Uma vida simples
João, ao ouvir na prisão o que Cristo estava fazendo, enviou seus
discípulos para lhe perguntarem: És tu aquele que haveria de vir ou devemos
esperar algum outro? Jesus respondeu: Voltem e anunciem a João o que vocês estão
ouvindo e vendo: os cegos veem, os mancos andam, os leprosos são purificados,
os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e as boas novas são pregadas aos
pobres; e feliz é aquele que não se escandaliza por minha causa. Enquanto saíam
os discípulos de João, Jesus começou a falar à multidão a respeito de João: O
que vocês foram ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Ou, o que foram
ver? Um homem vestido de roupas finas? Ora, os que usam roupas finas estão nos
palácios reais. Afinal, o que foram ver? Um profeta? Sim, eu lhes digo, e mais
que profeta. Este é aquele a respeito de quem está escrito: Enviarei o meu
mensageiro
à tua frente;
ele preparará o teu caminho diante de ti. Digo-lhes a
verdade: Entre os nascidos de mulher não surgiu ninguém maior do que João
Batista; todavia, o menor no Reino dos céus é maior do que ele. Mateus 11.2-11.
A teologia da lei e das obras
João Batista pregava
no deserto, à beira do rio Jordão. A sua mensagem era de que o Reino de Deus e
a sua justiça estavam a chegar. Era uma mensagem dura,
a maneira do Antigo Testamento: tinha por base a Lei de Moisés e seguia o padrão
do clamor profético.
Quando viu que muitos fariseus e saduceus vinham para onde ele estava
batizando, disse-lhes: Raça de víboras! Quem lhes deu a ideia de fugir da ira
que se aproxima? Deem fruto que mostre o arrependimento! Não pensem que vocês
podem dizer a si mesmos: Abraão é nosso pai. Pois eu lhes digo que destas
pedras Deus pode fazer surgir filhos a Abraão. O machado já está posto à raiz
das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao
fogo. Eu os batizo com água para arrependimento. Mas depois de mim vem alguém
mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de levar as suas
sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele traz a pá em
sua mão e limpará sua eira, juntando seu trigo no celeiro, mas queimará a palha
com fogo que nunca se apaga. Mateus 3.7-12.
A teologia da vida
simples ou teologia da simplicidade voluntária é uma teologia cristã que nasce
do milagre da graça derramada pelo sacrifício vicário de Jesus Cristo na cruz
do Calvário.
A teologia da vida
simples gera duas posturas: uma espiritual, de vida plena cheia de sentido; e
outra material, na qual o cristão conscientemente escolhe minimizar a
preocupação com o "quanto mais melhor", em termos de consumo e
riqueza.
A dúvida de João Batista
João Batista conhecia
Jesus. Era primo de Jesus. Tinha profetizado sobre Jesus: “Eu os batizo com água para arrependimento. Mas depois de mim vem alguém
mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de levar as suas
sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele traz a pá em
sua mão e limpará sua eira, juntando seu trigo no celeiro, mas queimará a palha
com fogo que nunca se apaga”. Mateus 3.11-12. Tinha batizado Jesus.
Mas agora estava preso.
E uma questão martelava seu coração e mente. Jesus vai fazer justiça ou não?
Será que Jesus é mesmo o Messias?
Os cristãos que
vivem a teologia da simplicidade voluntária escolhem, porque reconhecem o papel
da graça em suas vidas, privilegiar a qualidade de vida, a vida
saudável, o tempo passado com a família e seus entes queridos, a redução do
stress, a preservação do meio ambiente,
a justiça
social, o não-consumismo, enquanto aqueles que não entendem ou não
aceitam a teologia da vida simples escolhem viver por preferências pessoais,
por razões econômicas, embora a vida simples seja essencialmente uma escolha e
nada tenha a ver com "pobreza forçada".
A pobreza é
involuntária e debilitante, a simplicidade é voluntária e mobilizadora. A teologia
da vida simples significa, a partir da graça, fazer um esforço consciente para
descobrir o que realmente é importante e abrir mão do que é supérfluo,
descobrindo assim que uma vida mais frugal exteriormente pode ser muito mais
abundante e rica interiormente.
A teologia da graça
Diante da pergunta
de João, através de seus discípulos, se ele Jesus era mesmo o Messias e se iria
fazer descer fogo do céu, Jesus apresenta o evangelho da graça:
Jesus respondeu: “Voltem e anunciem a João o que vocês estão ouvindo
e vendo: os cegos veem, os mancos andam, os leprosos são purificados, os surdos
ouvem, os mortos são ressuscitados, e as boas novas são pregadas aos
pobres; e feliz é aquele que não se escandaliza por minha causa. Mateus 11.4-6.
Jesus está a mostrar
a João e a seus discípulos que se abriu um tempo de graça, onde a Lei de Moisés
e as obras meritórias cedem lugar à boa notícia da salvação, em amor e
misericórdia. Para isso veio o Messias.
Embora o ascetismo
possa assemelhar-se à simplicidade voluntária, aqueles que aderem à vida
simples nada têm de ascéticos.
A teologia da
simplicidade voluntária leva os cristãos a agirem conscientemente para reduzir
as suas necessidades de comprar serviços e bens e, por extensão, reduzirem
também a necessidade de vender o seu tempo por dinheiro. Alguns usam suas horas
livres para ajudar seus familiares ou a sociedade, se voluntariando para alguma
atividade. Outros utilizam seu tempo para melhorar a própria qualidade de vida,
desenvolvendo atividades criativas.
A graça é o fundamento da vida simples
E por isso Jesus
disse: Digo-lhes a verdade: Entre os
nascidos de mulher não surgiu ninguém maior do que João Batista; todavia, o
menor no Reino dos céus é maior do que ele. Mateus 11.11.
João, o batista,
como todos os profetas do Antigo Testamento, guiava-se pela Lei de Moisés e
pelas obras meritórias. Mas agora Jesus diz que quem vive a graça através da fé
é maior do que aqueles que viviam pela Lei e pelas boas obras.
Esse “menor no Reino
dos Céus” é maior porque ninguém é salvo pela Lei e pelas obras, mas através da
fé na graça redentora de Jesus, o Messias de Deus.
A teologia da vida
simples nos leva a analisar e procurar os motivos de porque nós consumimos
tantos recursos e compramos tantas coisas para ter, em última instância, uma
qualidade de vida precária.
Quem vive a teologia
da vida simples preocupa-se com o meio ambiente. O estilo de vida consumista
impacta o mundo, por isso, é preciso estar atento, rever e refletir sobre a
real necessidade das nossas compras e da quantidade de recursos que são
utilizados para mantê-las. Optar por bens "amigos da natureza", e
sempre que possível, procurar compartilhar bens com amigos e vizinhos, faz
parte do caminho proposto pela graça plena de Jesus Cristo.
Simplesmente Jesus – uma vida simples é o tema de nossas
vidas. Será no correr do novo ano o lembrar e viver a graça derramada pelo
sacrifício de Jesus. Viver o fundamento da teologia da vida simples – cheia de
graça --, que não repousa em obras!
Do amigo,
Jorge Pinheiro.
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