INTRODUÇÃO AO
ESTUDO DO APOCALIPSE
Jorge Pinheiro[1]
Primeira parte
O livro do
Apocalipse não deve ser lido como fonte de argumentos em prol de iminente fim
do mundo. Para fundamentar tal visão, partimos da análise de teólogos como
Agostinho, de reconhecido peso na história da Igreja, e de teólogos
contemporâneos, como Hans Schwarz[2]. O
núcleo do Apocalipse dispõe-se em três septenários, que recapitulam a história
da humanidade e da Igreja sob forma simbólica, mostrando que as calamidades da
história estão englobadas num plano sábio de Deus. Este dirá a última palavra,
mas o livro não permite calcular a data da consumação dos tempos ou da segunda
vinda de Cristo. O Apocalipse é um livro de conforto e esperança e não um livro
de desgraças. Deve ser lido dentro dos parâmetros do gênero literário
apocalíptico, que tem estilo e linguajar próprios. Quem não leva em conta tais
peculiaridades corre o risco de deduzir do texto o que ele não quer dizer.
O
Apocalipse, com seus símbolos, leva muita gente à tentativa de calcular a data
do fim do mundo. Por isso, antes de qualquer coisa, vamos trabalhar com os
critérios deduzidos do próprio gênero literário apocalíptico e apresentar os
problemas suscitados pelo livro e as soluções mais plausíveis para o mesmo.
Dividiremos
a nossa exposição em cinco partes:
1.
Que é um apocalipse?
2.
O contexto histórico do Apocalipse de João
3.
A interpretação do Apocalipse
4.
Questões especiais
5.
Considerações finais
1.
QUE É UM APOCALIPSE?
A palavra
grega apokálypsis quer dizer revelação.
O gênero literário apocalíptico esteve voga entre os judeus nos dois séculos
anteriores e posteriores a Cristo. A sua origem se deve ao fato de que os
profetas foram escasseando em Israel após o exílio babilônico (587-538 a.C.);
os últimos profetas bíblicos, Ageu, Malaquias e Zacarias, exerceram o seu
ministério nos séculos seis e cinco antes de Cristo.
Após o
século V o povo de Israel continuou sujeito ao jugo estrangeiro: retornando do
exílio babilônico em 538 a.C., ficou sob o domínio persa até Alexandre Magno
(336-323 a.C.) da Macedônia, que conquistou a terra de Israel, anexando-a ao
Império Macedônico.
Após a morte
do Imperador, a Palestina ficou sob os egípcios (dinastia dos Ptolomeus) até o
ano de 200 a.C. Nesta data, os sírios ocuparam e dominaram a terra de Israel,
constituindo aí o período dos Antíocos ou Selêucidas.
As novas idéias
As questões
escatológicas que surgem durante o período macabeu traduzem três tipos de
preocupações: 1. Como Israel se libertará da dominação pagã e o reino de Deus
se realizará? 2. Qual o destino último dos justos e dos pecadores? 3. Quando
terminará o caos e a maldade na história?
Acontece que as
guerras e as violentas transformações sociais vividas por Israel não levantaram
apenas questões escatológicas, mas também éticas e políticas. Assim, durante
esses anos de crise generalizada, a visão espiritual rompeu suas cadeias
formais e permitiu uma produção multifacetada até então inédita na história
judaica. Esquematicamente, podemos agrupar este processo de produção de novas
idéias em três grandes grupos: nacionalista, de sabedoria e apocalíptico.
Para falar dos
três é preciso entender que a visão profética clássica nasce de uma profunda
compreensão do momento presente e do coração de Deus. Nesse sentido, o profeta
clássico tem sempre um conhecimento da dialética do momento presente e, chamado
por Iaveh, apresenta sua vontade aos homens. Mas, o profeta não é apenas um
analista crítico e sim um atalaia que prega uma postura correta diante de Iaveh.
Nesse sentido, a profecia clássica sempre foi também um exercício ético.
A história de
Israel sob os macabeus foi uma história de crise social. Tempo que permitiu o
surgimento e necessitou a presença de profetas. Tempo onde a memória dos servos
de Iaveh emergiu com toda a sua radicalidade: Ele está ao lado do perseguido e
contra o perseguidor. Esta memória se transformou numa visão global da
história. E não nasceu da acomodação, nem da alienação diante da injustiça, mas
da compreensão daquele momento presente e da vontade de Iaveh para seu povo escolhido.
Sem dúvida, Iaveh falou a seu povo através de sábios e mestres, mesmo quando estes,
para evitar a perseguição e o martírio, reeditavam antigos manuscritos,
traduziam para a realidade presente histórias memoriais, e, sobretudo, omitiam
seus verdadeiros nomes. Durante todo o período, antigas promessas foram
apresentadas com maiores detalhes. Avivados pela palavra profética, o povo
tomou conhecimento da revelação de Iaveh. Se há na história da revelação um desenvolvimento gradual e se a
base histórica da revelação é linear, mas o desenvolvimento da fé não o é, no
período macabeu chegou-se a um processo combinado, onde aspectos até então
pouco definidos emergiram com claridade.
Dessa maneira,
quer nos escritos éticos, quer nos escritos políticos, encontramos uma visão
profética, resgatada da memória dos textos bíblicos antigos. Mas, sem dúvida,
essa revolução do pensamento religioso judaico alcançará seu momento de maior
expressão com a literatura apocalíptica.
Situamos na
época dos Macabeus, período que vai da ascensão dos selêucidas até 67 a.C., a
seguinte literatura:
- Apócrifos Éticos (literatura de
sabedoria): Tobias; Sentenças de Ieshua ben Sirah (Eclesiástico); Livro da
Sabedoria de Salomão.
- Apócrifos Políticos (literatura
nacionalista): I Macabeus, II Macabeus.
- Apócrifos Apocalípticos
(literatura de revelação): Judite, II Esdras e Baruch. Entre os
pseudepígrafos da era dos macabeus, temos a Carta de Aristéia; O Livro dos
Jubileus; Os Oráculos Sibilinos; Enoque (etiópico); e o Testamento dos
Doze Patriarcas. E um apocalíptico canônico, O Livro de Daniel.
A tensa
atmosfera e o choque durante os três anos em que o templo foi um santuário
pagão, com o banimento do judaísmo, abriu caminho para um livro peculiar,
talvez o mais importante do período, enquanto literatura apocalíptica: Daniel.
Situamos o livro
nesse período[3], entendendo que é uma edição de antigos fragmentos do período
babilônico, compilados, organizados e contextualizados àquele momento histórico
descrito no capítulo onze. Nesse capítulo, as guerras entre lágidas e
selêucidas, assim como as investidas de Antíoco IV Epifânio contra Jerusalém e
o templo são narradas com riquezas de detalhes. Ao contrário do que acontece
nos livros proféticos anteriores, aqui o autor cita fatos aparentemente
insignificantes, querendo demonstrar que é uma testemunha ocular da história.
Dessa maneira, a edição que conhecemos do livro de Daniel deve ser situada no
período da grande perseguição de Antíoco IV Epifânio, possivelmente entre os
anos de 167 e 164 a.C. [4]
Assim para
muitos especialistas, os capítulos sete a 12 de Daniel, enquanto reedição são
chamados de “vaticinia ex eventu”, dado que o autor viveu depois e não
antes dos fatos históricos que descreve.
Esses capítulos são uma reação contra a declarada helenização da Judéia
e das perseguições em curso, mas, paradoxalmente, uma forma de pensamento
afetado pela civilização helenística.
A partir da
segunda metade do livro, o autor trabalha sobre dois temas registrados na primeira
metade: que o judeu deve ser fiel a Iaveh em meio à tentação e à provação; e que Iaveh defende o servo leal que prefere morrer a violar os mandamentos.
Nos seis
capítulos finais, o sábio (ou grupo de sábios, cujos escritos foram compilados
por um redator) retoma o conteúdo das visões que teve em relação à profanação
do templo, em 167 a.C., e o erguimento da “abominação desoladora”.
Não é nossa
intenção aqui analisar os capítulos finais do livro de Daniel, que permitem
várias interpretações escatológicas, quer para judeus, quer para cristãos, mas
entender a característica dessa literatura. Como a profecia anterior, o
apocalipse é uma revelação de aviso do julgamento de Iaveh e promessa de salvação. Mas sob vários aspectos, é uma
transformação na forma e conteúdo da experiência revelatória do judaísmo
anterior.
Os profetas
clássicos, por exemplo, falavam à sua própria sociedade, o que requeria
imediatas escolhas políticas e éticas, que podiam afetar ou modificar o juízo
divino iminente. Para eles, o futuro permanecia aberto, porque a decisão de Iaveh poderia mudar, caso o homem se arrependesse.
Os
apocalípticos, no entanto, encaram a história como um processo fechado e
unificado, vendo a sua própria era como derradeiro elo de eventos que se
desenrola em seqüência pré-ordenada. As visões de Daniel implicam uma divisão
tripartida da história do mundo. Em primeiro lugar, há o período que vai da
formação de Israel, seu estabelecimento em Canaã, até a destruição de seus
reinos e do primeiro templo. O segundo período, que se entremeia ligeiramente
com o primeiro, era o tempo dos quatro impérios mundiais. O terceiro período,
que se sobrepõe ligeiramente com o segundo, é escatológico e derradeiro: o
clímax da história. Ao contrário das promessas escatológicas da profecia
clássica, que viam um “fim dos dias” no futuro distante, o autor apocalíptico
crê que a meta está a seu alcance: está aqui o fim da dominação pagã, a
completa salvação de Israel, a manifestação final do reino Iaveh na terra. O escritor apocalíptico oferece um panorama muito mais
amplo da ascensão e queda de vastos impérios, mas seu interesse em relação ao
mundo real e imediato é muito menor que o do profeta clássico. Seu olho
focaliza outro mundo.
Outra diferença
entre a profecia clássica e a literatura apocalíptica envolve sua proximidade
com o reino do céu. Os profetas clássicos, com exceção de Ezequiel, eram
reticentes nos relatos do que viam durante a revelação. Sua tarefa principal
era comunicar a ordem oral e não apresentar uma descrição visual da corte
divina. Já o apocalíptico descreve suas visitas ao céu com pormenores,
mencionando os anjos pelos nomes e falando dos palácios, sala do trono e
membros da corte celestial que cercam o divino rei.
O simbolismo misterioso e a ênfase na escatologia indicam uma ligação
com a profecia tardia do pré-exílio, mas o pensamento apocalíptico deve muito à
tradição da sabedoria helenística. Convém notar que Daniel é um sábio, não um
profeta, e que seu livro está incluído nos ketuvim, escritos, e não nos neviim,
profetas.
O ponto mais
importante de contato entre a literatura apocalíptica e a sabedoria grega é a
idéia de uma ordem cósmica predeterminada. Anteriormente, foi a idéia de
inacessibilidade que levou às meditações de Eclesiastes sobre a ilusão do esforço
humano. Agora, a literatura apocalíptica traduz essa ordem em plano
providencial de Iaveh para a história.
A preocupação do
escritor apocalíptico com o definitivo não cessa com a história. O poder de Iaveh não pode ser limitado pela morte, de modo que a escatologia
política é tanto pessoal como histórica. Assim, o capítulo 12 de Daniel é o
primeiro texto bíblico a referir-se claramente à ressurreição dos mortos: “alguns
para a vida eterna, outros para a vergonha e desprezo eternos” (Dn 12:2).
No final dos dias, os justos “que dormem no pó da terra” retornarão para
“brilhar como as luminárias do firmamento... como estrelas, para todo o
sempre” (Dn 12:3).
É importante notar que é no período macabeu que a idéia da ressurreição
toma corpo, a ponto de transformar-se numa idéia-força do judaísmo popular daí
para a frente. A fé na ressurreição dos mortos aparece de forma muito clara em
II Macabeus 7:9 e 14:46 e é o fundo da história do martírio dos sete irmãos (II
Mc.7:11, 14, 23, 29 e 36). Antes, só temos em todo o Antigo Testamento dois
versículos que falam da ressurreição (Is 26:19 e Jó 19:26s).
Outras obras
importantes que fazem parte da literatura apocalíptica da época -- embora
considerados apócrifos e pseudepígrafos, por não estarem no cânon judaico --
são os livros de Enoque, II Esdras e Baruch.
Enoque é uma
obra longa, uma edição de fragmentos vários, da qual certas partes podem até
ser anteriores a Daniel. No correr do livro, o narrador Enoque (Gn. 5:21-24)
descreve suas visitas aos extremos da terra e sua ascensão aos palácios
celestiais. O livro inclui um tratado sobre astronomia, poemas sobre o destino
derradeiro do justo e do pecador, e uma seção chamada Similitudes, referente ao
eleito ou Filho do Homem, que será mandado por Hwhy nos últimos dias para julgar a humanidade.
Em II Esdras, o
narrador sente-se perplexo ante as calamidades que recaem sobre Israel, o
aparente abandono em que Hwhy
deixa seu povo amado e pergunta por que tão poucos merecerão a vida eterna. Um
anjo dá a Esdras conta do significado da história e seu fim, instruindo para
que escreva e esconda “setenta livros” que consolarão os que viverem antes dos
últimos dias.
Baruch, de quem
se diz ter sido escriba de Jeremias, trata de questões similares. Contém uma
oração de confissão e de esperança, um poema sapiencial, no qual a sabedoria é
identificada com a Lei, um trecho profético, onde Jerusalém personificada se
dirige aos judeus da diáspora e onde o profeta a encoraja com a evocação das
esperanças messiânicas.
A importância dessa
coleção de textos sob o nome de Baruch é nos levar às comunidades da diáspora e
de nos mostrar como a vida religiosa também lá, distante, estava relacionada
com Jerusalém, pela oração, pelo culto à Lei, pelas promessas proféticas e pelo
espírito messiânico.
Assim, a
partir dos diferentes textos apocalípticos analisados podemos definir os
elementos formais desse gênero de literatura:
a.
A pseudonímia do autor. É um contemporâneo dos seus primeiros leitores, mas fala
como se fosse um personagem antigo. É o que se vê no livro de Daniel. No
Apocalipse de João é um anjo quem revela.
b.
O caráter reservado das revelações. Estas foram comunicadas ao personagem da
Antigüidade; deviam, porém, ficar em segredo até os dias do autor do
apocalipse. Veja-se, por exemplo, Dn 8.26; 12.9.
c.
Freqüentes intervenções de anjos. Estes aparecem, nos apocalipses, ora como
ministros de Deus que colaboram com a Providência Divina na dispensação da
salvação aos homens, ora como intérpretes das visões ou revelações que o autor
do livro descreve. Cf.
Ez 40.3; Zc 2.1s; 2.5-9; 5.1-4; 6.1-8; Ap 7.1-3; 8.1-13.
d.
Simbolismo singular. Animais podem significar homens e povos; feras e aves
representam geralmente as nações pagãs; os anjos bons são descritos como se
fossem homens, e os maus como estrelas caídas. O recurso aos números é
freqüente, explorando-se então o simbolismo dos mesmos (3, 7, 10, 12, 1000 como
símbolos de bonança; 3 ½, como símbolo de penúria e tribulação). É a
exuberância do simbolismo dos apocalipses que torna difícil a compreensão dos
mesmos. O leitor deve entender esse simbolismo a partir de passagens bíblicas e
extrabíblicas paralelas (há símbolos que se repetem com a mesma significação:
gafanhotos, águias, cedro, três anos e meio, mil anos...). Os autores de
apocalipses são assaz livres ao conceber seus símbolos, suas visões e
personificações; propõem cenas estranhas sem se preocupar com a sua
verossimilhança: cf. a Jerusalém nova em Ap 21.1-7; Ez 47.1-12.
e.
Forte escatologia. Os apocalipses se voltam todos para os tempos finais da
história e os descrevem apresentando a intervenção de Deus em meio a um cenário
cósmico, o julgamento dos povos, o abalo da natureza, a punição dos maus e a
exaltação dos bons, estando reservado para Israel nesse contexto um papel de
relevo e recompensa.
Este traço diferencia a profecia do apocalipse. A profecia
é sempre uma palavra dita em nome de Deus (propheemi
= dizer em lugar de). Nem sempre visa ao futuro, refere-se muitas vezes a
situações do presente, procurando sacudir os homens de sua indiferença ou da
hipocrisia de vida, levando-os a conduta moral digna e correta. A profecia tem
um caráter moralizante, válido para os contemporâneos, mas nem sempre voltado
para a escatologia.
Nos apocalipses a índole moralizante desaparece: o que
preocupa João são os acontecimentos finais da história, que redundarão em
derrota definitiva dos maus e prêmio para os bons. As visões, os sonhos e os
símbolos fantasistas, que os profetas já cultivavam, tornam-se elementos
dominantes na forma literária dos apocalipses.
Assim, durante o
período macabeu muitas idéias novas afloraram em meio à vida judaica. Podemos
citar desde o ressurgimento da figura da mulher, com a história de Judite e a
personificação da sabedoria (Eclesiástico 24), o casamento monogâmico[5],
o batismo[6], e elementos conceituais da doutrina do Espírito Santo[7]. Mas, sem dúvida nenhuma, duas idéias revolucionaram o judaísmo:
- A recompensa apresentada pelas
profecias apocalípticas, que se traduz concretamente na ressurreição[8];
- E a promessa da autoridade
profética, restauradora da justiça, apresentada na figura do Messias[9].
Essas duas
idéias deram uma vida nova ao judaísmo, fazendo com que transcendesse às
formalidades das leis e rituais. A partir desse momento, surgiu um judaísmo do
homem comum, cheio de fé na aparição iminente do Messias e na recompensa divina
através da ressurreição. Esse judaísmo ocupou as ruas, subiu os montes, fugiu
para o deserto.
Os Romanos
em 63 a.C. invadiram o território palestino e impuseram seu jugo aos judeus,
jugo que perdurou até que o povo de Israel foi expulso da sua terra em 70 d.C.
(queda e ruína de Jerusalém revoltada). Nessas circunstâncias de vida o povo de
Israel, não tendo profeta, sentia necessidade de ser consolado e alentado para
não desfalecer. Foi então que autores judeus se puseram a cultivar o gênero
literário apocalíptico, que tem afinidade com a profecia, mas não se identifica
com esta.
João tinha
razões para consolar seus companheiros perseguidos e predizer a vitória final
do bem sobre o mal, porque esta é anunciada por todas as profecias e promessas
feitas a Israel. O autor de um apocalipse nada acrescenta de novo a essas
promessas, apenas as tornam atuais, repetindo-as de maneira solene e enfática
em momento penoso da história do seu povo e anunciando para breve o cumprimento
das mesmas. De resto, a Salvação, já oferecida por Deus em fases anteriores de
tribulações de Israel, era penhor de que o Senhor não abandonaria seu povo.
2.
CIRCUNSTÂNCIAS DE ORIGEM DO APOCALIPSE DE JOÃO
1.
No fim do
século primeiro d.C. tornava-se cada vez mais penosa a situação dos cristãos
disseminados no Império Romano. Em verdade, o Senhor Jesus deixou este mundo,
intimando aos discípulos para que aguardassem sua volta gloriosa; não lhes quis
indicar, porém, nem o dia nem a hora de sua vinda, pois esta deveria ser tida
como a de um ladrão que aparece imprevistamente à meia-noite (cf. Mt 24,43; 1
Ts 5,2s); vigiassem, pois, e orassem em santa expectativa. Todavia, apesar da
sobriedade das palavras de Jesus, os discípulos esperavam que a sua vinda se
desse em breve, enquanto ainda vivesse a geração dos Apóstolos mesmos. À
medida, porém, que se passavam os decênios, essa esperança se dissipava; a não
poucos parecia que Cristo havia esquecido a sua Igreja e que vão era crer no
Evangelho.
A situação
se tornara ainda mais angustiosa desde que Nero, em 64, desencadeara a primeira
perseguição violenta contra os cristãos.
"Ser
discípulo de Cristo" equivalia, daquela ocasião em diante, a ser tido como
"inimigo do gênero humano": manifestava-se cada vez mais a oposição
entre mentalidade cristã e mentalidade pagã, de modo que, vivendo em plena
sociedade pagã, os cristãos tinham não raro que se abster das festas de
família, das celebrações cívicas, dos jogos públicos, até mesmo de certas
profissões e ramos de negócio (pois através de todos esses meios se exprimia a
mentalidade politeísta e supersticiosa reinante).
Em
particular, na Ásia Menor o ambiente era carregado de maus presságios: lá ia
tomando proporções cada vez mais avultadas o culto dos Imperadores, a ponto de
se tornar a pedra de toque da fidelidade de um cidadão romano à pátria. Desde
195 a.C. a cidade de Esmirna possuía um templo consagrado à deusa Roma; em 26
d.C. os esmimenses ergueram outro santuário em honra de Tibério, Lívio e do
Senado. Em Pérgamo, desde 29 a.C., fora instituído o culto do Imperador. A
cidade de Éfeso, nos inícios do reinado de Augusto, construíra um altar
dedicado a este soberano no recinto do "Artemision" ou templo de
Diana. Os habitantes da Ásia Menor eram especialmente inclinados a tal forma de
culto, pois se sentiam altamente beneficiados pelos governantes de Roma, que
haviam posto termo às guerras civis na região, assegurando à população
prosperidade na indústria, no comércio e na cultura em geral.
Outro perigo
para o Cristianismo se fazia notar na Ásia Menor em fins do século I. A gente
dessa região era profundamente religiosa, de sorte que dava acolhida não
somente às religiões tradicionais do Império e ao Cristianismo, mas também às
formas de culto "dos mistérios" (de Mitra, Cibele, Apolo...),
recém-trazidas do Oriente. Tais mistérios fascinavam pela sua índole secreta e
por sua promessa de divinização.
Esse estado
de coisas permite tirar a seguinte conclusão: na Ásia Menor uma religião que,
como o Cristianismo, professasse rigorosamente um Deus único e transcendente
manifestado por um só Salvador, Jesus, devia necessariamente defrontar-se em
breve com formidável aliança de todas as forças do paganismo: sistemas
religiosos, interesses políticos, planos econômicos deviam armar-se num combate
unânime e cerrado contra o monoteísmo cristão; ser discípulo de Cristo, em tais
circunstâncias, significaria sofrer o ódio e o boicote geral de parentes,
amigos e concidadãos não cristãos, de tal modo que até mesmo na vida cotidiana
do lar o cristão se sentiria sufocado por causa de sua fé.
Assim, o
Império Romano realizou dez perseguições contra os cristãos, dirigidas por Nero
(64), Domiciano (95), Trajano (112), Marco Aurélio (117), Sétimo Severo (fim do
segundo século), Maximiano (235), Décio (250), Valeriano (257), Aureliano e
Diocleciano (303).
A situação
sugeria a não poucos discípulos de Jesus ou a apostasia em relação ao Divino
Mestre ou uma espécie de pacto com as idéias do paganismo, de sorte a dar
origem ao sincretismo religioso (caracterizado principalmente pelo dualismo ou
o repúdio à matéria que a mística oriental muito propalava). Foi em tais
circunstâncias sombrias que João[10]
quis escrever o Apocalipse.
2.
A
finalidade do livro torna-se assim evidente. O autor visava, acima de tudo, a
alentar nos seus fiéis a coragem; o Apocalipse, em conseqüência, é
essencialmente o livro da esperança cristã ou da confiança inabalável no Senhor
Jesus e nas suas promessas de vitória. Pergunta-se então: como terá João
procurado levantar o ânimo e corroborar a esperança dos leitores? Haverá, em
nome de Deus, prometido dias melhores aqui na terra em recompensa da fidelidade
a Cristo, de maneira que quem fosse hostilizado por causa do Senhor Jesus viria
a ser estimado pelos concidadãos e acariciado por prósperas condições de vida
temporal (economia feliz, saúde, sucesso nos empreendimentos...)?
3.
A INTERPRETAÇÃO DO APOCALIPSE
Como se sabe,
grande é o número de sistemas que tentam interpretar o Apocalipse. Todos
concordam sobre o sentido geral do livro, que quer anunciar a vitória do Bem
sobre o mal, do reino de Cristo sobre as maquinações dos pecadores. Divergem,
porém, quando tentam indicar a época precisa em que o Apocalipse situa essa
vitória. As diversas teorias se agrupam sob os títulos seguintes:
a.
Sistema do fim dos tempos: João estaria descrevendo os embates finais da
história. Esta interpretação esteve em voga na Antigüidade; foi posta de lado
na Idade Média; do século XVI aos nossos dias é mais e mais prestigiada
principalmente por parte de correntes que profetizam o fim do mundo para breve;
b.
Sistema da história antiga (do século I aos séculos
IV/V): o Apocalipse descreveria
a luta do judaísmo e do paganismo contra os discípulos de Cristo, luta que terminou
com a queda da Roma pagã (476) e o triunfo do Cristianismo;
c.
Sistema da história universal: o Apocalipse apresentaria, sob a forma de
símbolos, uma visão completa de toda a história do Cristianismo; descreveria
sucessivamente os principais episódios de cada época e do fim do mundo.
Todas estas
interpretações são, de algum modo, falhas, pois não levam em conta suficiente o
estilo próprio do livro e querem deduzir do Apocalipse notícias que satisfaçam
aos anseios de concreto ou mesmo à curiosidade do leitor. Por isto, deixando-as
de lado, proporemos a teoria da recapitulação, que tem seu grande mestre no Pe.
E. B. Alio O.P., professor da Universidade de Friburgo (Suíça) e autor do
livro: Saint Jean. L'Apocalypse. Paris, 1933 (4á edição)'. Examinemos essa
teoria:
A Recapitulação
Antes do
mais, é necessário observar que nem todo o livro do Apocalipse está redigido em
estilo apocalíptico. Compreende duas partes anunciadas em Ap 1.19:
·
1.4-3.22: as coisas que são (revisão da vida
das sete comunidades da Ásia Menor às quais João escreve); o estilo é
sapiencial e pastoral;
·
4.1-22.15: as coisas que devem acontecer depois.
Esta é a parte apocalíptica propriamente dita, para a qual se volta a nossa
atenção. Observemos a estrutura dessa parte:
·
4.1-5.14: a
corte celeste, com sua liturgia. O Cordeiro "de pé, como que imolado"
(5.6), recebe em suas mãos o livro da história da humanidade. Tudo o que
acontece no mundo está sob o domínio desse Senhor, que é o Rei dos séculos.
Notemos assim que a parte apocalíptica do livro se abre com uma grandiosa cena
de paz e segurança; qualquer quadro de desgraça posterior está subordinado a
essa intuição inicial.
a.
O corpo do
livro, que se segue, compreende três septenários: 6.1-8.1: os sete selos
8.2-11.18: as sete trombetas 15.5-16.21: as sete taças. Reflitamos sobre este
núcleo central (de sentido decisivo) do Apocalipse.
Pergunta-se:
uma estrutura construída de forma tão sofisticada poderá ainda ser o reflexo
imediato da história tal como ela é vivida pelos homens? Não seria, antes, o
fruto de um arranjo lógico ou do trabalho de alguém que reflete sobre os
acontecimentos e procura discernir alguns fios condutores por debaixo das
diversas ocorrências da vida cotidiana?
Sabemos que
o estilo de João é comparado ao vôo de uma águia que gira em torno do objeto
contemplado até finalmente dar o bote ou dizer claramente o que quer. Levando
em conta esta peculiaridade de estilo, podemos dizer que o autor não expõe os
sucessivos acontecimentos concretos da história do Cristianismo, mas apresenta
a realidade invisível que se vai afirmando constantemente por detrás dos
episódios visíveis da história.
Em outros
termos: o Apocalipse apresenta (sob forma de símbolos) a luta entre Cristo e
Satanás, luta que é o fundo e a coluna dorsal de toda a história. Cada
septenário (o dos selos, o das trombetas e o das taças) é uma peça literária
completa em si mesma; o número sete, aliás, significa plenitude ou totalidade,
segundo a mística dos antigos.
b.
A seguir,
de 17.1 a 22.15, ou seja, após os três septenários, ocorre a queda dos agentes
do mal:
§
17.1-19.10:
a queda de Babilônia (símbolo da Roma pagã);
§
19.11-21: a
queda das duas feras que regem Babilônia (o poder imperial pagão e a religião
oficial do Império);
§
20.1-15: a
queda do Dragão, supremo instigador do mal.
c.
Em
contra-parte, a seção final (21.1-22.15) mostra a Jerusalém celeste, Esposa do
Cordeiro e antítese da Babilônia pervertida. Os vv. 22,16-21 constituem o
epílogo do livro. Aprofundemos um pouco mais o sentido do tríplice septenário
central do Apocalipse.
O primeiro,
o dos selos (6,1-8,1), nos dá a ver a paulatina abertura do livro que está nas
mãos do Cordeiro. É o septenário mais sóbrio e nítido, que, pode-se dizer,
resume o livro inteiro; examinemo-lo de perto:
§
O primeiro
selo corresponde a "um cavalo branco, cujo cavaleiro tinha um arco.
Deram-lhe uma coroa e ele partiu vencedor e para vencer ainda" (5,2). O
cavalo branco reaparece em 19,11-16; seu montador é o Senhor dos Senhores e o
Rei dos Reis (19,16). - Conseqüentemente dizemos que o primeiro septenário se
abre com uma figura alvissareira: a do Verbo de Deus ou Evangelho que, vencedor
(porque já propagado no mundo), se dispõe a mais ainda se difundir. Sobre este
pano de fundo vêm os três flagelos clássicos da história:
§
O segundo
selo corresponde ao cavalo vermelho, símbolo da guerra (6,3s);
§
O terceiro
selo é o do cavalo negro, símbolo da fome negra e da carestia que a guerra
acarreta (6,5s);
§
O quarto
selo é o do cavalo esverdeado, símbolo da peste e da morte decorrentes da
guerra e da fome (6,7s).
Aí estão os
três flagelos que afligem os homens em todos os tempos e que a Bíblia
freqüentemente menciona; cf. Lv 26,23-29; Dt 32,24s; Ez 5,17; 6,11-12; 7,15;
12,16.
§
Depois
disto, o quinto selo apresenta os mártires no céu pedindo a Deus justiça para a
terra ou o fim da desordem que campeia no mundo. Reproduzem o clamor dos justos
de todos os tempos ansiosos de que termine a inversão dos valores na história
da humanidade. Em resposta, é-lhes dito que tenham paciência e aguardem que se
complete o número dos habitantes da Jerusalém celeste; cf. 6,9-11.
§
O sexto
selo já nos põe em presença do desfecho da história: chegou o Grande Dia do
juízo final (6,17). Aparecem então os justos na bem-aventurança celeste: os
judeus representados por 144.000 assinalados, e os provenientes do paganismo, a
constituir "uma multidão inumerável de todas as nações, tribos, povos e
línguas" (7,9); celebram a liturgia celeste.
Aqui se encerra propriamente o primeiro septenário;
compreende em suas grandes linhas os aspectos aflitivos da história da
humanidade e o anseio dos justos para que a ordem se restabeleça; a consumação
da história é, para os fiéis, vitória e felicidade. A consolação que João quer
transmitir aos seus leitores, consiste precisamente em mostrar que as
calamidades sob as quais os homens gemem, estão envolvidas num plano sábio de
Deus, onde todos os males estão dimensionados para que sirvam à salvação das
criaturas e à glória do Criador. Eis aí a síntese do Apocalipse apresentada com
clareza no primeiro septenário.
§
E o sétimo
selo (8,1)? Corresponde a um silêncio de meia-hora. Sim, o livro se abriu por
completo. João espera a execução dos desígnios de Deus contidos no livro
aberto. Este silêncio de meia-hora é o "gancho" do qual pende o
segundo septenário. O segundo e o terceiro septenários (8,2-11,18 e 15,5-16,21)
retomam o conteúdo do primeiro com algumas variantes. Observemos, para começar,
que terminam cada qual com a consumação da história (sétima trombeta em 11,1418
e sétima taça em 16,17-21). O segundo septenário tem em vista principalmente os
flagelos que afligem o mundo profano: a terra, a vegetação, as águas, os
astros... Ao contrário, o terceiro septenário tem em mira as sortes da Igreja
perseguida pelo Dragão (Satanás) e seus dois agentes (o poder imperial pagão,
que manipula a religião oficial do Estado pagão). Observemos dentro do segundo
septenário o "gancho" do qual pende o terceiro septenário: em Ap
10,8-11 é entregue a João um livrinho, doce na boca e amargo no estômago. Como
entender isto? -- O segundo septenário apresenta a execução do plano de Deus
contido no livro cujos selos se abriram. Portanto, se deve haver outra série de
revelações, deve haver também outro livro que as traga; é precisamente este que
João recebe em 10,811 (amargo no estômago, porque portador de notícias pesadas
para os cristãos fiéis).
Merece atenção especial o intervalo ocorrente entre o
segundo e o terceiro septenários, ou seja, a secção de 11,19 a 15,4. Ele
prepara a série das taças, apresentando os grandes protagonistas da história da
Igreja: a Mulher e o Dragão no capítulo 12; as duas Bestas, manipuladas pelo
Dragão, sendo que a primeira sobe do mar (quem olha da ilha de Patmos para o
grande mar, se volta para Roma) e representa o poder imperial perseguidor, ao
passo que a segunda Besta sobe da terra (quem de Patmos olha para o continente
próximo, volta-se para a Ásia Menor, onde campeia o culto religioso do
Imperador); ver respectivamente Ap 13,1 e 11.
A sede capital destes dois agentes é Babilônia (= a Roma
pagã). O cap. 12, ao apresentar a Mulher e o Dragão, é também uma síntese da
mensagem da Apocalipse e da história da Igreja, que será comentada na quarta
parte deste estudo. - Como dito, os agentes do mal estão fadados a perecer, como
se lê em 17,1-20,15, dando lugar à Jerusalém celeste e à bem-aventurança dos
justos.
Por
conseguinte as calamidades que o Apocalipse apresenta a se desencadear sobre o
mundo, não hão de ser interpretadas ao pé da letra; antes, depreender-se-á o
seu sentido à luz das cenas de paz e triunfo que João intercala entre as
narrativas de flagelos (enquanto os justos padecem na terra, há plena segurança
no céu, conforme o Apocalipse). Justapondo aflições (na terra) e alegria (no
céu), João queria precisamente dizer aos seus leitores que as tribulações desta
vida estão em relação estrita com a Sabedoria de Deus; foram cuidadosamente
previstas pelo Senhor, que as quis incluir dentro de um plano muito harmonioso,
plano ao qual nada escapa.
Em
conseqüência, ao padecer as aflições da vida cotidiana, os cristãos se deviam
lembrar de que tais adversidades não esgotam toda a realidade, mas são apenas
as facetas externas e visíveis de uma realidade que tem seu aspecto celeste e
grandioso. As calamidades sob as quais os cristãos do primeiro século se
sentiam prestes a desfalecer, não os deveriam impressionar, constituíam como
que o lado de baixo de um tapete que, visto no seu aspecto autêntico e
superior, é um verdadeiro tapete oriental, cheio de ricas cores e belos desenhos.
Eis a forma
de consolo que João queria incutir aos seus leitores (não só do séc. I, mas de
todos os tempos da história): os acontecimentos que nos acometem aqui na terra
são algo de ambíguo ou algo que tem duas faces: uma exterior, visível, a qual é
muitas vezes aflitiva e tende a nos abater; outra, porém, interior, invisível
aos olhos da carne (mas perceptível aos olhos da fé), a qual é grandiosa e
bela, pois faz parte da luta vitoriosa do Bem sobre o mal; é mesmo a
prolongação da obra do Cordeiro que foi imolado, mas atualmente reina sobre o
mundo com as suas chagas glorificadas (cf. c. 5). Por isto, enquanto os
cristãos na terra gemem (Ai, ai, ai!), os bem-aventurados na glória cantam
(Aleluia, aleluia, aleluia!).
No céu os
justos não se acabrunham com o que acontece de calamitoso na terra: continuam a
cantar a Deus porque percebem o sentido verdadeiro das nossas tribulações. No
dizer de João, essa mesma paz e tranqüilidade devem tornar-se a partilha dos
cristãos na terra, pois, embora vivam no tempo e no mundo presentes, já possuem
a eternidade e o céu sob forma de semente (semente da graça santificante, que é
semente da glória celeste).
Assim o
Apocalipse oferece uma imagem do que é a vida do cristão e a vida da Igreja: é
uma realidade simultaneamente da terra e do céu, do tempo e da eternidade. Na
medida em que é da terra e do tempo, apresenta-se aflitiva. Este aspecto,
porém, está longe de ser essencial: no seu âmago, a vida do cristão é celeste
e, como tal, é tranqüila, à semelhança da vida dos justos que no céu possuem em
plenitude aquilo que os cristãos possuem na terra em germe.
3.
DOIS TEXTOS EM PARTICULAR
Examinaremos
Ap 12.1-17 e 20.1-10.
Ap 12.1-17
Este
capítulo sintetiza toda a história da Igreja sob a forma da luta entre a Mulher
e o Dragão, figuras paralelas às da Mulher e da serpente em Gn 3.15. Este
trecho apresenta uma Mulher gloriosa e sofredora ao mesmo tempo. Está para dar
à luz um filho que um monstruoso Dragão espreita para abocanhá-lo. A Mulher
gera seu Filho, que tem os traços do Messias. Ele escapa ao Dragão e é
arrebatado aos céus. Dá-se então uma batalha entre Miguel com seus anjos e o
Dragão, que acaba sendo projetado do céu sobre a terra, onde procura abater a
Mulher-Mãe, perseguindo-a de diversos modos. Mas o próprio Deus se encarrega de
defender a Mulher no deserto durante os três anos e meio ou os 42 meses ou os
1260 dias de sua existência.
Vendo que
nada pode contra essa figura grandiosa, a Serpente antiga atira-se contra os
demais filhos da Mulher, tentando perdê-los. Que significa este capítulo? Está
claro que o Dragão representa Satanás, aquele que é "mentiroso e homicida
desde o início" (cf. Jo 8.44).
Quanto à
Mulher, não pode ser identificada com algum personagem individual, mas é a
Mulher que perpassa toda a história da salvação. Com efeito; já à primeira Eva
(mãe dos vivos) Deus prometeu um nobre papel na obra da Redenção. A primeira
Eva se prolongou na Filha de Sião, o povo de Israel, do qual nasceu o Messias.
A filha de Sião culminou na segunda Eva, a Igreja de Cristo. Por isso, em Ap
12.1 e seguintes, a Mulher é gloriosa, mas sofredora como o povo de Israel,
pois os filhos que ela gera estão sujeitos a ser atingidos pela sanha do
Dragão, que age neste mundo como um Adversário já vencido, mas desejoso de
arrebanhar os incautos que lhe dêem ouvidos. Agostinho diz que o demônio é um
cão acorrentado: pode ladrar, fazendo muito barulho, mas só morde a quem se lhe
chegue perto. Por último, esta Mulher-Mãe, Igreja que exerce sua maternidade
por toda a história da salvação, se consumará na Jerusalém celeste, a Esposa do
Cordeiro (Ap 21 s).
A batalha
entre Miguel e o Dragão não corresponde à queda original dos anjos, mas
significa plasticamente a derrota de Satanás, vencido quando Cristo venceu a
morte por sua Ressurreição e Ascensão. Deus permite Satanás tentar os homens
nestes séculos da história da Igreja, com um fim providencial, provar e
consolidar a fidelidade dos crentes. Satanás só age por permissão de Deus.
A duração de
1260 dias ou 3 anos e meio que a Mulher passa no deserto, não significa
cronologia, mas tem valor simbólico. Com efeito, três anos e meio, 42 meses e
1260 dias são termos equivalentes entre si: correspondem à metade de sete anos.
Sete é o símbolo da totalidade, da perfeição, da bonança e, por conseguinte, a
metade de sete é o símbolo do que está inacabado, da dor. Portanto, três anos e
meio (e as expressões equivalentes em meses e dias) no Apocalipse traduzem toda
a história da Igreja na medida em que não é algo concluído, que é a penosa luta
da Igreja entre a primeira e a segunda vinda de Cristo, no deserto deste mundo.
Ap 20.1-10
É este o
trecho que fala de um aparente reino
milenar de Cristo sobre a terra, estando Satanás acorrentado. O milênio seria
inaugurado pela primeira ressurreição, reservada aos justos apenas, aos quais
seria dado viver em paz e bonança com Cristo. Terminado o milênio, Satanás
seria solto para realizar a seu ataque final, que terminaria com a sua derrota
definitiva. Dar-se-iam então a segunda ressurreição, para os demais seres
humanos, e o juízo final.
A teoria
milenarista, entendida ao pé da letra, foi professada por antigos escritores da
Igreja: Justino (+165), Irineu (+202), Tertuliano (+ após 220), Lactâncio (+
após 317). Agostinho (+430) propôs novo modo de entender o texto, a partir a
leitura de João 5.25-29, onde se lê:
“Em verdade, em verdade vos digo, aquele que
ouve a minha palavra... passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos
digo, que vem a hora, e já veio, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de
Deus e os que a ouvirem viverão”.
“Não vos admireis disto, pois vem a hora em que
ouvirão sua voz todos os que estão nos sepulcros. Os que praticaram o bem
sairão para a ressurreição da vida, os que, porém, praticaram o mal, sairão para
a ressurreição do juízo".
Nesse
trecho, o Senhor distingue duas ressurreições: uma, que se dá "agora" ("e já veio"), no tempo presente, quando ressoa a pregação da
Boa Nova: é espiritual e publicitada através do batismo; equivale à passagem da
vida no pecado para a vida na graça que santifica. A outra é
futura e se dará no fim dos tempos, quando os corpos forem transformados pela vida na graça por enquanto latente nos
salvos.
Assim, no
Apocalipse a ressurreição primeira é a passagem da morte para a vida que se dá
na conversão de cada cristão, quando este começa a viver a vida sobrenatural ou
a vida do céu em meio às lutas da terra. A segunda ressurreição é, sim, a
ressurreição dos corpos, que se dará quando Cristo vier em sua glória para
julgar todos os homens e por termo definitivo à história.
Mil anos, em
Ap 20.1-10, designam a história da Igreja na medida em que é luta vitoriosa
("mil" é um símbolo de plenitude, de perfeição; "mil
felicidades", na linguagem popular, são "todas as felicidades").
Pela redenção na cruz, Cristo venceu o príncipe deste mundo (cf. Jo 12.31),
tornando-o semelhante a um cão acorrentado, que muito pode ladrar, mas que só
pode morder a quem voluntariamente se lhe chegue perto (Agostinho).
É justamente
esta a situação do Maligno na época que vai da primeira à segunda vinda de
Cristo ou no decurso da história do Cristianismo. Por isto os três anos e meio
que simbolizam o aspecto doloroso desses séculos (já estamos no
vigésimo-primeiro século), são equivalentes a mil anos, caso queiramos deter
nossa atenção sobre o aspecto feliz, transcendente ou celeste da vida do
cristão que peregrina sobre a terra: a graça santificante é a semente da glória
do céu.
Assim se vê
quanto seria contrário à mentalidade de João tomar ao pé da letra os mil anos
do capítulo 20 e admitir um reino milenário de Cristo visível na terra após o
término da história atual.
4.
Considerações finais
O sistema da
recapitulação proposto merece a preferência aos demais, pois é o que mais leva
em conta a mentalidade e o estilo de João. Este, também no seu Evangelho,
recorreu ao estilo da recapitulação em espiral. Contudo não se pode negar as
alusões do Apocalipse aos personagens e situações da história antiga (Nero, a
invasão dos bárbaros, Roma, Babilônia...).
Mediante
essas referências, João não tinha em vista deter a atenção do seu leitor sobre
episódios da Antigüidade, mas mencionar tipos característicos de mentalidades
humanas ou de situações de vida que acompanham toda a história da Igreja: assim
Nero vem a ser o protótipo dos soberanos políticos que persigam a Igreja em
qualquer época (há muitas reproduções de Nero através da história). Por isto
também o número 666 da Besta do Apocalipse, adversária dos cristãos, equivale,
segundo a interpretação mais provável, à expressão Kaisar Neron (Imperador Nero).
Roma e
Babilônia, por sua vez, designam de maneira típica o poderio deste mundo que,
com seus mil atrativos de esplendor e prazer, procura seduzir os discípulos de
Cristo para o pecado. A luta a que João assistiu, entre Roma pagã e a Igreja, é
evocada no Apocalipse não por causa da luta propriamente dita, mas dentro de
uma perspectiva mais ampla, isto é, a fim de simbolizar e predizer o combate
perene que se vai travando entre o poder diabólico e Cristo através dos
séculos, até terminar com a plena vitória do Senhor Jesus.
Estas
considerações concorrem para evidenciar quanto é vã a tentativa de descobrir a
predição de fenômenos estranhos da hora presente (bombas atômicas, explosões,
enchentes e secas, discos voadores) nos quadros do Apocalipse. Estes são
quadros típicos e perenes, quadros que se reproduzem por todo o decorrer da
história, variando apenas de aspectos.
A sua mensagem abrange todas as
situações análogas: querem, sim, dizer que as desgraças da vida presente, por
mais aterradoras que pareçam, estão sujeitas ao sábio plano da Providência
Divina, a qual tudo faz concorrer para o bem daqueles que 0 amam (cf. Rm 8.28).
INTRODUÇÃO AO
ESTUDO DO APOCALIPSE
Segunda parte
O Apocalipse
passo a passo
Estamos então nos últimos anos
do primeiro século, no fim do reinado do imperador Domiciano. O culto do
imperador divinizado se espalha e torna-se o teste da lealdade política: todo
bom cidadão deve participar dele. Os cristãos professam a existência de um só
Deus e um só Senhor. Recusam esta idolatria que é o culto imperial, expõem-se
ao martírio. Para compreender o Apocalipse é preciso que esta situação seja
lembrada.[11]
"O que diz o espírito às igrejas”
Ler o cap. 1.
A obra se apresenta como uma carta:
tem um endereço (1,4); como uma profecia: é a Palavra de Deus (1,2-3), e João
arrebatado pelo Espírito, escuta e vê (1,10 e 12) como os profetas de outrora;
como um apocalipse (revelação, 1,1); por isso a visão de João (1,12-20) se
sobrecarrega com elementos simbólicos.
- A saudação da carta tem uma estrutura trinitária; Deus e o
Espírito têm uma breve menção (1,4). João se detém mais no Cristo: três
títulos lhe são dados, sua obra é resumida, sua vinda anunciada.
- Na primeira visão, é o Cristo que se manifesta. Qual o sentido
dos elementos descritos nos versículos 13-16? (cf. BJ notas). Como ele se
apresenta nos versículos 17-18?
Ler os cap. 2
e 3.
Cada uma das sete cartas às
Igrejas se compõe dos mesmos elementos: escrita em nome do Cristo evoca a situação
concreta da Igreja a que se dirige e termina com uma promessa.
- De que maneira Cristo é designado em cada carta? Diante das
tribulações suscitadas pelos pagãos ou falsos doutores as Igrejas reagem
com fidelidade, ou relaxamento. Que promessas são feitas aos vencedores?
"Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro, louvor e glória”.
Ler os cap. 4
e 5.
Com o quarto capítulo, o céu se
abre e João é convidado a entrar (4,1). O desenrolar e o objetivo da história,
visto do lado de Deus lhe vão ser revelados. Assim ele poderá fazer compreender
às Igrejas o sentido do que estão vivendo.
No céu, João vê primeiro
celebrar-se um culto em torno de um trono, no qual alguém está sentado.
- Que representam as personagens que a celebram? Como se exprime
sua adoração?
Deus tem na mão um livro selado
que ninguém pode abrir enquanto Cristo não tiver vindo. Somente ele revelará o
seu conteúdo, entre as aclamações dos personagens celestes (5,1-14).
- Por que Cristo é chamado Leão, depois de Cordeiro?
- Que significa a posição e o estado do Cordeiro no versículo 6?
- Conforme os cânticos que o aclamam, é digno de que e por que?
Ler os cap. 6
e 7.
O Cordeiro abre sucessivamente
os sete selos do Livro. A abertura dos quatro primeiros provoca na terra a
saída de quatro cavaleiros, cujo simbolismo é indicado por uma expressão tirada
de Ezequiel (6,8; cf. BJ).
- À oração dos mártires, convidados a esperar ainda a vingança
(5º selo), responde a cólera divina que começa a se desencadear (6º selo):
contra quem?
Diante da cólera de Deus, quem
pode resistir (6,17)? O resto da visão nos vai contar. Ela distingue na terra
(7,1-8) o grupo dos 144.000, pertencentes às 12 tribos de Israel, o povo que
Deus elegeu (marcou com seu selo). Aparece em seguida, no céu, uma grande
multidão, que ninguém podia contar, vinda de todos os povos cuja identificação
é fácil. Esta multidão passou pela tribulação: agora está salva e canta
(7,9-17).
- De quem lhe veio a salvação (10)? E de que modo (14)?
Ao 7º selo segue-se um tempo de
silêncio (8,1). Novas visões explicitarão o que estava apenas esboçado na visão
dos selos.
"Será consumado o mistério de Deus"
Ler os caps.
8-9 e 11-14-19.
Novamente tudo parte de Deus,
que age através de seus anjos (8,25). Estes, ao som de suas trombetas (ainda
uma série de sete) desencadeiam sobre a terra quatro espécies de flagelos
paralelos aos quatro primeiros selos, mas que se inspiram nas pragas do Egito
(8,6-12; cf. Ex 7-10). A quinta e a sexta trombeta fazem surgir batalhões
demoníacos, cujo aspecto é horrível e a ação maléfica (9,1-19).
- Contudo, Deus tem intenções de salvação deixando o campo livre
a esse monstro. Qual é, conforme 9,20-21?
A sétima trombeta suscita cantos
de louvor, no céu.
- Qual o objeto desses cantos em 11,15 e 17?
O terceiro "Ai" chega.
A sétima trombeta, como o sétimo selo, não põe fim a nada. Ela abre novas
perspectivas de julgamento, mas também de salvação (11,18-19).
Ler o cap
10,1-11.13.
Entre o soar da 6ª e da 7ª
trombeta, dois episódios se intercalam: o do "primeiro livro"
(10,1-10) e o das duas testemunhas (11,1-13). O primeiro prepara o futuro (a
seqüência dos capítulos do Apocalipse), o segundo explicita um passado ainda
recente.
O anjo do arco-íris tem uma
dupla função: traz um livrinho aberto e faz uma proclamação.
- Como a postura do Anjo e suas palavras indicam o soberano
domínio de Deus?
João recebe a confirmação de sua
missão de profeta (10,8-11). Ela é dirigida "contra" povos e reis.
- Que sorte está reservada à cidade santa? (v. 2 e 13) e por que?
O texto não é esclarecido por 21,24 e 13,35?
- Os adoradores, no entanto, são poupados e há sobreviventes.
Ter-se-á notado igualmente que as "testemunhas" partilham o
destino de seu Senhor (7,12). Assim estabelece-se o seu reino (cf. sétima
trombeta).
"A hora da perseverança e da fé"
Ler o cap.
12.
Centro e talvez chave do
Apocalipse joanino, este capítulo dá a conhecer, numa visão grandiosa, as
razões da perseguição dos cristãos.
Dois sinais antagônicos
aparecem: uma Mulher, um Dragão (v. 1-5).
O menino arrebatado para junto
de Deus é o sinal da queda do dragão (v. 7-9). Enquanto o céu aplaude
(12,10-12), terríveis ameaças pesam sobre a Mulher e sobre o resto de sua
"descendência": os cristãos.
- Mas a vitória de seu Filho está assegurada. A Mulher encontra
um refúgio no deserto, onde Deus protege e alimenta seu povo (12,6 e
13-16).
Ler o cap.
13.
Depois desta revelação capital
sobre a luta que continua por detrás dos acontecimentos da história, podemos,
com toda serenidade, ver aparecer dois animais monstruosos (tudo o que é demoníaco
é hediondo, cf. 12,3 ou 4,2-19). Eles representam duas realidades de todos os
tempos: o poder político e as ideologias religiosas e todas as que o poder põe
a seu serviço. (João pensa no culto imperial favorecido pelas religiões da
época).
- Que relações existem entre o Dragão e os animais? [E] Entre os
dois animais? Qual é a tática de cada um dos Animais e como se comportam
os homens diante deles?
Ler o cap.
14.
Em face dos animais e de seus
partidários, se levantam o Cordeiro e os que O seguem, já vistosos, cantando o
cântico novo (14,1-5). Esta visão vem acompanhada de aclamações angélicas
(14,6-13).
- Que dizem estas, nos desígnios de Deus, a propósito dos
adoradores da Besta e dos fiéis do Senhor?
Em seguida dois quadros
paralelos vêm simbolizar o julgamento divino (a ceifa e a vindima; 14,14-20).
“Caiu Babilônia, a grande!”
Ler os cap.
15 e 16.
João contempla no céu anjos
portadores de taças, mas antes mesmo que eles tenham derramado seu conteúdo (a
cólera de Deus) sobre a terra, o povo dos vencedores entoa no céu o cântico do
Cordeiro (15,1-4).
- Este cântico exalta a obra de Deus: em que termo e por que?
Depois as sete taças das últimas
sanções divinas se derramam, em rápida sucessão.
- A quem elas atingem (v. 2.6.10)? Obtêm o resultado esperado (v.
9.11)?
O Dragão e seus animais tentam,
como último estratagema (12,16) lutar ainda, mas em vão: está terminado! A
sétima taça produz o terremoto que o número sete traz habitualmente (17-21),
mas desta vez ele é o sinal do fim.
Ler o cap.
17,1-19,10.
Uma nova figura aparece, que
lembra o primeiro animal (cf. 13,1-10): a figura feminina de
"Babilônia", personificando Roma, a capital do Império.
Ela ocupa o trono com uma glória
insolente; por isso sua queda é espetacular, enquanto o povo de Deus, para não
partilhar seu destino, se afasta dela (18,1-8).
Então se eleva a tríplice
lamentação dos reis, dos mercadores e dos marinheiros, surpreendidos diante do
fim súbito de uma tão poderosa cidade (18,9-20), enquanto há júbilo no céu.
- Um anjo, com um gesto simbólico, proclama a ruína definitiva.
Qual é o refrão?
- Então ressoa a aclamação litúrgica (qual?) da multidão celeste,
louvando a Deus por seus julgamentos e a glória de seu reino.
"As núpcias do Cordeiro"
Uma deslumbrante visão se
apresenta subitamente: o céu se abre para dar passagem a um cavaleiro
resplandecente, que vai travar os últimos combates.
Ler o cap.
19,11-20,15.
O cordeiro se transformou em
guerreiro.
- De onde vem o sangue que tinge o seu manto? Com que arma
combate? Os nomes que lhe são dados são suficientes para defini-lo? Cf.
19,12.
Tudo cede diante dele; seus
inimigos são sucessivamente eliminados: os reis, os animais, e por fim, depois
de um último combate, o dragão (19,19-20,10).
- Agora já estamos no fim dos tempos. Satã está completamente
vencido, mas já o estava há muito tempo (cf. 12,5) apesar das aparências
contrárias. Da mesma forma, os mártires não cessaram nunca de partilhar o
triunfo do Cordeiro e sua vida (20,4.6). A morte, por seu turno, é vencida
e os homens julgados segundo suas obras (20,11-15).
Ler o cap.
21,1-22,5.
O mundo antigo desapareceu e uma
visão radiosa ocupa seu lugar. João contempla, vinda do céu, em todo seu
esplendor, a Cidade Santa que é a Esposa do Cordeiro.
- A primeira representação dela é destinada a por em relevo o
poder criador de Deus (21,1 e 5,6) e a nova Aliança que acaba de
instaurar. Por que termos esta é evocada nos versículos 3 e 7?
A descrição da Nova Jerusalém se
inspira largamente em Ezequiel (cf. Ez 40-48). Como ele, João examina a cidade
do exterior até o coração da cidade.
- Por que se interesse ele pelos fundamentos da muralha (21,24),
pelas portas (21,12-13.25), pelos materiais de construção? Qual é o
sentido das imagens de luz?
- João suprimiu o Templo (por quê?), mas guardou a fonte: de onde
brota ela? Quais os habitantes da cidade e qual sua ocupação?
No epílogo de sua obra (22,6-21)
João atesta com firmeza a autenticidade de suas visões e a urgência de sua
mensagem. O próprio Jesus anuncia sua vinda. Para lhe responder, exprimindo o
voto de todos os que têm sede, o Espírito se une à Esposa:
"Amém! Vem, Senhor Jesus!"
Bibliografia para aprofundamento
Apocalipse
2002
ARENS,
Eduardo. El cordero y el dragón: el
Apocalipsis, ¿una teología política? In: Yachay - Revista de cultura,
filosofía y teología. Universidad Católica Boliviana, Cochabamba, Bolívia,
2002. v.19, n.35, p.109-137 (Artículo "que destaca la importancia que
tiene considerar la situación vital e ideológica del género apocalíptico para
responder a la pregunta por lo que Juan propugnaba y defendía en su
Apocalipsis. El lenguaje de este libro nos muestra, entre otras cosas, señala
Arens, numerosos términos 'provenientes del mundo político y afines';
contraposiciones o antagonismos muy marcados (como los del cordero y la bestia,
de Jerusalén y Babilonia), que simbolizan los reinados de Dios y de Satanás y
otras tantas cuestiones de poder y soberanía; una terminología cultual; y la
actitud anticristiana de Roma; que dan cuenta de la mencionada situación a la
vez que enseñan el marco 'profundamente político', de dicho género. El reinado
de Dios, soberano y liberador, y toda la cristología del Apocalipsis de Juan,
significarían principalmente, en este contexto, el triunfo de la justicia de
Cristo sobre 'los poderes políticos y económicos opresores' de la humanidad, no
la destrucción de este mundo") (SA) [Imágenes - Símbolos - Soberanía de
Dios - Babilonia - Soberanía - Libertad]
CHEVITARESE, André Leonardo.
I. Literatura do cristianismo primitivo -
Dragão, serpente e mulher. As bases helenísticas do capítulo 12 do Apocalipse
de João, o visionário. In: Estudos de Religião. Universidade Metodista de
São Paulo - UMESP - Campus Rudge Ramos, São Bernardo do Campo/SP, Brasil, 2002.
v.16, n.22, p.11-36 ("Texto apresentado e discutido no grupo de pesquisa
Estruturas Religiosas Convergentes no Judaísmo e Cristianismo do Primeiro
Século (UMESP/FAPESP)". "O texto procura verificar a conexão entre as
imagens descritas no capítulo 12 do livro do Apocalipse de João, o Visionário,
e os seus primeiros leitores e ouvintes situados na Ásia Menor, na última
década do I d.C. Para esse fim, foi feito um levantamento dos significados das
palavras gregas correspondendo a 'dragão' e 'serpente' na literatura grega, em
toda a sua extensão. Os principais tópicos dizem respeito a: caracterização
física, lugar de habitação, conexões temáticas, relação com deuses ou heróis,
presença nos escudos, sinonímia, sacralidade, simbolismo. A comparação com o
texto de João permite levantar uma série de pontos de convergênca e divergência
e de chegar a algumas conclusões afirmativas sobre interações culturais e
influências helenísticas no capítulo 12 do Apocalipse") (SA) [Dragão -
Universo divino - Universo heróico - Serpente - Simbolismo]
FELIX, Isabel Aparecida. A terra e a mulher. Uma leitura
ecológica de Apocalipsis 12,1-18. In: A Palavra na Vida. Centro de Estudos
Bíblicos - CEBI-RS, São Leopoldo/RS, Brasil, 2002. n.177/178, p.55-60 (A
Palavra na Vida, 177/178) (Reflete a partir de Apocalipse 12,1-18: "pensamos
que no Apocalipse de João, concretamente no capítulo 12, os mitos são leituras
da realidade vivida pelas mulheres sob o domínio do Império Romano") (SA)
[Mito - Mulher Terra - Ecofeminismo - Dragão]
FIORE, Joaquim de. Introdução ao Apocalipse. In: Veritas -
Revista de filosofia. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul -
PUC-RS, Porto Alegre/RS, Brasil, 2002. v.47, n.3, p.453-471 ("O livro do
Apocalipse é o último de todos os livros escritos com espírito de profecia
incluindo no catálogo das Sagradas Escrituras. E, por isso mesmo, o livro é
chamado de Revelação, pois é através dele que se pode desvendar as obras de
Cristo que, neste momento de plenitude dos tempos, estão completas ou estão se
completando") (SA) [Livro da Revelação - Tradução]
FRIEDRICH, Nestor Paulo. A besta (OHPION) no Apocalipse: uma descrição. In: Estudos
Bíblicos. Editora Vozes, Petrópolis/RJ, Brasil, 2002. n.74, p.96-106
("Neste estudo é apresentado um quadro comparativo daqueles textos no
Apocalipse em que ocorre uma referência à besta. A análise procura mostrar como
o próprio livro do Apocalipse desmascara este poder demoníaco antagônico a Deus
e ao Cordeiro, apontando simbolicamente para sua dimensão interior (ideologia)
= besta, e sua manifestação exterior concreta = reis, Roma, poder do Império
Romano") (SA) [Besta da terra - Falso profeta - Símbolo - Mito]
GALVÃO, Antônio Mesquita. Apocalipse ao alcance de todos. In: O
Recado. O Recado Editora, São Paulo/SP, Brasil, 2002. n.179, p.1-95 (Estudo
sobre o livro de Apocalipse. "O Apocalipse não é um livro de segredos, mas
uma revelação que nos apresenta Cristo como chave para compreensão e julgamento
da história. Trata-se de uma linguagem simbólica, empregada por causa das
condições de perseguição que afligiam a igreja, no tempo em que foi escrito.
Deus foi se revelando aos poucos, através da história, e no Apocalipse ele
completa essa revelação. Por uma linguagem cifrada, é verdade, Deus revela o
quanto nos ama, e como, através do Cristo vitorioso, prepara a nossa salvação.
Apokálipsis em grego quer dizer revelação. O verbo apo-kalyptôo significa
revelar algo obscuro. O Appocalipse é um livro que retrata uma relação entre o
passado, o presente e o futuro. Ele se abre com a revelação de Jesus, como
Messias, a testemunha fiel e verdadeira, o Primogênito dos mortos, o Rei dos
Reis e o Senhor dos Senhores, o Libertador e aquele que criou, para o Pai, um
povo santo. Embora o autor chame o livro de profecia, alguns exegetas vêem nele
também um estilo semelhante às Epístolas do NT. Alguns estudiosos vêem no
Apocalipse uma releitura interpretativa que os cristãos do primeiro século
teriam feiito do AT. Na verdade, essa visão tem, de certa forma, algum
fundamento, pois o livro usa o evento do êxodo como protótipo das grandes libertações
que vêm de Deus. A escatologia do Apocalipse realiza-se privilegiadamente no
tempo presente. O incidente central do livro, transformador da história, é a
morte e a ressurreição de Jesus. A revelação centra sua pregação na presença do
ressuscitado, que ocorre no mundo e na história. O Apocalipse une escatologia e
política, práxis e mito, consciência e transformação histórica. A mensagem dos
mártires vencendo a Besta, por exemplo, é uma lição de fé e libertação. O livro
foi escrito no tempo em que a Igreja se instaurava. O cristianismo foi, desde o
início, um movimento profético-apocalíptico... O Apocalipse não tem uma exegese
padrão, uniforme e consolidada. Existem teorias de interpretação bem diversas,
algumas até opostas. É preciso ir com cuidado e observar as diversas
fontes") (SA) [Visões - Cristo - Igreja - Cartas à Igreja - Mundo - Selos
- Trombetas - Mulher vestida de sol - Anticristo - Povo do cordeiro - Sete
taças - Ira de Deus - Consumação final - Cristo vencedor - Celebração da vitória
- Jerusalém celeste - Atos 1,1-8 - Atos 1,9-3,22 - Atos 4,1-16,21 - Atos
17,1-20,15 - Atos 21,1-27 - Atos 22,1-5 - Atos 22,6-21 - Atos 22,16-21]
THOMPSON, Alvin. G. K.
Beale, The Book of Revelation (New
International Greek Testament Commentary; Grand Rapids: William B. Eerdmans
Publishing Company, 1999), 1245 págs. In:
Revista Kairós. Seminario Teológico Centroamericano, Guatemala, Guatemala,
2002. n.30, p.128-129 (Una reseña; "en este comentario masivo sobre el
Apocalipsis Beale ha creado un recurso valioso para los estudiantes serios.
Aunque el comentario de Beale (así como otros libros de esta serie) tiene su
base en el texto griego, no llega a ser tan técnico como para resultar
ininteligible a los que tienen poco conocimiento del griego... Aunque no se aconseja
que el libro de Beale sea su único comentario sobre Apocalipsis, los
estudiantes serios de Apocalipsis hallarán en este volumen una herramienta de
mucho valor") (SA) [Reseña]
Apocalipse
2001
ADRIANO, José Filho. À queda da Babilônia em Apocalipse 18.
Uma crítica das relações comerciais de Roma. In: Revista Teológica Londrinense
- RTL. Seminário Teológico Reverendo Antônio de Godoy Sobrinho, Londrina/PR,
Brasil, 2001. n.1, p.107-130 (Leitura bíblico-teológica de Apocalipse 18 desde
uma ótica econômico-social. O pano de fundo que perpassa o artigo é o do
Império Romano e sua marcante presença em todas as províncias, incluindo a da
Ásia Menor. O artigo navega pelas águas turbulentas e agitadas do Apocalipse.
Relaciona um capítulo com outro e ambos com o contexto
social-político-econômico e religioso que está presente no livro todo) (DG)
[justiça de Deus - símbolos - cântico fúnebre - anjos - julgamento - lamento -
lamento dos reis - lamento dos marinheiros - Apocalipse 17,1 - Apocalipse 18,1
- Apocalipse 19,1 - apocalipse 18,1-24 -Apocalipse 17,1-6 - Apocalipse 17,8-14
- Apocalipse 17,7.15-18 - Apocalipse 16,19 - Ezequiel 26,15-18 - Ezequiel
27,1-8 - Ezequiel 27,26-36 - Apocalipse 18,1-3]
ÁLVAREZ
VALDÉS, Ariel. ¿Quién es la bestia del Apocalipsis? In: Actualidad Pastoral.
Actualidad Pastoral, Morón, Argentina, 2001. n.281-283, p.220-221 ("En
diversos momentos del libro del Apocalipsis, aparece la bestia así como la
descripción de su actividad en contra de los cristianos y de la iglesia de
Jesús. Pero son dos lugares claves para poder descifrar el misterio que
encierra su figura: los capítulo 13 y 17. En los dos el autor aporta los datos
suficientes para que el lector que no conozca el sentido de este símbolo, pueda
descubrirlo.... Adelantemos ya ahora el final: la bestia es, en el Apocalipsis,
nada más ni nada menos que el Imperio Romano") (SA) [simbología -
exploración]
FERNÁNDEZ,
Laurén y CASTILLO, Jaime. Signos de
esperanza. In: Revista de Interpretación Bíblica Latinoamericana - RIBLA.
RECU - Editorial Dei, Quito, Equador, 2001. n.39, p.130-143 (También en
portugués: In: Revista de Interpretação Bíblica Latino-Americana.
Petrópolis/São Leopoldo, 1998. n.39, p.139-153; "El imperio se ha
declarado la verdad última, se trata del fin de las alternativas y de las
utopías que no sean las suyas. Esta situación actual, ya era vivida por las
comunidades del Apocalipsis. La cotidianidad lo demostraba, era el ámbito en el
que de manera absoluta se expresaba el poder de Roma, no había alternativa
(esperanza), que pudiera ser oposición articulada. La experiencia cristiana de
tribulación y muerte, vivida desde la experiencia del Mártir muerto y
resucitado, logra volverse resistencia y esperanza salvando a la misma
cotidianidad del imperio de lo efímero. Las visiones de 1,9-19 y 12,1-18 son
una lectura - contemplación de la cotidianidad, que logran cambiar la
tribulación y muerte, en resistencia, y esperanza en el triunfo de la vida y de
la justicia") (SA) [Vida - Muerte - Desesperanza - Bien - Mal - Figuras -
Mujer - Monstruo - Batalla - Dragón - Persecución - Canto de victoria - Jesús -
Llaves de lectura - Vida de las comunidades - Visión]
GRINGS, Dadeus. A igreja de Cristo x plano pastoral. In:
Teocomunicação. Faculdade de Teologia e Ciências Religiosas da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul - PUC-RS, Porto Alegre/RS, Brasil, 2001. v.31,
n.131, p.13-20 ("Ao iniciarmos o estudo para o grande projeto pastoral,
que deve nortear, coordenar e harmonizar nossas atividades eclesiais,
abrimo-nos à voz do Espírito, para ouvir o que ele diz á nossa igreja, á
semelhança das mensagens dirigidas ás 7 igrejas da Ásia , exaradas nos
primeiros capítulos do Apocalipse". Aborda "A igreja do Pai
misericordioso"; "Igreja missionária" e "A igreja do
Espírito participativo") (SA) [trindade]
RIBEIRO,
Ricardo. La esperanza. In: Página
Valdense. Iglesia Evangélica Valdense, Paysandú, Uruguai, 2001. n.60, p.2 (Una
reflexión a partir de Apocalipsis 21,1: "la fe y la esperanza son las
guías provisorias que nos conducen a la práctica del amor") (SA)
SANTIAGO, William Soto. Entrando a tempo na arca da salvação. 1.ed., Missão
Apocalíptica Internacional, São José dos Campos/SP, Brasil, 2001. 33p.
(Reflexão bíblico-pastoral - inspirada no capítulo 7 do livro do Apocalipse. O
autor oferece uma análise bíblica e uma proposta de atualização para os/as
cristãos/as que procuram no texto bíblico iluminação para sua vida. Exemplos da
vida cotidiana enriquecem o texto e o aproximam do leitor/ª) (DG) [ -
Apocalipse 7,1-17 - Apocalipse 19,7-10 - Efésios 2,19-22 - Hebreus 3,5 - 2
Coríntios 3,10-11 - Mateus 25,10-13 - Lucas 21,36 - Lucas 14,11]
SAUER, Erich. O triunfo do crucificado. In: A Candeia.
Editora Conhecer a Bíblia, Gramado/RS, Brasil, 2001. v.14, n.53, p.1065-1066
(Reflete a partir de Apocalipse 13: escreve "acerca da natureza do sistema
anticristão") (SA) [linguagem - profecia bíblica]
Apocalipse
2000
CÁRDENAS
PALLARES, José. Carlos Mesters y equipo de la CRB. El sueño del pueblo de Dios. Las comunidades y los movimientos
apocalípticos, México, Ed. Dabar, 1999, 352p. (Tu Palabra es Vida, 7). In:
Efemérides Mexicana. Universidad Pontificia de México, México DF, México, 2000.
v.18, n.53, p.253-258 (Quiere "compartir algunas reflexiones sobre este
libro tan interesante y tan desigual... A pesar del gran parecido entre el
portugués y el español la traducción es deficiente... El libro es de calidad
desigual, al grado que a veces parece estar escrito por mentes opuestas, hay
muchas inexactitudes... Al principio del libro hay unas orientaciones prácticas
para la lectura de la Biblia en común. Por lo general son muy valiosas. Se
trata de no leerla en un ficticio vacío histórico. Además, recomiendan estudiar
la situación en la que surgió el texto. Se invita a leerlo en un ambiente de
oración, con miras a un compromiso en la fe y en la misión, y expresar ese
compromiso en forma de ofertorio. Estas recomendaciones son el antídoto contra
un exégesis estéril. La guía a la lectura del Apocalipsis es excelente. Explica
a grandes rasgos el movimiento apocalíptico, aclara el contexto socioeconómico
en que surge el libro, hace notar los peligros del movimiento apocalíptico hoy
en día; en concreto, de cómo se distorsiona el mensaje de este libro")
(SA)
CUNHA, Elenira. Maravilhar-se com mulher? Por que não? Imagens
da mulher no livro do Apocalipse. In: Estudos de Religião. Universidade
Metodista de São Paulo - UMESP - Campus Rudge Ramos, São Bernardo do Campo/SP,
Brasil, 2000. v.14, n.19, p.175-183 ("A autora analisa imagens de mulheres
no livro do Apocalipse. Mostra como a mulher era vista como um ser que
prejudicava a pureza masculina e sua devoção a Deus - Apocalipse 14,1-5. Mas,
por outro lado, ela era vista como muito sedutora, digna do maravilhamento do
visionário - Apocalipse 17,1-7. Para uma religiosidade que requeria o ideal da
abstinência sexual, o simples 'olhar' para a mulher e maravilhar-se com ela
constituía-se em grande problema") (DG) [mulher - imagem de mulher -
renúncia sexual - sexualidade - literatura apocalíptica - leitura de gênero - Apocalipse
17,1-8 - Apocalipse 21,1-22,5 - Apocalipse 17,1-6 - Apocalipse 14,4]
FRIEDRICH, Nestor Paulo. Apocalipse 2-3: sete cartas? Uma análise literária. In: Estudos de
Religião. Universidade Metodista de São Paulo - UMESP - Campus Rudge Ramos, São
Bernardo do Campo/SP, Brasil, 2000. v.14, n.19, p.149-173 ("Este artigo
analisa o gênero literário de Apocalipse 2 e 3, mostrando que, apesar das
analogias judaicas e helenistas, trata-se de um texto sui generis, constituídas
de um misto de gêneros. Formalmente, as sete proclamações são muito semelhantes
aos antigos editos reais e imperiais; no que se refere ao conteúdo, possuem
características da profecia cristã-primitiva. Esta forma literária evidencia o
caráter polêmico da obra: o fato de ter emoldurado sua obra em uma estrutura
epistolar, inspirar-se nos profetas do Antigo Testamento e construir as sete
proclamações em analogia com editos imperiais indica que tinha em vista um
endereço concreto, uma situação específica e um momento histórico
peculiar") (DG) [gênero literário - cristianismo da Ásia Menor - promessa
- dimensão profética - Apocalipse 2,14-20 - Apocalipse 2,18-29 - Apocalipse
1,1-3 - Apocalipse 1,4-5b - Apocalipse 1,7 - Apocalipse 1,19-20 - Apocalipse
1,11 - Atos 21,11 - Amós 1,3-2,5 - Marcos 15,39 - Apocalipse 4-22 - Apocalipse
2,14-20 - Atos 2,14-26 - Atos 3,12-26]
HOEFELMANN, Verner. Como entender os símbolos do Apocalipse.
In: 22 perguntas e respostas da fé. Editora Sinodal, São Leopoldo/RS, Brasil,
2000. p.44-47 (Breve aproximação à
simbologia do Apocalipse e explicação de algum desses símbolos do livro)
(DG)
HOLMES,
Raymond. La adoración en el libro de
Apocalipsis. In: Theologika - Revista Bíblico-Teológica. Universidad Unión
Incaica, Lima, Peru, 2000. v.15, n.1, p.2-32 ("La adoración en el libro de
Apocalipsis - uno de los libros bíblicos donde más aparece el motivo de la
adoración es el Apocalipsis. De hecho el libro empieza con una escena de
adoración al resucitado por Juan y esta acción de adoración se manifiesta a lo
largo del libro llegando al clímax de la adoración cuando los redimidos los
hacen ante el trono de la deidad. El autor acertadamente menciona que la
adoración cristiana ha decaído tremendamente y sugiere que, ésta debe de seguir
los patrones bíblicos de adoración si es que los adoradores desean recibir las
bendiciones que realmente implican adorar 'en espíritu y en verdad'") (DG)
[adoración teocéntrica - liturgia - majestuosa - humillación - cordero -
Babilonia - remanente - Apocalipsis 1,17 - Apocalipsis 4,10 - Apocalipsis 5,14
- Apocalipsis 14,1-5 - Apocalipsis 13 - Apocalipsis 14,6-12]
MOURA, Arlindo. A desmistificação dos poderes bestiais -
Apocalipse 13. In: Estudos Bíblicos. Editora Vozes, Petrópolis/RJ, Brasil,
2000. n.68, p.89-101 (Estudo do capítulo 13 que busca, entre outros aspectos,
desmascarar a falsidade e as ilusões que as bestas e as bestinhas de ontem e de
hoje carregam em si, para se perpetuar e consolidar seu poder. "O presente
comentário, porém, não pretende abordar todo o livro do Apocalipse, mas, de
maneira peculiar, o capítulo 13, em que as imagens referidas acima são
destaques centrais... o capítulo 13 é dotado de uma simbologia extraordinária
formada por números e animais. Esses elementos são contributos que fazem ver o
destino final do dragão, das bestas e também daqueles que são por elas
perseguidos") (DG [dez chifres - dez diademas - besta - cordeiro - 666 -
dragão]
RUBEAUX, Francisco. "Caiu, caiu a Babilônia, a grande..."
- Apocalipse 18,2. In: Estudos Bíblicos. Editora Vozes, Petrópolis/RJ, Brasil,
2000. n.68, p.80-88 ("A partir do capítulo 18 do Apocalipse, ele nos
mostra que o desafio é não cair nas ciladas e ilusões de força e poder das
bestas imperiais, que se renovam a cada etapa da história, mas conseguir
resistir na vivência de algo alternativo e novo, com fé na vitória final, que
será do Cordeiro e de seus seguidores!") (DG) [sistema econômico romano -
império romano - Apocalipse 13 - Apocalipse 18,9-10 - Apocalipse 18,11-16 -
Apocalipse 18,17-20]
SANTIAGO, William Soto. A materialização do céu na terra. 1.ed., Missão
Apocalíptica Internacional, São José dos Campos/SP, Brasil, 2000. 27p. (Estudo
sobre o livro de Apocalipse. Centra sua atenção no capítulo 21,1. A chave de
leitura ou o tema é: "A materialização do céu na terra". São 27
páginas onde é apresentada a riqueza do capítulo 21 do livro de Apocalipse que
trata da Nova Jerusalém) (DG) [lágrima - livro da vida - Cordeiro - milênio -
Espírito Santo - Verbo - templo - cidade - imortal - profeta - reino de Deus -
cavalo - Apocalipse 5,21 - Apocalipse 19,11 - Apocalipse 19,11-21 - Apocalipse
17,14 - Apocalipse 7,14].
SAUER, Erich. O triunfo do crucificado. In: A Candeia.
Editora Conhecer a Bíblia, Gramado/RS, Brasil, 2000. v.13, n.51, p.1027-1030
(Estuda "O sistema do Anticristo" a partir de Apocalipse 13;
"conforme o Apocalipse 13 o Anticristo virá como cabeça de um sistema
humano que é inimigo de Deus, em oposição e imitação aberta à trindade
divina") (SA)
SILVA, João Artur Müller da
(editor). 22 perguntas e respostas da fé. Editora Sinodal, São Leopoldo/RS,
Brasil, 2000. 94p. (Breve aproximação à
simbologia do Apocalipse e explicação de algum desses símbolos do livro)
(DG)
STAM,
Juan. Los siete mundos de Juan de Patmos.
In: Signos de Vida. Consejo Latinoamericano de Iglesias - CLAI - Ecuador, Quito,
Equador, 2000. n.16, p.29-33 (Presenta los siete mundos de Juan de Patmos:
"El mundo del imperio romano"; "El segundo mundo de Juan es el
mundo de las escrituras hebreas"; "El tercer mundo de Juan era el de
literatura apocalíptica"; "El mundo de Qumran enriquecía también el
pensamiento de Juan de Patmos"; "Otro mundo tangencial al Apocalipsis
es el de la tradición rabínica"; "Otro mundo que definitivamente
habitaba Juan de Patmos era el mundo de la liturgia, tanto judía como cristiana"
y "Finalmente, otro mundo en que vivía Juan de Patmos, y donde tendremos
que entrar si queremos compartir sus visiones y su mensaje, es el mundo de la
imaginación") (SA)
SZCZERBACKI, Rubens. Revelando os mistérios do Apocalipse. 2. ed., Editora Betel, Rio de Janeiro/RJ, Brasil,
2000. 342p. (A 1a. impressão é de 1986; "é um livro de
contornos simples e uma ferramenta para que o cristão não encare o Apocalipse
como um filme de terror, mas como parte integrante das Escrituras Sagradas. É
um livro onde, versículo por versículo, o autor explica os fundamentos de
palavras, signos e figuras, de modo a servir como fonte de consulta tanto para
estudiosos em escatologia como para leigos em geral. O Apocalipse é um livro de
consumação, pois revela o plano final de Deus para a igreja e para Israel... O
objetivo é desmistificá-lo a partir de uma visão histórico-judaico-profética,
conclamando o povo de Deus a assumir uma postura responsável diante do seu
Senhor para uma vida santa e piedosa, a fim de não passar pelo tempo de grande
angústia reservado brevemente para este planeta"; divide o livro em
diversos capítulos: "1 - As coisas que tens visto"; "As coisas
que são - Introdução"; "2 - Carta às igrejas em Éfeso, Esmirna,
Pérgamo e Tiatira"; "3 - Carta às igrejas em Sardes, Filadélfia e Laodicéia";
"4 a 22 - Introdução"; "4 - A visão do trono da majestade
divina"; "5 - O livro selado com sete selos"; "6 - A
abertura dos seis primeiros selos"; "7 - O ministério dos 144 mil
israelitas"; "8 - O sétimo selo - As quatro primeiras
trombetas"; "9 - A quinta e a sexta trombetas"; "10 - O
livrinho doce amargo"; "11 - As duas testemunhas e a sétima
trombeta"; "12 - A mulher e o dragão"; "13 - As duas
bestas"; "14 - O evangelho eterno - A ceifa e a vindima";
"15 - Os sete anjos com as sete taças cheias das últimas pragas";
"16 - As sete taças são derramadas"; "17 - A queda de Babilônia
espiritual"; "18 - A destruição de Babilônia mística: Roma";
"19 - Alegria e triunfo nos céus - A vitória de Cristo"; "20 -
Satanás é amarrado por mil anos - O juízo final"; "21 -O novo céu e a
nova terra - A Nova Jerusalém"; "22 - O rio da água da vida -
Admoestações e promessas finais - Conclusão" e o "Apêndice - Os cinco
anjos dos continentes") (SA).
Notas
[1] Jorge Pinheiro é doutor e mestre em Ciências da Religião pela Universidade
Metodista de São Paulo/ UMESP, teólogo
pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo, professor de Teologia e História
na Faculdade Teológica Batista de São Paulo e pastor auxiliar na Igreja Batista
em Perdizes.
[2] O mistério das sete estrelas, São Leopoldo, Sinodal, 1997.
[3] Chifflot, Th.- G / Vaux R. De, La Sainte
Bible, Les Editions Du Cerf, Paris, 1973. Tradução: A
Bíblia de Jerusalém, Ed. Paulinas, SP, 1985, pág. 1347.
[4] Ibidem, pág. 787.
[5]Escrito de Damasco capítulo 4, Qumran, caverna 1. Analisando o texto
de Gênesis 1:27, o Escrito de Damasco interpreta a relação entre Adão e Eva
como modelo para o casamento. E diz que em toda sua vida o homem só deve ser
casado uma vez. Após a morte de um dos cônjuges, o outro não pode casar de
novo. In Berger, Klaus, Qumran e Jesus, Editora Vozes, Petrópolis, 1994, pág.
75-77.
[6]Conforme Escrito de Damasco; Regra da Seita caverna 1; 4 Q 414
(textos da caverna 4, segundo versão de R.H. Eisenmann e M. Wise, The Dead Sea
Scrolls Uncovered, 1992); e Rolo da Guerra, caverna 1. A Regra da Seita 4:
21-22 diz: “Ele derramará sobre eles o Espírito da Vida como água purificadora
para a purificação de todos os males”. In Berger, Klaus, obra citada, pág. 69.
[7]Em 4 Q 521, fragmento 1, coluna 2, linha 6, o texto afirma, depois
de nomear o Messias: “E o seu Espírito vai parar sobre os humildes, e ele
restabelecerá os fiéis com seu poder”. In Berger, Klaus, op cit, p. 105.
[8]2 Macabeus 7; Daniel 12:2-3; Escrito de Damasco 4:4.
[9]”O Espírito Santo desceu sobre o seu Messias”. 2 Q 287 3:13. “Céu e
terra pertencerão ao meu Messias (...) e tudo o que neles há. Ele não se
afastará dos mandamentos dos santos (linha 6) e o seu Espírito estará sobre os
humildes e os crentes serão fortalecidos por seu poder”. 4 Q 521 (fragmento 1,
coluna 2). “O Messias da justiça, o rebento de Davi”. 4 Q 252. “Assim ele
(Deus) o glorificou, quando tu te santificaste para ele, quando ele te tornou
um santo dos santos (...) ele decidiu sobre o teu destino e em muito
multiplicou a tua glória, e te tornou primogênito para ele eternamente”. 4 Q
416 1:4-5. In Berger, Klaus, obra citada, págs. 90-92, 96-97.
[10] Irineu, bispo de
Lion, na Gália, no segundo século escreveu: “Ele (o Apocalipse) surgiu não faz
muito tempo, perto do fim do reinado de Domiciano, quase na nossa geração”.
(Contra Heresias, V.xxx.iii). Vitorino (no terceiro século) escreveu: “Quando
João escreveu estas coisas ele estava na lha de Patmos, condenado por César
Domiciano a trabalhar nas minas”. (Comentário ao Apocalipse 10:11).
[11] Louis Monloubou
e Dominique Bouyssou, Encontro com
a Bíblia, Novo Testamento, São Paulo, Editora Lumen Christi, pp. 96-102.
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