estado-coerção, a qual é formada pelos mecanismos que garantam o
monopólio da força pela classe dominante, burocracia executiva e
policial-militar; e a sociedade civil, formada pelo conjunto das organizações
responsáveis pela elaboração e difusão das ideologias, composta pelo sistema
escolar, Igreja, sindicatos, partidos políticos, organizações profissionais,
organizações culturais: meios de comunicação e de massa.
E aqui merecem
destaque os meios de comunicação, pois para sua época estavam ainda em sua fase
embrionária, e a televisão nem sequer fazia parte dos projetos futuros. Isto só
seria possível no início da década de 1950. É exatamente através dos meios de
comunicação da alta modernidade, que se dá a canalização da direção intelectual
e moral, difundindo as ideologias da classe hegemônica vigente.
Assim, o Estado
é a sociedade política gramsciana. E esta sociedade civil representa a nova
determinação apresentada por Gramsci. Esta sociedade civil assume crescente
dimensão no começo do século vinte, com os partidos de massa, sindicatos de
trabalhadores e outras formas de organizações sociais. É após seu
desenvolvimento histórico que a sociedade civil pôde ser capturada
teoricamente. Antes disso, o estado-coerção era muito superior em sua base
material para se permitir tal percepção.
O que chama a
atenção no modelo do Estado ampliado, desde o Leviatã de Hobbes até Marx, é o
sentido unitário do Estado. Ou seja, até Marx, o Estado era entendido como algo
diferente da sociedade civil, que seria extinto quando se extinguisse a divisão
de classes dentro da sociedade, uma vez que era esta divisão que produzia a
necessidade do Estado.
Em Gramsci,
porém, quando agrega a sociedade civil ao Estado-coerção, nada fica de fora do
Estado. Este todo, entretanto, não é homogêneo, é rico em contradições e é
mantido pelo tecido hegemônico que a cada momento histórico é recriado em
processo permanente de renovação.
Assim, a luta
pela construção de uma sociedade plena de sentido de vida, torna-se mais
complexa e difícil do que imaginava Marx. Não basta ser classe dominante, tem
que ser também classe hegemônica, dirigente. Desta forma, o campo da luta entre
as classes se amplia. E a democracia necessária ao sentido pleno de vida será
construída pelo bloco histórico hegemônico. Neste momento, a sociedade civil
terá atingido uma base material superior a base material do Estado-coerção, atingindo
o que Gramsci chama de sociedade regulada.
Com a gradativa
absorção da sociedade política pela sociedade civil, que atua através dos seus
aparelhos de hegemonia, o estado-coerção será substituído pelo estado-ético. E
esta figura remanescente do estado-coerção, torna mais factível o modelo social
voltado para a democracia de bens e direitos e menos utópico em relação ao que
planejara Marx.
Nesta concepção
de Estado, as democracias ocidentais possibilitariam o sentido pleno de vida.
Mas fica uma questão: se a supremacia da sociedade civil se dará pelo consenso
contra a coerção, onde fica o conceito de luta de classes, momento celular do
pensamento marxiano?
Na verdade, para
Gramsci a extinção da coerção do estado se dará pela absorção deste pelo estado-ético,
ou seja, pela sociedade civil. Esta sociedade civil está inserida no estado
ampliado e, por isso, não se pode falar de extinção do estado, mas de uma
reorganização do estado onde um de seus componentes, está atrofiado por
disfunção ou necessidade, já que os conflitos passaram a ser administrados pela
base material do consenso.
Há, porém, dois níveis superestruturais nas sociedades democráticas: o estado ampliado, que é a sociedade civil, ou o conjunto dos aparelhos privados de hegemonia; e a sociedade política, ou o estado no sentido restrito do termo, composto pelos organismos de coerção do aparelho burocrático-militar de dominação política.
Nesse espaço a sociedade civil como espaço do domínio da ideologia, portador material da hegemonia, encontra a possibilidade de legitimidade, de consenso, através dos aparelhos privados de hegemonia que propagam valores ideológicos.
Assim, o
conceito de estado ampliado procura apreender a configuração de forças sociais
e políticas resultantes dos estados ocidentais do século vinte, idéia que
confronta a proposta de Trotsky de revolução permanente a partir da concepção de
hegemonia civil. Tal proposta-conceito parte da idéia de guerra de posição, que
exige uma frente de combate no campo cultural, unida às frentes econômicas e
políticas para a conquista da hegemonia pelas classes subalternas. A fórmula
hegemonia civil propõe a participação das maiorias sociais nos aparelhos
privados de hegemonia (sindicatos, partidos, escolas, igrejas, imprensa), que
constituem as trincheiras de luta para obter posições de direção no governo da
sociedade.
A proposta de
extinção do estado, no entanto, nunca é plena, pois sempre restará o governo
para cuidar da sociedade civil. É claro que se entendermos assim podemos dizer
que na distinção de função entre as pessoas que governam e as que vivem a vida da
sociedade de consenso está presente ainda a dominação entre as classes e,
portanto, os restos da coerção do Estado se farão presentes.
Em Gramsci está
presente uma utopia que atravessou todo pensamento socialista: sonhar com o bom
selvagem de Rousseau, em oposição ao homem é o lobo do homem de Hobbes. Esse
Estado ético é uma idealização do ser humano, que poderia viabilizar a
construção de uma sociedade ética, igualitária e justa.
Mas, mesmo
questionando Gramsci, podemos utilizar seus conceitos de estado ampliado e de
hegemonia civil como estruturas de pensamento válidas para a análise social,
não como proposta da utopia socialista, mas como ferramenta para delimitar e
compreender o desenvolvimento das sociedades ocidentais contemporâneas,
principalmente aquelas que se propõem democráticas.
Rascunhos de
teologia
A busca pelo sentido
pleno de vida e os movimentos de liberdade sempre
estiveram ligados, mas isso não significa que não existem tensões entre o
momento universal e o momento particular. O momento universal pode formular
exigências que ameaçam absorver o momento particular. A busca pelo sentido
pleno de vida se tornará, então, uma idéia geral,
desprovida de raízes sociais e perderá sua força histórica. Este é o perigo de
uma luta pela justiça restrita à intelectualidade. Esse perigo provém da
situação burguesa e de seu pensamento político particular, que procura elaborar
uma ordem social futura fundada sobre a justiça, mas deixando de lado a
situação proletária real.[15]
Seja qual for o valor que se atribua a esta tentativa, ela não será de fato
justiça social. A luta contra o intelectualismo utópico se apóia sobre a
ligação indissolúvel que Marx viu entre sentido pleno de vida e proletariado, que não pode ser quebrada por essa harmonia metafísica proposta pela
globalidade burguesa.
Para Paul Tillich existe na esfera
política uma relação entre razão e autonomia. Toda estrutura política pressupõe poder e um grupo que o assume. Mas um
grupo de poder é também um conglomerado de interesses opostos a outras unidades
de interesses e sempre necessita uma correção. A democracia está justificada e
é necessária na medida em que é um sistema que incorpora correções contra o uso
errôneo da razão política.[16]
Assim, a teologia e a política não são realidades estanques, porque as
raízes do pensamento político não são apenas pensamentos. Teologia e política,
no mundo ocidental, estão imbricados, mas não existem sem a necessidade de
correção, ou seja, da democracia.[17]
Tal compreensão da realidade ocidental no pós-guerra levou Tillich
a se debruçar sobre projetos que tiveram início ainda na sua fase alemã, como a
sua reflexão sobre a cultura. Mas a maioria de seus companheiros, que esperavam
a realização da vida social plena de sentido, diante do visível abandono dos direitos civis e humanos, assim
como a descoberta da existência de gulags nos países comunistas, se
desiludiu.
“O movimento marxista não foi
capaz de se criticar por causa da estrutura em que caiu, transformando-se no
que chamamos agora de stalinismo. Dessa maneira, todas as coisas em favor das
quais os grupos originais tanto lutaram acabaram sendo reprimidas e esquecidas.
Em nosso século vinte temos tido a ocasião de melhor perceber a trágica
realidade da alienação humana no campo social”.[18]
Tal política comunista fez com que Tillich, que não se considerava
um utópico, constatasse que “o amanhecer de uma nova era criativa” se
distanciava da humanidade.[19]
Assim, alertou para o perigo, a partir da experiência stalinista de que, em nome
da busca pelo sentido pleno de vida, sociedades mergulhassem no totalitarismo, já que não
aceitavam a pluralidade de partidos políticos e as liberdades civis, que ele e
os socialistas-religiosos defendiam. Mas é interessante ver que descartava
qualquer possibilidade de hegemonia permanente, quer por parte do bloco
soviético, quer por parte do bloco ocidental:
“Novos centros de poder podem aparecer, primeiro secretamente,
e depois, então, abertamente, levando para a separação de ou para a
transformação radical do todo. (...) O poder inicia a luta novamente e o
período determinado do império mundial será tão limitado quanto o foi o período
augustiniano de paz”.[20]
E afirmou que um mundo sem as dinâmicas do poder, sem a tragédia
da vida e da história não é o reino de Deus, nem a finalidade do ser humano,
pois o fim está limitado à eternidade e nenhuma imaginação pode atingir o
eterno. Mas as antecipações fragmentárias são possíveis.[21]
Assim, falar de teologia da vida significa entender que a busca pela incondicionalidade
da justiça e, por extensão, da paz e alegria, traduz a defesa do sentido último do significado profundo das
raízes do humano e que, no mundo contemporâneo, diante do trovejar dos canhões
e da ameaça à existência, deve levantar-se como voz profética de um mundo novo.
I. BIBLIOGRAFIA ANTONIO GRAMSCI
1. Escritos
1910-1926
A questão meridional. Introdução e
seleção de Franco de Felice e Valentino Parlato. Apresentação de Carlos Nelson
Coutinho. Trad. Carlos Nelson Coutinho e Marco Aurélio Nogueira. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1987. 165p. [Contém 10 textos do período 1916-1926].
Conselhos de fábrica. Introdução de A. Leonetti. Prefácios de Carlos Nelson Coutinho e Maurício Tragtenberg. Trad. Marina B. Svevo. São Paulo: Brasiliense, 1981. 121p. [Contém 6 artigos de Gramsci da época de L'ordine nuovo, escritos entre 1916-1920, bem como outros 6 artigos polêmicos de Amadeo Bordiga].
2. Dos "Cadernos do cárcere" (1929-1935).
Concepção
dialética da história. Apresentação de Carlos Nelson Coutinho e Leandro
Konder. Orelha de Luiz Mário Gazzaneo. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 1966 (6a. ed., 1986), 341p.
Literatura e vida nacional. Seleção, tradução e orelha de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968 (3a. ed., 1986). 273p.
Maquiavel, a política e o Estado moderno. Tradução e orelha de Luiz Mário Gazzaneo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968 (8a. ed., 1987), 444p.
Os intelectuais e a organização da cultura. Tradução e orelha de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968 (5a. ed., 1987), 244p.
(Edição em seis volumes)
Volume 1:
"Introdução ao Estudo da Filosofia. A Filosofia de Benedetto Croce".
Edição de Carlos Nelson Coutinho, em colaboração com Luiz Sérgio Henriques e
Marco Aurélio Nogueira. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Orelha de Joseph A.
Buttigieg. Quarta capa de Eric Hobsbawm. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1999. 494p.
Volume 2: "Os Intelectuais. O Princípio Educativo. Jornalismo". Trad. Carlos Nelson Coutinho. Orelha de Leandro Konder. Quarta capa de Norberto Bobbio. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. 334p.
Volume 3: "Maquiavel. Notas sobre o Estado e a política". Trad. Carlos Nelson Coutinho, Luiz Sérgio Henriques e Marco Aurélio Nogueira. Orelha de Francisco de Oliveira. Quarta capa de Pietro Ingrao. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, 428p.
Volume 4:
"Temas de cultura. Ação Católica. Americanismo e fordismo". Trad.
Carlos Nelson Coutinho e Luiz Sérgio Henriques. Orelha de Luiz Werneck Vianna.
Quarta capa de Michael Löwy. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
394p.
Volume 5: "O Risorgimento. Notas sobre a história da Itália". Trad. Luiz Sérgio Henriques. Orelha de Octavio Ianni. Quarta capa de Valentino Gerratana. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. 461p.
Volume 6:
"Literatura. Folclore. Gramática. Apêndices: variantes e índices".
Trad. Carlos Nelson Coutinho e Luiz Sérgio Henriques. Orelha de Alfredo Bosi.
Quarta capa de Giorgio Baratta. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
495p.
II. BIBLIOGRAFIA PAUL TILLICH
A Era Protestante, São
Bernardo do Campo, Ciências da Religião, 1992, p. 274. The Protestant Era, Chicago, Illinois,
University of Chicago, 1948. Trad. pt. de Jaci Maraschin. “Die protestantische Ara”, Der Protestantismus als Kritik und Gestaltung,
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1932-1935, Paris, Genève, Québec : Les Éditions du Cerf, Éditions
Labor et Fides, Les Presses de l’Université Laval, 1994. Christentum und soziale Gestaltung. Frühe Schriften zum religiösen
Sozialismus, Evangelisches Verlagswerk Stuttgart, Gesammelte Werke II, 1962. Trad. fr. Nicole Grondin e
Lucien Pelletier.
La lutte des classes et le
socialisme religieux [artigo publicado no Religiöse Verwirklichung de 1930.
Gesammelte Werke, II, pp. 175-192] in Christianisme et Socialisme, Écrits
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Fides, Les Presses de l’Université Laval, tradução de Nicole Grondin e Lucien
Pelletier, 1992.
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Protestante nos séculos XIX e XX, São Paulo, ASTE, 1999. Texto original: Perspectives on 19th
and 20th century protestant theology, New York, Harper and Row
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Rego, Reflexões sobre A Teoria Ampliada do Estado em Gramsci, Recife, Caderno Cultural do Jornal do Commercio,
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Ciências Sociais, Out. 2006, vol.21,
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[1] Paul Tillich, “La décision
socialiste” in Écrits contre les nazis, 1932-1935, Paris, Genève,
Québec : Les Éditions du Cerf, Éditions Labor et Fides, Les Presses de
l’Université Laval, 1994, pp. 72-73. Christentum und soziale Gestaltung. Frühe
Schriften zum religiösen Sozialismus, Evangelisches Verlagswerk Stuttgart,
Gesammelte Werke II, 1962.. Trad. fr. Nicole
Grondin e Lucien Pelletier.
[2] Paul Tillich, “La décision
socialiste”, idem, op. cit., p. 115.
[3] Lucio Lombardo Radice, "Um marxista diante dos
fatos novos no pensamento e na consciência religiosa", Revista Civilização
Brasileira, Rio de Janeiro, Ano III, Número 16, novembro/dezembro de 1967, pp.
6-7.
[4] Hugues Portelli, Gramsci e a questão religiosa,
São Paulo, Edições Paulinas, 1984, p. 32.
[5]
Portelli, Gramsci e a questão religiosa, op. cit., pp. 188.
[6]
Portelli, Gramsci e a questão religiosa, op. cit., p. 188-189.
[7]
Portelli, Gramsci e a questão religiosa, op. cit., p. 189.
[8] Renato Ortiz, Notas sobre Gramsci e as ciências sociais, São Paulo, Revista Brasileira de Ciências Sociais,
Out. 2006, vol.21, no. 62.
[9] Paul Tillich, A Era Protestante, São Bernardo
do Campo, Ciências da Religião, 1992, p. 274. Texto original: The Protestant
Era, Chicago, Illinois, University of Chicago, 1948. Trad. pt. de Jaci Maraschin. “Die protestantische
Ara”, Der Protestantismus als Kritik und Gestaltung, Gesammelte Werke
VII, Evangelische Verlag Stuttgart, 1962, pp. 105-123. Trad. al. W. De Gruyter.
[10] Paul Tillich, La lutte des classes et
le socialisme religieux [artigo publicado no Religiöse Verwirklichung de
1930. Gesammelte Werke, II, pp. 175-192] in Christianisme et Socialisme, Écrits
socialistes allemands (1919-1931), Les Éditions du Cerf, Éditions Labor et
Fides, Les Presses de l’Université Laval, tradução de Nicole Grondin e Lucien
Pelletier, 1992, pp. 382-385.
[11] Paul Tillich, Perspectivas da Teologia Protestante
nos séculos XIX e XX, São Paulo, ASTE, 1999, p. 193. Texto original:
Perspectives on 19th and 20th century protestant
theology, New York, Harper and Row Publishers, Inc., 1967. Tradução de Jaci Maraschin.
[12]
Antonio Gramsci, Il Materialismo Storico e la Filosofia di Benedetto Croce,
Turim, Einaudi, 1966, p. 115.
[13] Paul, Tillich, “Écrits contre les nazis”, op. cit.,
p. 102.
[14] João Rego, Reflexões sobre A Teoria Ampliada
do Estado em Gramsci, Recife, Caderno
Cultural do Jornal do Commercio, 5/04/1991.
[15]
Paul Tillich, “Écrits contre les nazis”, pp. 84-85.
[16] Paul Tillich, Teologia de la cultura y otros ensayos, Entre la heteronomia y la autonomia,
Buenos Aires, Amorrortu Editores, 1974, pp. 239-240. Man’s right to
knowledge, Columbia University Press, 1954.
[17] Paul Tillich, Le Socialisme, Christianisme et Socialisme,
Écrits socialistes allemands (1919-1931), Les Éditions du Cerf, Éditions
Labor et Fides, Les Presses de l’Université Laval, 1992, p. 346.
[18]
Paul Tillich, Perspectivas da Teologia
Protestante nos séculos XIX e XX, op. cit., p. 200.
[19]
Paul Tillich, Além do Socialismo Religioso, artigo publicado no
Christian Century em 15.06.1949.
[20]
Paul Tillich, Amor, poder e justiça, São Paulo, Novo Século, 2004, p.
94-95. Amour, pouvoir et justice, Analyses ontologiques et applications
éthiques, Revue d’Histoire et de Philosophie Religieuses, Paris, Presses
Universitaires de France, 1963 et 1964, números 4 e 5. Love, Power and Justice, Ontological
Analyses and Ethical Applications, Nova York, Londres, Oxford University Press, 1954.
[21]
Paul Tillich, Amor, poder e justiça, idem, op. cit., p. 108.