Para ver e pensar!
samedi 15 octobre 2011
vendredi 14 octobre 2011
21 gramas, ou, quanto pesa a sua alma?
Dentro de dois meses, segundo meu editor,
meu novo livro estará nas livrarias do País. E este artigo faz parte dele.
Fique alerta e curta comigo quando ele sair. Abraços, JP.
meu novo livro estará nas livrarias do País. E este artigo faz parte dele.
Fique alerta e curta comigo quando ele sair. Abraços, JP.
"O meu amor é o meu peso. Para qualquer parte que eu vá, é ele quem me leva. O Teu dom inflama-nos e arrebata-nos para o alto. Andamos e partimos. Fazemos ascensões no coração e cantamos o cântico dos degraus”. [1]
Este texto de não é somente belo. Mil e trezentos anos antes de sir Isaac Newton, santo Agostinho intuía que há coisas tão leves, que sobem, ao invés de cair. E que todas as coisas só encontram o repouso quando estão no lugar que deveriam estar.
Para Alejandro González Iñárritu que dirigiu o filme “Vinte e um gramas” a vida é uma história de esperança: você pode ter medo da morte, mas ela virá e, nesse instante, seu corpo se tornará 21 gramas mais leve. E por isso coloca-nos a pergunta: será que é a alma que pesa esses 21 gramas?
Para Agostinho, teólogo da igreja cristã, "o corpo, devido ao peso, tende para o lugar que lhe é próprio, porque o peso não tende só para baixo, mas também para o lugar que lhe é próprio. Assim, o fogo encaminha-se para cima e a pedra para baixo. Movem-se segundo o seu peso. Dirigem-se para o lugar que lhes compete. O azeite derramado sobre a água aflora a superfície. A água vertida sobre o azeite submerge debaixo deste. Movem-se segundo o seu peso e dirigem-se para o lugar que lhes compete. As coisas que não estão em seu lugar próprio agitam-se, mas quando o encontram, ordenam-se e repousam".[2]
Ora, se tudo tem um peso, por que não a alma. E se a alma tem um peso, o que a leva para cima ou para baixo? Segundo Agostinho, repousamos no dom do Espírito, que é o nosso descanso, é o nosso lugar. É para lá que o amor nos arrebata e que o Espírito levanta o nosso abatimento desde as portas da morte.
O filme Vinte e um gramas explora a existência física e emocional de três casais. O professor universitário Paul Rivers e sua mulher Mary vêem o seu casamento oscilar entre a vida e a morte enquanto ele aguarda um transplante de coração. O ex-presidiário Jack Jordan e sua mulher Marianne lutam para criar os dois filhos, enquanto Jack reafirma seu compromisso com a igreja. Cristina perde o marido Michael Peck e suas duas meninas num acidente trágico que entrelaça destinos e os levará às profundezas da vingança, aos limites do amor e à promessa da redenção.
Assim, Paul, Cristina e Jack são colocados ante a realidade da morte. E ela pesa de maneiras diferentes na vida de cada um. Mas, diante da morte, para que a esperança se faça presente, a vida deve renascer.
Vinte e um gramas é o peso de cinco moedas de cinco centavos, de um beija-flor e, talvez, da alma humana.
O filme vale a pena, embora pese mais que 21 gramas. Mas, depois de ver o filme, não esqueça que o seu peso é o amor, que nos puxa para cima. Ou, como diz Agostinho:
"É o Teu fogo, o Teu fogo benfazejo que nos consome, enquanto vamos e subimos para a paz da Jerusalém celeste. Regozijei-me com aquilo que me disseram: iremos para a casa do Senhor. Lá nos colocará a boa vontade, para que nada mais desejemos senão permanecer ali eternamente".[3]
Ficha Técnica:
Titulo Original: 21 Grams
Ano de Lançamento: 2003
Gênero: Drama Duração: 125 minutos.
Direção: Alejandro González Iñárritu
Roteiro: Guillermo Arriaga, Alejandro González Iñárritu
Elenco: Sean Penn, Naomi Watts, Benicio Del Toro, Charlotte Gainsbourg, Melissa Leo, Clea DuVall, Danny Huston, Carly Nahon, Claire Pakis, Nick Nichols, John Rubinstein, Eddie Marsan.
Notas
[1] Agostinho, Santo, Confissões, Livro XIII, cap. 9, Ed. Abril, São Paulo, 1973, p. 292.
[2] Idem, op. cit., pp. 291-292.
[3]Idem, op. cit., p. 292.
jeudi 13 octobre 2011
SEMANA TEOLÓGICA em homenagem ao pe. José Comblin
Caros amigos e amigas,
Leia o convite. Peço que divulguem a SEMANA TEOLÓGICA via e-mail, rádio, folder impresso. Este evento está organizado pelos grupos e entidades: Grupo Igreja dos Pobres | Movimento Internacional "Somos Igreja" | Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania - UFPB.
Participe de toda a programação. Abraço, Pe. Eliezer Souza.
Leia o convite. Peço que divulguem a SEMANA TEOLÓGICA via e-mail, rádio, folder impresso. Este evento está organizado pelos grupos e entidades: Grupo Igreja dos Pobres | Movimento Internacional "Somos Igreja" | Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania - UFPB.
Participe de toda a programação. Abraço, Pe. Eliezer Souza.
Objetivos da Semana Teológica: Homenagem à figura de Pe. R. José Comblin, rememorando seu
legado de profeta, de missionário, de sociólogo de formador e de teólogo.
legado de profeta, de missionário, de sociólogo de formador e de teólogo.
Confraternizar, celebrando juntos e compartilhando com seus amigos e amigas de caminhada, momentos memoráveis vividos com Pe. José. Refletir sobre nosso compromisso missionário diante dos desafios atuais.
A Esperança dos Pobres Vive!
SEMANA TEOLÓGICA em homenagem ao pe. José Comblin
(w 22/03/1923 + 27/03/2011)
(w 22/03/1923 + 27/03/2011)
Memória, legado e vigência. Pe. José Comblin
Data: 26, 27, 28 e 29 de Outubro das19 às 21:30
Local: Auditório da Reitoria da UFPB
José Comblin (1923 -2011) segue sendo uma figura emblemática para uma incontável multidão de cristãos e cidadãos espalhados pelo mundo, em especial na América Latina. Nele reconhecemos um dos teólogo da aurora da Teologia da Libertação - em especial da Teologia da Enxada, com uma produção privilegiada, seja quanto à qualidade, seja quanto ao seu incansável ritmo de produção, donde a publicação, até o final de seu percurso existencial, de centenas de artigos e dezenas de livros. Para bem além de sua qualidade de exímio teólogo, Pe. José Comblin se mostrou um apaixonado incondicional da causa libertária dos pobres, na perspectiva do Seguimento de Jesus. Pe. José é reconhecido, antes de tudo, como o amigo dos pobres, no meio de quem viveu, no Brasil, no Chile e por onde passou. Deixa-nos um amplo e reconhecido legado também como profeta, como missionário, como sociólogo e como formador. Desse legado também se ocupa essa Semana Teológica, com o propósito de assegurar-lhe vigência também para os próximos anos. Um missionário incansável, nas pegadas do Pe. Ibiapina, a semear a esperança entre o Povo dos Pobres da América Latina, do Brasil, do Nordeste. Enquanto missionário, tornou-se conhecido e exemplar também como profeta, sempre a incomodar, sempre a desinstalar, sempre a denunciar as mazelas e armadilhas dos poderosos e das instituições, e, ao mesmo tempo, a anunciar que ‘‘a esperança dos pobres vive’’! Um teólogo com uma produção vastíssima e de reconhecida relevância e atualidade, a quem muito deve a Teologia da Libertação, desde suas primeiras formulações, e cuja contribuição mais fecunda se deu no campo de seus estudos pneumatológicos (da ação do Espírito Santo no mundo). Um intelectual de inteligência privilegiada, dotado de profunda erudição, que sempre soube combinar com uma capacidade ímpar de clareza, simplicidade e força do testemunho.
SEMANA TEOLÓGICA
A Esperança dos Pobres Vive
Pe. José Comblin
Memória, legado e vigência.
PROGRAMAÇÃO
Dia 26/10 (19 horas)
Comblin, traços de sua vida e de sua obra. (Eduardo Hoornaert e Mônica Muggler)
Dia 27/10 (19 horas)
Lançamento do filme ‘ Dom Fragoso’’, amigo do Padre José e da Igreja dos Pobres. Palavras do Cineasta Francis Vale, do prof. João de Lima, da Irm. Agostina V. de Melo e outras.
Dia 28/10 (19 horas)
Contribuição de Comblin aos estudos sobre a missão do Espírito Santo no mundo. (Pastor Luciano Batista de Souza)
Dia 29/10 (8 horas)
Memória e testemunhos sobre o Pe. José.
Organização: Grupo Igreja dos Pobres; Mov. Somos Igreja
Apoio: Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania / Ufpb
Uma fala que não deve ser esquecida
A Igreja abandonou as classes populares
Uma fala que não deve ser esquecida
A Igreja abandonou as classes populares
José Comblin, um dos criadores da
Teologia da Libertação, afirmou que a eleição de João Paulo II e de Bento XVI
foi manejada pelo Opus Dei "praticando a chantagem, intimidando os cardeais", e
que na América Latina o Papa "é mais divino do que Deus". Comblin, belga que
vive no Brasil e acaba de visitar o Chile, país em que esteve exilado em 1972,
durante o governo da Unidade Popular, explicou ainda que os teólogos da
libertação têm hoje mais de 80 anos e "não apareceu uma nova geração" que desse
continuidade a esse pensamento. A reportagem é do sítio Religión Digital,
05-01-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Fonte: UNISINOS
"A repressão foi muito forte, terrível, e a ditadura do Papa aqui na América Latina é total e global. Aqui, pode-se criticar Deus, mas não o Papa. O Papa é mais divino do que Deus", asseverou o teólogo.
Segundo Comblin, a Igreja Católica "abandonou as classes populares, salvo os velhos e algumas relíquias do passado".
"Hoje, as universidades e os colégios católicos são para a burguesia. O porvir da América Latina é ser um continente evangélico protestante, salvo sua classe alta. Assim, a Opus Dei e os Legionários de Cristo e todas essas associações que existem de ultradireita vão crescendo nesse setor", opinou, em declarações no Chile à revista El Periodista.
"Onde há um ou dois bispos da Opus Dei no episcopado, intimidam a todos os demais. Os outros ficam calados e só um fala. Esse é um problema de psicologia típico de ditaduras", defendeu.
Segundo Comblin, "foi a Opus el que elegeu João Paulo II e o atual, praticando a chantagem, intimidando os cardeais. O próximo Papa será igual porque a Opus tem um poder muito forte".
O teólogo, de 87 anos, defende que Deus está "em La Victoria e em La Legua (dois bairros populares de Santiago) e na prisão, mas de Roma desapareceu há muito tempo".
"Agora, sempre fica mais claro que o problema é o Papa, ou seja, a função do Papa, uma ditadura implacável com muitas formas de doçura e amabilidade, mas implacável", defendeu.
Comblin defendeu que "o porvir do cristianismo está na China, Coreia, Filipinas, Indonésia. Estima-se que só na China há 130 milhões de cristãos martirizados, porque estão praticamente perseguidos".
O teólogo criticou a eventual canonização de João Paulo II porque seu papado "foi catastrófico". "Todos os que fizeram sua carreira com ele puderam ser cardeais, apesar de sua mediocridade pessoal. Não mereciam nada, mas ele os promoveu. Claro que agora querem canonizá-lo! Uma vez que canonizaram Escrivá, todo mundo sabe que se pode ser santo sem ter virtude alguma", destacou.
Sobre a Opus Dei e os Legionários de Cristo, Comblin afirmou que "têm a confiança da Cúria Romana e depois representam a plena liberdade dada a personalidades que são como os grandes Rockefeller, os conquistadores".
"Como Escrivá de Balaguer, que era um capitalista, o homem que vai triunfar, que vai desfrutar o mundo, que vai ganhar, ser rico, poderoso e que é capaz de criar pessoas totalmente subordinadas, soldados com mentalidade de soldado, esses são todos homens deformados psicologicamente, como são os futuros ditadores", detalhou.
Depois de recordar que do mexicano Marcial Maciel, dos Legionários de Cristo, foi descoberta uma vida paralela e uma fortuna de 50 bilhões de dólares, afirmou que "sua chantagem, sua palavra e sua exigência chegaram aos milionários".
"Hoje, os que trabalharam com ele, seus colaboradores, todos dizem e afirmam que não sabiam nada da vida paralela (de Maciel). Como? Trabalham 40 anos com ele e não sabem de nada, que ele tem uma família, três filhos, que praticou a pedofilia com as crianças, alunos de sua formação, de seus colégios, que tinha um mundo de amantes. Não sabiam de tudo isso? Supõe-se, então, que eles são cúmplices e também têm uma vida paralela", concluiu.
Fonte
Fonte: UNISINOS
"A repressão foi muito forte, terrível, e a ditadura do Papa aqui na América Latina é total e global. Aqui, pode-se criticar Deus, mas não o Papa. O Papa é mais divino do que Deus", asseverou o teólogo.
Segundo Comblin, a Igreja Católica "abandonou as classes populares, salvo os velhos e algumas relíquias do passado".
"Hoje, as universidades e os colégios católicos são para a burguesia. O porvir da América Latina é ser um continente evangélico protestante, salvo sua classe alta. Assim, a Opus Dei e os Legionários de Cristo e todas essas associações que existem de ultradireita vão crescendo nesse setor", opinou, em declarações no Chile à revista El Periodista.
"Onde há um ou dois bispos da Opus Dei no episcopado, intimidam a todos os demais. Os outros ficam calados e só um fala. Esse é um problema de psicologia típico de ditaduras", defendeu.
Segundo Comblin, "foi a Opus el que elegeu João Paulo II e o atual, praticando a chantagem, intimidando os cardeais. O próximo Papa será igual porque a Opus tem um poder muito forte".
O teólogo, de 87 anos, defende que Deus está "em La Victoria e em La Legua (dois bairros populares de Santiago) e na prisão, mas de Roma desapareceu há muito tempo".
"Agora, sempre fica mais claro que o problema é o Papa, ou seja, a função do Papa, uma ditadura implacável com muitas formas de doçura e amabilidade, mas implacável", defendeu.
Comblin defendeu que "o porvir do cristianismo está na China, Coreia, Filipinas, Indonésia. Estima-se que só na China há 130 milhões de cristãos martirizados, porque estão praticamente perseguidos".
O teólogo criticou a eventual canonização de João Paulo II porque seu papado "foi catastrófico". "Todos os que fizeram sua carreira com ele puderam ser cardeais, apesar de sua mediocridade pessoal. Não mereciam nada, mas ele os promoveu. Claro que agora querem canonizá-lo! Uma vez que canonizaram Escrivá, todo mundo sabe que se pode ser santo sem ter virtude alguma", destacou.
Sobre a Opus Dei e os Legionários de Cristo, Comblin afirmou que "têm a confiança da Cúria Romana e depois representam a plena liberdade dada a personalidades que são como os grandes Rockefeller, os conquistadores".
"Como Escrivá de Balaguer, que era um capitalista, o homem que vai triunfar, que vai desfrutar o mundo, que vai ganhar, ser rico, poderoso e que é capaz de criar pessoas totalmente subordinadas, soldados com mentalidade de soldado, esses são todos homens deformados psicologicamente, como são os futuros ditadores", detalhou.
Depois de recordar que do mexicano Marcial Maciel, dos Legionários de Cristo, foi descoberta uma vida paralela e uma fortuna de 50 bilhões de dólares, afirmou que "sua chantagem, sua palavra e sua exigência chegaram aos milionários".
"Hoje, os que trabalharam com ele, seus colaboradores, todos dizem e afirmam que não sabiam nada da vida paralela (de Maciel). Como? Trabalham 40 anos com ele e não sabem de nada, que ele tem uma família, três filhos, que praticou a pedofilia com as crianças, alunos de sua formação, de seus colégios, que tinha um mundo de amantes. Não sabiam de tudo isso? Supõe-se, então, que eles são cúmplices e também têm uma vida paralela", concluiu.
Fonte
Reflexões Teológico-Pastorais
Zizek: o casamento entre democracia e capitalismo acabou
O filósofo e escritor esloveno Slavoj Zizek visitou o acampamento do movimento Ocupar Wall Street, no parque Zuccotti, em Nova York, e falou aos manifestantes. “Estamos testemunhando como o sistema está se autodestruindo. Quando criticarem o capitalismo, não se deixem chantagear pelos que vos acusam de ser contra a democracia. O casamento entre a democracia e o capitalismo acabou". Leia a íntegra do pronunciamento de Zizek,
com tradução do meu amigo Luis Leiria para o Esquerda.net
Slavoj Zizek
Durante o crash financeiro de 2008, foi
destruída mais propriedade privada, ganha com dificuldades, do que se todos nós
aqui estivéssemos a destruí-la dia e noite durante semanas. Dizem que somos
sonhadores, mas os verdadeiros sonhadores são aqueles que pensam que as coisas
podem continuar indefinidamente da mesma forma.
Não somos sonhadores. Somos o despertar de um
sonho que está se transformando num pesadelo. Não estamos destruindo coisa
alguma. Estamos apenas testemunhando como o sistema está se autodestruindo.
Todos conhecemos a cena clássica do desenho
animado: o coiote chega à beira do precipício, e continua a andar, ignorando o
fato de que não há nada por baixo dele. Somente quando olha para baixo e toma
consciência de que não há nada, cai. É isto que estamos fazendo aqui.
Estamos a dizer aos rapazes de Wall Street:
“hey, olhem para baixo!”
Em abril de 2011, o governo chinês proibiu, na
TV, nos filmes e em romances, todas as histórias que falassem em realidade
alternativa ou viagens no tempo. É um bom sinal para a China. Significa que as
pessoas ainda sonham com alternativas, e por isso é preciso proibir este sonho.
Aqui, não pensamos em proibições. Porque o sistema dominante tem oprimido até a
nossa capacidade de sonhar.
Vejam os filmes a que assistimos o tempo todo.
É fácil imaginar o fim do mundo, um asteróide destruir toda a vida e assim por
diante. Mas não se pode imaginar o fim do capitalismo. O que estamos, então, a
fazer aqui?
Deixem-me contar uma piada maravilhosa dos
velhos tempos comunistas. Um fulano da Alemanha Oriental foi mandado para
trabalhar na Sibéria. Ele sabia que o seu correio seria lido pelos censores,
por isso disse aos amigos: “Vamos estabelecer um código. Se receberem uma carta
minha escrita em tinta azul, será verdade o que estiver escrito; se estiver
escrita em tinta vermelha, será falso”. Passado um mês, os amigos recebem uma
primeira carta toda escrita em tinta azul. Dizia: “Tudo é maravilhoso aqui, as
lojas estão cheias de boa comida, os cinemas exibem bons filmes do ocidente, os
apartamentos são grandes e luxuosos, a única coisa que não se consegue comprar
é tinta vermelha.”
É assim que vivemos – temos todas as liberdades
que queremos, mas falta-nos a tinta vermelha, a linguagem para articular a
nossa ausência de liberdade. A forma como nos ensinam a falar sobre a guerra, a
liberdade, o terrorismo e assim por diante, falsifica a liberdade. E é isso que
estamos a fazer aqui: dando tinta vermelha a todos nós.
Existe um perigo. Não nos apaixonemos por nós
mesmos. É bom estar aqui, mas lembrem-se, os carnavais são baratos. O que
importa é o dia seguinte, quando voltamos à vida normal. Haverá então novas
oportunidades? Não quero que se lembrem destes dias assim: “Meu deus, como
éramos jovens e foi lindo”.
Lembrem-se que a nossa mensagem principal é:
temos de pensar em alternativas. A regra quebrou-se. Não vivemos no melhor
mundo possível, mas há um longo caminho pela frente – estamos confrontados com
questões realmente difíceis. Sabemos o que não queremos. Mas o que queremos?
Que organização social pode substituir o capitalismo? Que tipo de novos líderes
queremos?
Lembrem-se, o problema não é a corrupção ou a
ganância, o problema é o sistema. Tenham cuidado, não só com os inimigos, mas
também com os falsos amigos que já estão trabalhando para diluir este processo,
do mesmo modo que quando se toma café sem cafeína, cerveja sem álcool, sorvete
sem gordura.
Vão tentar transformar isso num protesto moral
sem coração, um processo descafeinado. Mas o motivo de estarmos aqui é que já
estamos fartos de um mundo onde se reciclam latas de coca-cola ou se toma um
cappuccino italiano no Starbucks, para depois dar 1% às crianças que passam
fome e fazer-nos sentir bem com isso. Depois de fazer outsourcing ao trabalho e
à tortura, depois de as agências matrimoniais fazerem outsourcing da nossa vida
amorosa, permitimos que até o nosso envolvimento político seja alvo de
outsourcing. Queremos ele de volta.
Não somos comunistas, se o comunismo significa
o sistema que entrou em colapso em 1990. Lembrem-se que hoje os comunistas são
os capitalistas mais eficientes e implacáveis. Na China de hoje, temos um
capitalismo que é ainda mais dinâmico do que o vosso capitalismo americano. Mas
ele não precisa de democracia. O que significa que, quando criticarem o
capitalismo, não se deixem chantagear pelos que vos acusam de ser contra a
democracia. O casamento entre a democracia e o capitalismo acabou.
A mudança é possível. O que é que consideramos
possível hoje? Basta seguir os meios de comunicação. Por um lado, na tecnologia
e na sexualidade tudo parece ser possível. É possível viajar para a lua,
tornar-se imortal através da biogenética. Pode-se ter sexo com animais ou
qualquer outra coisa. Mas olhem para os terrenos da sociedade e da economia.
Nestes, quase tudo é considerado impossível. Querem aumentar um pouco os
impostos aos ricos? Eles dizem que é impossível. Perdemos competitividade.
Querem mais dinheiro para a saúde? Eles dizem que é impossível, isso
significaria um Estado totalitário. Algo tem de estar errado num mundo onde vos
prometem ser imortais, mas em que não se pode gastar um pouco mais com cuidados
de saúde.
Talvez devêssemos definir as nossas prioridades
nesta questão. Não queremos um padrão de vida mais alto – queremos um melhor
padrão de vida. O único sentido em que somos comunistas é que nos preocupamos
com os bens comuns. Os bens comuns da natureza, os bens comuns do que é
privatizado pela propriedade intelectual, os bens comuns da biogenética. Por
isto e só por isto devemos lutar.
O comunismo falhou totalmente, mas o problema
dos bens comuns permanece. Eles dizem-nos que não somos americanos, mas temos
de lembrar uma coisa aos fundamentalistas conservadores, que afirmam que eles é
que são realmente americanos. O que é o cristianismo? É o Espírito Santo. O que
é o Espírito Santo? É uma comunidade igualitária de crentes que estão ligados
pelo amor um pelo outro, e que só têm a sua própria liberdade e responsabilidade
para este amor. Neste sentido, o Espírito Santo está aqui, agora, e lá em Wall
Street estão os pagãos que adoram ídolos blasfemos.
Por isso, do que precisamos é de paciência. A
única coisa que eu temo é que algum dia vamos todos voltar para casa, e vamos
voltar a encontrar-nos uma vez por ano, para beber cerveja e recordar
nostalgicamente como foi bom o tempo que passámos aqui. Prometam que não vai
ser assim. Sabem que muitas vezes as pessoas desejam uma coisa, mas realmente
não a querem. Não tenham medo de realmente querer o que desejam. Muito obrigado
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18669
mercredi 12 octobre 2011
Ainda que a figueira não floresça
“mesmo assim eu darei graças ao Senhor e louvarei a Deus, o meu Salvador” (Habacuque 3.18).
Ele é o homem do abraço carinhoso, de coração generoso, que carrega quem sofre no colo. Esse Habacuque procura uma profecia de conforto, que dê ânimo ao povo, como se faz com uma criança que chora. Mas não é isso que acontece.
Habacuque reclama da decadência moral dos judeus e lamenta. E quando o Eterno informa que mobilizará os caldeus para exterminar a apostasia, estarrecido Habacuque diz ao Eterno que os caldeus são piores do que os judeus, que são traiçoeiros, e destroem tudo que encontram pela frente. Idolatram sua própria força e capacidade militar, ao invés de dar glória ao Eterno.
Habacuque, porém, sabe que o Eterno é puro de olhos e, por isso, espera a solução que virá dele. No entanto, está perplexo, a justiça do Eterno para com os inimigos caldeus e os judeus apóstatas não virá como fogo do céu, exclusivamente sobre os pecadores, mas como tsuname que avançará sobre inimigos e apóstatas e sobre todos. E o justo não surfará sobre essa maré de destruição -- deverá repousar apenas na sua fé.
Agradecimento, confiança e oração são as chaves espirituais para desvendar os mistérios do governo do Eterno sobre a terra. O espírito de Habacuaque e de seus irmãos vacilam entre o medo e a esperança, mas ao final os julgamentos do Eterno triunfarão alegremente.
Muitas vezes, quando falamos de crise entre as nações, ou de dor e sofrimento entre os cristãos, nos perguntamos se o Eterno está preocupado com essas coisas. A resposta para essas questões estão presentes no rolo de Habacuque. O profeta do primeiro testamento ensina que as nações e os povos são julgadas pelo bem e pelo mal que produzem no mundo. E que esses juízos muitas vezes atingem também os filhos de Deus.
Conhecedor da alienação de Judá e consciente de que os caldeus invadiriam seu país, Habacuque sofre diante do que acontecerá ao seu povo. O profeta ora ao Senhor (3.1-19) e pede que Ele tenha misericórdia no exercício da sua justiça.
E foi assim, num momento extremo de dor, que Habacuque compôs o final do seu livro, o capítulo três, que é um dos poemas mais lindos do primeiro testamento. Nele o profeta mostra que toda a glória e todo o louvor pertencem a Deus.
Glória pelo que Ele é: misericordioso. O Eterno não vem só para julgar, mas também para livrar. “Mesmo que estejas irado, tem compaixão de nós” (3.2).
Glória por sua majestade. Devemos aceitar a sua justiça, não porque entendemos ou deixamos de entender, mas porque Ele é o Eterno e nós somos pó. “Ele pára e a terra treme. Ele olha para as nações e elas ficam com medo” (3.6).
Glória por nos manter firmes na adversidade. Lembre-se: ainda que a figueira não floresça, que não haja uvas nas parreiras, que os campos não produzam alimentos e que o rebanho seja exterminado, Ele está ao seu lado. “O Deus Eterno é a minha força. Ele torna o meu andar firme”. (3.19).
Após as manifestações do Eterno no passado da história do povo, Habacuque canta, agora, a libertação antecipada contra o inimigo, através da interposição da majestade sublime do Eterno, de modo que aquele que crê pode regozijar-se no Eterno da sua salvação. Assim, o capítulo três, um salmo composto para ser cantado e acompanhado por instrumentos, fecha o livro com um lirismo cheio de esperança.
A violência aparentemente bem-sucedida dos caldeus, a apostasia dos judeus, e a maré da justiça de Deus, que varre a Palestina, é o pano de fundo para esse profeta de coração generoso falar de esperança e dizer que o justo viverá por sua fé, hn"Wma/ (emuná), por seu posicionamento consciente e fiel diante da vontade soberana do Eterno.
Por isso, querido irmão, querida irmã, como Habacuque não se esqueça: quando tudo parece perdido, com Deus ainda não está perdido. Quando chegamos ao final de nossos recursos, os recursos de Deus ainda estão disponíveis. E quando a crise, a dor e o sofrimento nos encurralam, precisamos olhar para o alto, porque é Ele quem torna o teu andar firme como o de uma corça e quem te leva para as montanhas, onde estarás seguro (3.19).
Que a fé de Habacuque sirva de exemplo para você e para mim. Do pastor e amigo, Jorge Pinheiro.
Ele é o homem do abraço carinhoso, de coração generoso, que carrega quem sofre no colo. Esse Habacuque procura uma profecia de conforto, que dê ânimo ao povo, como se faz com uma criança que chora. Mas não é isso que acontece.
Habacuque reclama da decadência moral dos judeus e lamenta. E quando o Eterno informa que mobilizará os caldeus para exterminar a apostasia, estarrecido Habacuque diz ao Eterno que os caldeus são piores do que os judeus, que são traiçoeiros, e destroem tudo que encontram pela frente. Idolatram sua própria força e capacidade militar, ao invés de dar glória ao Eterno.
Habacuque, porém, sabe que o Eterno é puro de olhos e, por isso, espera a solução que virá dele. No entanto, está perplexo, a justiça do Eterno para com os inimigos caldeus e os judeus apóstatas não virá como fogo do céu, exclusivamente sobre os pecadores, mas como tsuname que avançará sobre inimigos e apóstatas e sobre todos. E o justo não surfará sobre essa maré de destruição -- deverá repousar apenas na sua fé.
Agradecimento, confiança e oração são as chaves espirituais para desvendar os mistérios do governo do Eterno sobre a terra. O espírito de Habacuaque e de seus irmãos vacilam entre o medo e a esperança, mas ao final os julgamentos do Eterno triunfarão alegremente.
Muitas vezes, quando falamos de crise entre as nações, ou de dor e sofrimento entre os cristãos, nos perguntamos se o Eterno está preocupado com essas coisas. A resposta para essas questões estão presentes no rolo de Habacuque. O profeta do primeiro testamento ensina que as nações e os povos são julgadas pelo bem e pelo mal que produzem no mundo. E que esses juízos muitas vezes atingem também os filhos de Deus.
Conhecedor da alienação de Judá e consciente de que os caldeus invadiriam seu país, Habacuque sofre diante do que acontecerá ao seu povo. O profeta ora ao Senhor (3.1-19) e pede que Ele tenha misericórdia no exercício da sua justiça.
E foi assim, num momento extremo de dor, que Habacuque compôs o final do seu livro, o capítulo três, que é um dos poemas mais lindos do primeiro testamento. Nele o profeta mostra que toda a glória e todo o louvor pertencem a Deus.
Glória pelo que Ele é: misericordioso. O Eterno não vem só para julgar, mas também para livrar. “Mesmo que estejas irado, tem compaixão de nós” (3.2).
Glória por sua majestade. Devemos aceitar a sua justiça, não porque entendemos ou deixamos de entender, mas porque Ele é o Eterno e nós somos pó. “Ele pára e a terra treme. Ele olha para as nações e elas ficam com medo” (3.6).
Glória por nos manter firmes na adversidade. Lembre-se: ainda que a figueira não floresça, que não haja uvas nas parreiras, que os campos não produzam alimentos e que o rebanho seja exterminado, Ele está ao seu lado. “O Deus Eterno é a minha força. Ele torna o meu andar firme”. (3.19).
Após as manifestações do Eterno no passado da história do povo, Habacuque canta, agora, a libertação antecipada contra o inimigo, através da interposição da majestade sublime do Eterno, de modo que aquele que crê pode regozijar-se no Eterno da sua salvação. Assim, o capítulo três, um salmo composto para ser cantado e acompanhado por instrumentos, fecha o livro com um lirismo cheio de esperança.
A violência aparentemente bem-sucedida dos caldeus, a apostasia dos judeus, e a maré da justiça de Deus, que varre a Palestina, é o pano de fundo para esse profeta de coração generoso falar de esperança e dizer que o justo viverá por sua fé, hn"Wma/ (emuná), por seu posicionamento consciente e fiel diante da vontade soberana do Eterno.
Por isso, querido irmão, querida irmã, como Habacuque não se esqueça: quando tudo parece perdido, com Deus ainda não está perdido. Quando chegamos ao final de nossos recursos, os recursos de Deus ainda estão disponíveis. E quando a crise, a dor e o sofrimento nos encurralam, precisamos olhar para o alto, porque é Ele quem torna o teu andar firme como o de uma corça e quem te leva para as montanhas, onde estarás seguro (3.19).
Que a fé de Habacuque sirva de exemplo para você e para mim. Do pastor e amigo, Jorge Pinheiro.
Eu, você e o eterno
O humano herdou do Eterno nomeado sistemas que possibilitam
o relacionamento com a transcendência e viver a presença dessa transcendência na
existência material. A imagem do eterno tem um poder extraordinário. Ela afeta
a psique do humano com tal força que, diante dela, nos perguntamos: esse imagem
é real? E perguntamos isso porque está nomeado que só um é eterno, pai de todos, que está acima de todos e que
atua através de todos e em todos (Ef 4.6). Donde, outra questão nos é colocada:
somos ou não
proprietários do poder? O humano tem o desafio de vencer obstáculos e construir
a existência, herdou potencialidades. Não é proprietário do poder do Eterno
nomeado, mas não nasceu tabula rasa, deve
construir consciência. Trouxemos sistemas que nos possibilitam ser humanos. Somos
imago Dei.
Quando olhamos para o humano percebemos que o transcendente é fundante, porque as imagens ancestrais estão relacionadas com a construção da consciência. Ou seja, devemos trabalhar pelo que permanece e que é entregue pelo eterno (Jo 6.27). Temos, por isso, que descobrir as leis eternas, mas intuímos que, em última instância, brotam da união da transcendência presente nas bordas da existência com o Eterno nomeado. Ou seja, em relação ao Eterno, o humano tem a capacidade de integrar a eternidade no modelo da existência.
O Eterno se identifica com as imagens nomeadas, é espírito de conhecimento e sabedoria que atrai (Ef 1.17), mas tais imgens nomeadas nem sempre estão conscientes e vivas na existência pessoal. Isto é um perigo, porque a identificação não consciente leva à idolatria, fica-se amarrado por dentro, sem usufruir da possibilidade de saltar do mundo interior em direção à transformação da realidade que alucina.
Quando o eterno não potencializa efetivamente a consciência humana, nem experimentamos o processo de individuação que faz de nós imago Dei, que nos leva ao confronto entre as realidades do que está dentro com o que está fora, não usufruimos do que está nomeado e deve ser construído. Embora a decisão da eternidade é que sejamos filhos, pois fomos gerados por ela em por issom devemos destuir o que é de barro (Sl 2.7-9). Quando essa construção não se dá, somos sombra. Somos sem destino.
O desenvolvimento da consciência retoma as características do Eterno nomeado, pois a todos foi dado as ferramentas necessárias (Ef 4.7) que possibilitam a construção da relação do que é pessoal com o que é eterno. Isso é desenvolvimento humano. Quando a transcendência brota nas vidas temos consciência dos perigos da existência. E o espírito humano parte para o desafio de criar estruturas para suportar tanto a realidade interna como a realidade externa, a fim de identificar os demônios que querem nos lançar nas profundezas do mar infinito.
O espírito humano deve construir estruturas de diálogo entre as alegrias e as angústias da existência, pois não há nada melhor do que gozar o resultado daquilo que se faz. Essa é a recompensa (Ec 3.22). Céu e terra é correlação necessária, porque na presença do eterno que se faz consciente a liberdade humana é polaridade, é viver a vida diante da tirania do não-ser.
Quando olhamos para o humano percebemos que o transcendente é fundante, porque as imagens ancestrais estão relacionadas com a construção da consciência. Ou seja, devemos trabalhar pelo que permanece e que é entregue pelo eterno (Jo 6.27). Temos, por isso, que descobrir as leis eternas, mas intuímos que, em última instância, brotam da união da transcendência presente nas bordas da existência com o Eterno nomeado. Ou seja, em relação ao Eterno, o humano tem a capacidade de integrar a eternidade no modelo da existência.
O Eterno se identifica com as imagens nomeadas, é espírito de conhecimento e sabedoria que atrai (Ef 1.17), mas tais imgens nomeadas nem sempre estão conscientes e vivas na existência pessoal. Isto é um perigo, porque a identificação não consciente leva à idolatria, fica-se amarrado por dentro, sem usufruir da possibilidade de saltar do mundo interior em direção à transformação da realidade que alucina.
Quando o eterno não potencializa efetivamente a consciência humana, nem experimentamos o processo de individuação que faz de nós imago Dei, que nos leva ao confronto entre as realidades do que está dentro com o que está fora, não usufruimos do que está nomeado e deve ser construído. Embora a decisão da eternidade é que sejamos filhos, pois fomos gerados por ela em por issom devemos destuir o que é de barro (Sl 2.7-9). Quando essa construção não se dá, somos sombra. Somos sem destino.
O desenvolvimento da consciência retoma as características do Eterno nomeado, pois a todos foi dado as ferramentas necessárias (Ef 4.7) que possibilitam a construção da relação do que é pessoal com o que é eterno. Isso é desenvolvimento humano. Quando a transcendência brota nas vidas temos consciência dos perigos da existência. E o espírito humano parte para o desafio de criar estruturas para suportar tanto a realidade interna como a realidade externa, a fim de identificar os demônios que querem nos lançar nas profundezas do mar infinito.
O espírito humano deve construir estruturas de diálogo entre as alegrias e as angústias da existência, pois não há nada melhor do que gozar o resultado daquilo que se faz. Essa é a recompensa (Ec 3.22). Céu e terra é correlação necessária, porque na presença do eterno que se faz consciente a liberdade humana é polaridade, é viver a vida diante da tirania do não-ser.
lundi 10 octobre 2011
Lendo Oséias com Calvino -- capítulo três
O capítulo três completa a
metáfora da vida familiar de Oséias.
“Deveras, o Profeta quer
dizer que Deus se antecipa a nós com sua mercê; caso contrário, temos o nosso
acesso a ele tolhido. Então Deus, de sua boa vontade, adianta-se, estende-nos sua
mão e, em seguida, vem o consentimento da nossa fé. Por essa razão Deus, primeiramente,
fala aos israelitas, para que eles soubessem que eram agora reputados por povo
dele: e então, após Deus haver testificado seu favor, eles respondem: ‘Tu começastes,
de agora em diante, a ser nosso Deus’. Por isso, vemos que o princípio de todo
bem vem de Deus, quando ele faz de estranhos, amigos, e adota como seus filhos
aqueles que outrora eram seus inimigos”. (João Calvino, Comentário de Oseias,
cap. 3).
“A essência desse capítulo
é que era propósito de Deus guardar, em firme esperança, as mentes dos fiéis
durante o exílio, para que não fossem engolfados com desespero que os desfalecesse
de todo. O Profeta falara antes da reconciliação de Deus com o seu povo; e ele,
esplendidamente, exaltara tal favor quando disse: ‘Vós sereis como no vale de
Acor, eu restituirvos-ei a abundância de todas as bênçãos; em uma palavra, vós
sereis, em todos os aspectos, felizes’. Mas, no meio-tempo, a miséria cotidiana
do povo prosseguia. Deus, de fato, tinha determinado removê-los a Babilônia.
Eles podiam, por conseguinte, ter se desesperado sob aquela calamidade, como se
toda esperança de libertação lhes fosse inteiramente retirada. Por isso, o
Profeta agora revela que Deus restauraria o povo à mercê, de modo que não
apagaria imediatamente toda lembrança da ira dele Deus, mas que a intenção era
continuar, por um tempo, com certa medida da severidade divina”. (João Calvino,
idem, op, cit., cap. 3).
"O
Senhor disse-me: ´Ama essa mulher, mesmo que seja amante de outro e viva
em adultério. Faz como eu, o Senhor, que amo os israelitas, apesar de se
voltarem para outros deuses, desejosos das tortas de uvas´." (v. 1)
Deus mandou que Oséias tomasse de volta a sua esposa, bhea' (aheb)
porque Ele tem amor, carinho, amizade por seu povo, por isso mesmo depois do
pecado de idolatria, arrependimento, perdão e reconciliação são possíveis.
"Recuperei
então a minha mulher por quinze moedas de prata e seiscentos litros de cevada".
(v. 2).
Oséias obedeceu, comprando
de volta a sua mulher. O valor pago equivale o valor de uma escrava.
"Mas
se o boi matar um escravo ou uma escrava, o boi será apedrejado até morrer e o
senhor do escravo ou da escrava, receberá do dono do boi trinta moedas de
prata". (Ex 21:32).
"Por
isso lhe digo: ´Viverás comigo por muito tempo. Não pratiques a
prostituição, nem te entregues a homem algum. E eu farei o mesmo para
contigo´." (v. 3)
Oséias e Gômer não voltaram imediatamente a ter
relações conjugais. Ele esperou para ver se ela ficaria longe dos amantes. Não
cometeria mais hn"z" (zanah) adultério, fornicação,
prostituição.
"Também
o povo de Israel ficará por muito tempo sem rei e sem chefes, sem sacrifícios e
sem monumentos religiosos, sem insígnias nem dados para oráculos". (v. 4).
Em relação à nação, Deus
deixaria o povo sem liderança e sem as coisas necessárias para adorá-lo segundo
a lei. Ao mesmo tempo, ficariam sem os ídolos.
"Mais
tarde, o povo de Israel voltará a procurar o Senhor, seu Deus, e o descendente
de David para seu rei. No futuro, procurarão com todo o respeito o Senhor e os
seus favores". (v. 5)
No final, Israel seria reconciliado
com Deus. Este versículo se refere à restauração espiritual do povo na nova
Aliança. Davi simboliza o Cristo. Os últimos dias se referem à época do novo
Testamento. Por meio do Senhor, Israel espiritual se aproxima do Senhor.
"Pois
pela fé que vos une a Jesus Cristo säo todos filhos de Deus. Com efeito, todos
os que foram batizados em Cristo revestiram-se das qualidades de Cristo. Näo há
diferença entre judeus e näo-judeus, entre escravos e pessoas livres, entre
homem e mulher. Agora constituem um todo em uniäo com Cristo Jesus. E se säo de
Cristo, entäo säo descendência de Abraäo e herdeiros de acordo com a promessa".
(Gl 3:26-29),
O povo retorna, mas ainda
não está em plena comunhão com o Eterno. Assim o profeta indica um tempo entre a
volta do cativeiro e a vinda de Davi (o Cristo) para fazer paz entre o povo e
o Eterno.
NONA DISSERTAÇÃO
“Temos agora que considerar a segunda oração, acerca do Rei Davi. O
Profeta nos diz que, quando os israelitas forem movidos pelo desejo de buscar a
Deus, eles também buscarão a Davi, rei deles. Haviam se apartado, como é bem
conhecido, da sua lealdade a ele; conquanto Deus houvesse posto Davi sobre todo
o povo por este motivo — para que fossem todos felizes debaixo de seu poder e
domínio, e permanecessem a salvo e seguros, como se contemplassem a Deus com
seus próprios olhos; pois Davi era, por assim dizer, o anjo de Deus. Então, a
revolta do povo, ou das dez tribos, era como uma renúncia ao Deus vivo. O
Senhor disse a Samuel: ‘Não foi a ti que desprezaram, mas a mim’ (1Sm 8.7):
caso pior ainda com respeito a Davi, a quem Samuel, a mando de Deus, ungira, e
a quem o Senhor honrara com tantos elogios notáveis; eles não podiam ter
repelido o jugo dele sem rejeitarem abertamente, por assim dizer, ao próprio
Deus. Por essa razão, não é sem fundamentos que Oséias, falando da penitência
do povo, menciona isto de maneira inequívoca — que eles retornarão a Davi, rei
deles: pois não podiam buscar a Deus de coração sincero sem se sujeitarem
àquela autoridade legal à qual estiveram presos, não por homens, nem por acaso,
mas por ordem de Deus”.
“É absolutamente verdadeiro que Davi era então morto; porém, Oséias aqui
expõe, na pessoa de um homem, aquele reino eterno que os judeus sabiam que
duraria como o sol e a lua: pois bem conhecida lhes era esta indescritível
promessa: ‘Enquanto o sol e a lua brilharem no céu, eles serme-ão fiéis
testemunhas, para que o trono de Davi continue’ (Sl 72.5,18). Por isso, após a
morte de Davi, o Profeta mostra aqui que seu reino seria para sempre, pois ele
sobrevivia em seus filhos; e, como parece, inegavelmente, eles normalmente
chamavam seu Messias o filho de Davi. Devemos agora, necessariamente, vir a
Cristo: pois Israel não podia procurar seu rei, Davi, que estava morto há muito
tempo; mas teriam de buscar aquele Rei que Deus prometera da posteridade de
Davi. Tal profecia, então, sem dúvida se estende a Cristo: e fica manifesto que
a única esperança de o povo ser reunido era esta, que Deus atestasse que daria
um Redentor”.
“Percebemos agora, então, o que o Profeta tinha em vista: os israelitas
se tornaram degenerados; e, pela perfídia, deixaram de ser o verdadeiro e
genuíno povo de Deus, já que continuavam apartados da família de Davi. O
Profeta, falando da plena restauração deles, agora associa Davi com Deus; pois
eles não podiam ser restaurados ao corpo da Igreja sem se unirem com os judeus
na glorificação da mesma cabeça única. Contudo, precisamos, ao mesmo tempo,
lembrar que o rei, a quem o Profeta menciona, não é Davi, que há muito estava
morto, mas seu filho, a quem a perpetuidade de seu reino fora prometida”.
“Tal doutrina é especificamente útil para nós; pois ela demonstra que
Deus não é para ser procurado exceto em Cristo, o mediador. Qualquer um, então,
que abandona a Cristo, abandona o próprio Deus; pois, como João diz: ‘Aquele
que não tem o Filho, não tem o Pai’ (1Jo 2.23). E os fatos mesmos
provam isso; pois Deus mora na luz inacessível; quão grande, então, é a distância
entre nós e ele? A não ser que Cristo, então, apresente-se a si mesmo para nós
como uma pessoa intermediária, como podemos nós ir a Deus? Mas então, somente
começamos a realmente procurar Deus quando voltamos nossos olhos a Cristo, que
voluntariamente oferece a si mesmo para nós. Esse é o único caminho para se
buscar a Deus de maneira acertada”.
“Alguns, com mais refinamento, disputam que Cristo é Jeová, porque o
Profeta diz que ele é para ser procurado de nenhum outro modo que Deus não o
seja. Pela palavra, procurar, o Profeta deveras quer dizer que os israelitas
não possuíam nenhum outro meio de estarem a salvo e seguros senão fugindo para
debaixo da tutela e proteção do legítimo rei deles, a quem sabiam haver sido divinamente
ordenado por eles. Isso, pois, não seria suficiente para confutar os judeus. Eu
interpreto a passagem de uma maneira mais simples, como significando que eles
buscariam o seu Deus na pessoa do rei, cuja mão e esforços esse tencionava empregar
na preservação do povo”.
“Segue-se mais adiante: E
eles temerão Jeová e sua bondade nos últimos dias. O verbo djp, pachad, algumas vezes significa:
temer, ficar apavorado como aqueles que estão tão aterrados que perdem toda a
coragem. Porém, aqui deve ser tomado em um bom sentido, recear, como se afigura
evidente pelo contexto. Depois, ele diz: Eles
temerão Deus e a sua bondade. Os israelitas antes
sacudiram o jugo divino: pois foi uma prova do petulante menosprezo deles
erigir um novo templo; inventar, de sua própria volição, uma religião nova; e,
em uma palavra, permitirem a si próprios uma desenfreada licenciosidade. Por
isso ele diz: Eles, a partir de agora, começarão a temer a Deus, e persistirão
no serviço dele”.
“E ele acrescenta, e sua bondade; pela qual ele quer dizer que Deus não seria receado por eles, mas que
esse docemente os atrairia para si mesmo, para que obedecessem espontânea,
livre e, ainda, jubilosamente: e, indubitavelmente, Deus então nos faz sim
realmente temê-lo, quando nos concede uma amostra de sua bondade. Pois a
majestade divina infunde-nos terror; e nós, no meio tempo, buscamos lugares
escondidos; e, caso nos fosse possível apartar dele, cada um de nós faria isso
de forma contente; mas não é adorar a Deus com a devida glória quando fugimos
para longe dele. É, então, um senso de sua bondade que nos leva a
reverentemente temê-lo. ‘Contigo’, diz Davi, ‘está o perdão, para que possas
ser temido’ (Sl 130.4): pois, a não ser que os homens saibam que Deus está
pronto para ficar em paz com eles, e se sintam seguros de que ele lhes será
propício, ninguém o procurará, ninguém o temerá, pois, sem conhecer isso, não
poderíamos senão desejar que sua glória fosse abolida e extinta, e que ele
ficasse destituído de autoridade, para que não se tornasse nosso juiz. Mas todo
aquele que provou da bondade do Senhor, assim ordena a si próprio para obedecer
a Deus. O que o Profeta, então, tem em vista quando diz, eles então temerão a Deus, é isto, que compreenderão que ficaram miseráveis enquanto estiveram
alheados dele, e que a verdadeira felicidade é se submeter à sua autoridade”.
“Mas, ainda, tal bondade tem que ser alusiva a Cristo. Alguns tomam wbwf, thubu, por glória, como em Êxodo 33; mas o nexo dessa passagem exige que a
palavra seja tomada em seu sentido próprio. E a bondade divina, sabemos, é para
ser exibida em nós em Cristo, para que nenhuma partícula dela seja procurada em
nenhum outro lugar: pois dessa fonte devemos extrair tudo o que se refira à
nossa salvação e felicidade de vida. Que, então, saibamos que Deus não pode ser
de coração adorado por nós, senão quando o contemplamos na pessoa de seu Filho,
e sabemos que ele nos é um Pai amoroso: por essa razão, João diz: ‘Aquele que
não honra o Filho, não honra o Pai’ (Jo 5.23)”.
“Por fim, ele adiciona, no
fim dos dias; pois o Profeta queria outra
vez fazer lembrar aos israelitas do que ele dissera antes — que eles precisavam de longa
aflição, pela qual Deus, gradativamente, reforma-los-ia. Ele então mostra que a
perversidade deles era tal, que não seriam trazidos logo a uma mente direita:
mas que isso seria no fim dos dias. Ao mesmo tempo, ele consola as mentes dos piedosos, para que eles, pelo
cansaço, não ficassem desfalecidos: pois, conquanto não experimentassem de
início a bondade divina, o Profeta os lembra de que não havia nenhuma razão
para desespero, porque o Senhor manifestaria sua bondade no término dos dias”.
“Podemos acrescentar que tal término de dias teve seu início no retorno
do povo. Quando a liberdade foi outorgada aos judeus, para retornarem ao seu
país, foi o término ou plenitude de dias de que o Profeta fala. Mas uma série
contínua do retorno do povo até à vinda de Cristo precisa, ao mesmo tempo, ser
percebida; pois o Senhor, ali, executou mais completamente o que declara aqui
por seu Profeta. Por isso, em toda parte na Escritura, em especial no Novo
Testamento, a manifestação de Cristo é colocada nos últimos tempos. Esse
capítulo está agora explicado” (João Calvino, op. cit., cap. 3)..
mardi 4 octobre 2011
Lendo Oséias com Calvino - capítulo dois
Oséias 2:2-23
Tão numeroso: a população dos filhos de Israel faz parte de uma das três
promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó (ver Gn 12,2; 22,17; 26,4; 28,14). Porque chegou o dia de Jezrael: anuncia a dialética (v.1) do título Jezrael: o Eterno semeia versus o Eterno espalha. O dia de Jezrael é o dia da alegria ou dia de desespero.
O Eterno entrou em processo contra o povo: Os 4,1; 12,3; Is
1,18; 3,13-15; Mq 6,1-2. Prostituição:
a idolatria é prostituição
e a infidelidade é adultério (Os 1,2; Jr 2,20; 3,1; 5,7; 13,27).
Oseias 2.2-8 2 Então Judá e Israel hão-de ficar
de novo unidos; escolherão um único chefe e hão-de levantar-se do abismo,
porque chegou o grande dia de Jezrael 3
Chamem aos vossos irmãos Meu-povo e às vossas irmãs Bem-amada." 4 "Acusem Israel, vossa mãe,
acusem-na, pois ela já não é minha mulher e eu já não sou seu marido. Que ela
retire do rosto as marcas da sua prostituição, e do peito, os sinais do seu
adultério 5 De contrário, vou
deixá-la completamente nua e mostrá-la como no dia em que nasceu. Transformarei
a sua terra em deserto e terra seca, e farei com que morra de sede. 6 Não terei amor pelos seus
filhos, porque são filhos duma prostituta, 7 uma vez que a sua mãe se prostitui e leva uma vida
vergonhosa. Ela mesma dizia: "Vou ter com os meus amantes, aqueles que me
dão o meu pão e a minha água, a minha lã e o meu linho, o meu óleo e o meu
vinho." 8 Por isso, vou
tapar-lhe o caminho com uma sebe de espinhos, e cercá-la de um muro para não
encontrar o caminho.
O Eterno tinha
motivos para repudiar Israel: as prostituições e adultérios – idolatria. Ele, porém, gostaria de poupá-lo. Para fazer isso, teria que haver arrependimento. O Eterno
está disposto a perdoar, mas a falta de arrependimento impede a comunhão.
Isaías 59.1-2 “Não pensem que o braço do Senhor é muito
curto para vos salvar, e que o seu ouvido é surdo para vos escutar! 2 São as vossas faltas que cavam
um abismo entre vós e o vosso Deus; são os vossos pecados que o levam a desviar
o olhar, para não atender os vossos pedidos”.
Caso
Israel não se arrependesse, o Eterno o deixaria sofrer as conseqüências da alienação. A
terra secaria e os filhos sofreriam.
Quando
Israel foi atrás de amantes (ídolos), achou que eles fossem a fonte das sua prosperidade.
O inimigo e seus servos (o mundo, a carne e o diabo) oferecem atrações. Pessoas acham que os benefícios do erro justificam os
riscos. Pode haver prazeres, lucros, mas o preço é
mais alto do que os benefícios. "Porém que fareis quando
estas coisas chegarem ao seu fim?" (Jr 5.31).
O Eterno,
como marido, impediu o acesso de Israel aos seus amantes, dando-lhe motivo para
voltar e buscá-lo. Felizes são os que enxergam a realidade e voltam! Não foram os amantes e sim o próprio Senhor que
sustentava Israel, mas ele tomou as coisas que o Eterno lhe dera e as usou para
servir baal.
“O Profeta,
neste versículo (v. 2), parece se contradizer: pois ele prometeu reconciliação e,
agora fala de um novo repúdio. Essas coisas, juntas, não parecem concordar bem
com Deus abraçar novamente, ou estar desejoso de abraçar, em seu amor, aqueles
a quem antes rejeitara — e que enviasse, ao mesmo tempo, uma carta de divórcio
e renunciasse ao laço matrimonial. Mas, se ponderarmos o desígnio do Profeta,
veremos que a passagem é muito coerente, e que não há contradição alguma nas
palavras. Ele, de fato, prometeu que, em uma época futura, Deus seria propício
aos israelitas: mas, como não haviam ainda se arrependido, era preciso lidar,
outra vez, mais severamente com eles, para que retornassem a seu Deus real e
cabalmente subjugados. Assim, vemos que, na Escritura, promessas e ameaças
estão junta e retamente misturadas. Pois, caso o Senhor passe um mês inteiro
vituperando pecadores, é capaz de eles, nesse período, rebelarem-se uma centena
de vezes. Por isso Deus, depois de mostrar aos homens seus pecados, adiciona
alguma consolação e modera a severidade, para que eles não se desanimem: em
seguida, ele volta outra vez à ameaça, e assim o faz pela necessidade; pois,
embora os homens fiquem terrificados com o temor da punição, todavia, não se
arrependem. É necessário que eles, então, sejam repreendidos não apenas uma vez
ou outra, mas com muita freqüência”. (João Calvino, Comentário sobre Oséias, pp
46-47)
Ezequiel
16 apresenta uma versão desta história, só que a esposa em
Ezequiel é Judá e não Samaria.
Oseias 2:9-13 9
Procurará conquistar os seus amantes, mas não o vai conseguir, andará atrás
deles e não os encontrará. Então dirá: "Vou regressar ao meu primeiro
marido, porque eu era bem mais feliz então do que agora." 10 Ela não compreendia que era eu
quem lhe dava o trigo, o vinho e o azeite, o ouro e a prata em abundância, de
que se servia para o culto a baal. 11
Por isso, vou tirar-lhe o meu trigo, no tempo da ceifa e o meu vinho, no tempo
das vindimas. Vou-lhe retirar a minha lã e o meu linho, para ela ficar
completamente nua. 12 Vou
deixá-la nua e envergonhada diante dos seus amantes, e ninguém mo impedirá de o
fazer. 13 Vou pôr fim às suas
alegrias, às suas festas, às celebrações da lua nova, aos seus sábados e a
todas as outras solenidades.
Quando Israel insistiu em praticar a idolatria, o Eterno decidiu castigá-lo.
Quando Israel insistiu em praticar a idolatria, o Eterno decidiu castigá-lo.
- As bênçãos deixaram de ser derramadas (9).
- Israel ficou exposto e os povos viram sua pobreza (10).
- Perderam a alegria da comunhão, as festas e os sábados, devido à infidelidade.(11)
- Israel perdeu tudo que ganhara antes (12).
- O povo sofreu, conforme o tempo em que andou na idolatria (13).
As
conseqüências trágicas da alienação são os resultados naturais do distanciamento. O Eterno parou
de cuidar da nação e Israel sofreu nas mãos dos amantes. O
mundo ensina lições quando a pessoa escolhe a alienação (Lc 15.11-32).
Deus
amava Israel, mas o deixou sofrer para chegar ao arrependimento necessário à
reconciliação.
Oseias 2:14-25 14 Devastarei as suas vinhas e as
suas figueiras, das quais ela dizia: "Esta é a paga que me deram os meus
amantes." Farei delas um matagal que será devorado pelos animais do
campo. 15 Vou pedir-lhe
contas por ter prestado culto aos ídolos de baal, pelo fumo dos sacrifícios que
lhes oferecia. Ataviada com anéis e colares corria atrás dos seus amantes,
esquecendo-se que eu existia. Palavra do Senhor! 16 Mas, um dia, vou
reconquistá-la, vou conduzi-la ao deserto, e falar-lhe ao coração. 17 Então lhe darei novamente as
suas vinhas, e o desgraçado vale de Acor tornar-se-á para ela uma porta de
esperança. E ela vai responder ao meu amor como quando era jovem, no tempo em
que ela saiu do Egipto." 18
"Naquele dia, ela há-de chamar-me "meu marido" e não mais me
tratará por meu senhor, baal. 19
Retirarei da sua língua o nome do deus baal, e nunca mais se lembrará
dele. 20 Então concluirei a
favor do meu povo uma aliança com os animais dos campos com as aves do céu e
todos os bichos da terra. Farei desaparecer do país armas de guerra, arcos e
espadas, de modo que o meu povo possa viver tranquilo. 21 Israel, o meu casamento contigo
é eterno e este casamento terá, para sempre, lealdade e justiça, amor e
ternura. 22 Vou-me casar
contigo e serei fiel e tu hás-de reconhecer que eu sou o Senhor. 23 Naquele dia, responderei às
necessidades do céu; este responderá às necessidades da terra Palavra do
Senhor! 24 A terra, por sua
vez, responderá com trigo, vinho novo e azeite, e todos estes produtos
responderão à planície de Jezrael. 25
Então o país será para mim uma boa sementeira, amarei a que era chamada
Mal-amada, e ao que era chamado Não-é-meu-povo hei-de dizer: Tu-és-o-meu-povo;
e ele me responderá: Meu Deus!"
Depois do
período de sofrimento, a mulher foi cativada pelo marido, voltaram ao tempo de namoro e reconciliação.
Deus
cativou a mulher e a levou para o deserto para lhe falar ao coração.
Agiu para possibilitar a volta. E a tratou com carinho, apaixonadamente.
O vale de Acor se torna porta
de esperança (15). Vale de Acor: vale da desgraça. Segundo Js 7.26
encontrava-se na região de Jericó. É provável que o profeta se
refira ao que é contado em Js 7. Por meio da desgraça da invasão dos assírios (11.5),
um remanescente encontraria a esperança da nova vida. As correções de rumo, os desafios, são portas de esperança.
Hebreus 1.4-13 4 O Filho tornou-se superior aos
anjos, porque herdou do Pai um nome que é superior ao deles. 5 Realmente, Deus nunca disse a
nenhum anjo: Tu és meu filho, desde hoje
sou teu pai. E mais: Eu serei seu pai
e ele será meu filho. 6 E
na altura de enviar o seu único Filho ao mundo, Deus disse: Todos os anjos de Deus o devem adorar. 7 Ora, a respeito dos anjos,
também diz: Faz dos seus anjos ventos e
dos seus servidores chamas de fogo. 8
Mas a respeito do Filho diz: Tu és Deus e
o teu trono dura para sempre: Governas o teu reino com justiça, pois a justiça é o teu ceptro. 9 Amas o que é justo e detestas a maldade: Por isso Deus, o teu Deus, te
ungiu e coroou festivamente colocando-te acima dos teus companheiros. 10 E ainda: Foste tu, Senhor, que no princípio criaste a Terra e os Céus säo obra
das tuas mäos. 11 Eles häo-de acabar, mas tu permaneces. Eles
häo-de envelhecer como o vestuário; 12
tu os dobrarás como uma capa e hás-de
pô-los de lado como quem muda de roupa. Mas tu és sempre o mesmo: O passar dos
anos näo te envelhece. 13
Deus nunca disse a nenhum anjo: Senta-te
à minha direita até que eu faça dos teus inimigos um estrado para os teus pés.
Israel
chamaria Deus de "meu marido", não de "meu baal" ou
"meu senhor" (16-17).
Baal significa senhor, mestre. AAo chamar
Deus por este nome, num contexto de idolatria, estaria deixando-o no
mesmo nível dos deuses cananeus. A chave aqui não é a falta de respeito, mas o fato de que o Eterno quer restabelecer uma intimidade de marido e
mulher.
Deus
daria de volta a terra perdida, o povo habitaria em segurança (18). O Eterno faria uma
aliança com sua esposa arrependida (19-20). Depois do que Israel fez, Deus se dispôs a tomá-lo de volta e entrar em nova aliança. Ele seria
um Deus bondoso, e ela um povo fiel e abençoado (21-23).
“O Profeta
aqui aproveita a ocasião para falar do crescimento do povo. Ele prometera um frutífero
e grande aumento de trigo, vinho e óleo; porém, para que finalidade seria isso,
se a terra não possuísse numerosos habitantes? Por isso, foi preciso fazer essa
adição. Além disso, o Profeta dissera antes: ‘Ainda que sejais vós imensos em
número, todavia, somente um remanescente será preservado’. Ele agora coloca a
nova mercê divina em oposição à sua vingança, e diz que Deus novamente semearia
o povo. Por essa
frase, descobrimos que a alusão à palavra Jizreel é impropriamente observada
por alguns, ou seja, que eles, que dantes foram um povo degenerado e não
verdadeiros israelitas, serão então a semente de Deus: todavia, as palavras
admitem dois sentidos; pois urz, zara’, aplica-se tanto à terra
quanto à semente. Os hebreus dizem: ‘A terra está semeada’, e também, ‘O trigo
está semeado’, ou qualquer outro grão. Se pois o Profeta compara o povo à
terra, o sentido será, eu semearei o povo como semeio a terra; isto é, eu os
tornarei fecundos como a terra quando é produtiva. Deve ser então assim
vertido: Eu semea-la-ei para mim como a terra, isto é,
como se ela fosse a minha terra. Ou pode ser traduzido desta maneira, eu
semea-la-ei para mim mesmo na terra, e para este fim, para que a terra, que
esteve por um tempo abandonada e desolada, tenha muitos habitantes; e, como
sabemos, foi o caso. Contudo, o pronome relativo no gênero feminino não nos deve
desconcertar, pois o Profeta sempre fala como de uma mulher: o povo, sabemos,
até agora nos foi descrito sob a pessoa de uma mulher. E ele, posteriormente,
adiciona hmjwr-al, Lo-ruchamah. Ele fala aqui, ou de Laruchamae, uma filha
adúltera, ou de uma mulher adúltera, a quem um marido tome para si. Quanto ao assunto em
si, é fácil descobrir o que o Profeta quer dizer, que é que Deus difundiria uma
descendência em toda parte, quando o povo tivesse sido reduzido não somente a
um número pequeno, mas a quase nada: pois quão pouco faltou para ser ruína
completa a desolação do povo, quando disperso no desterro? Ele era então, como
foi afirmado antes, como um corpo despedaçado: a terra, no meio tempo,
desfrutou de seus sábados; Deus a tinha aliviado de seus moradores Compreendemos
então o que o Profeta quis dizer como sendo que Deus multiplicaria o povo, que o
pequeno resto aumentaria para uma grande e quase inumerável descendência. Eu então a
semearei na terra, ou seja, de um extremo a outro da terra toda; e
eu terei misericórdia sobre Laruchamae, isto é, em misericórdia
recebê-la-ei, a quem não obtivera misericórdia; e
direi ao nãopovo: Vós sois agora meu povo. Vemos que o Profeta insiste
nisto — que o povo não apenas buscaria as
vantagens exteriores da vida presente, mas principiaria na própria fonte,
voltando a alcançar o favor de Deus, e o conhecendo como Pai propício a eles:
pois isso é o que o Profeta quer dizer, do que se dirá mais alguma coisa amanhã”.
(João Calvino, idem, op. cit., p. 75)
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